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Repórter Brasília

- Publicada em 22 de Janeiro de 2018 às 23:03

Políticos 'caras de pau'


MARCO QUINTANA/Arquivo/JC
Cara de pau é a expressão idiomática do momento. Pouco antes de ser sabatinado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro Paulo Brossard (foto) dizia a amigos que reclamavam de sua retirada em momentos tão densos da vida pública brasileira, que deixava a vida política porque não saberia suportar uma campanha de difamação nos moldes a que o modelo do "denuncismo" estava levando o País. O jornalista José Antônio Severo nos lembra da postura do velho tribuno gaúcho, que dizia que aquela fórmula (dossiê repórter investigativo político na tribuna linchamento midiático) se tornaria uma ameaça insuportável. Qualquer homem público estaria exposto à execração sem defesa consequente, pois o próprio esvaziamento de denúncias fabricadas inviabilizava a defesa e a retratação. Uma fórmula maldita, dizia o parlamentar, justificando-se por que saía dos plenários e dos palanques para uma participação protegida no STF. Agora, certamente, Brossard acrescentaria as "fake news", notícias falsas, que navegam cada vez mais na turbulência da internet.
Cara de pau é a expressão idiomática do momento. Pouco antes de ser sabatinado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro Paulo Brossard (foto) dizia a amigos que reclamavam de sua retirada em momentos tão densos da vida pública brasileira, que deixava a vida política porque não saberia suportar uma campanha de difamação nos moldes a que o modelo do "denuncismo" estava levando o País. O jornalista José Antônio Severo nos lembra da postura do velho tribuno gaúcho, que dizia que aquela fórmula (dossiê repórter investigativo político na tribuna linchamento midiático) se tornaria uma ameaça insuportável. Qualquer homem público estaria exposto à execração sem defesa consequente, pois o próprio esvaziamento de denúncias fabricadas inviabilizava a defesa e a retratação. Uma fórmula maldita, dizia o parlamentar, justificando-se por que saía dos plenários e dos palanques para uma participação protegida no STF. Agora, certamente, Brossard acrescentaria as "fake news", notícias falsas, que navegam cada vez mais na turbulência da internet.
Apedrejamento nas ruas
Paulo Brossard dizia que nenhum homem de vergonha poderia se submeter a tais perigos, pois, vaticinava, dali se chegaria ao apedrejamento nas ruas. Sua formação impedia-lhe de sofrer tais humilhações sem reagir à altura, o que seria pior do que tudo. Melhor sair de cena. E concluía: "somente isto que vocês (jovens) chamam de 'cara de pau' para se submeter calado às ofensas de velhas histéricas no meio da rua".
Sem medo das pedras
Pois Brossard não imaginava que essa cena chegaria, mais ainda, pegaria um ministro do Supremo e, pior ainda, no exterior. Filmada e gravada, viralizada nas mídias sociais, reproduzida na imprensa sem que qualquer chefe de reportagem mandasse um repórter averiguar se haveria alguma coisa por trás daquela cena tão bem produzida, as turistas de Lisboa cumprem o vaticínio do jurista gaúcho. Aí vêm as eleições, e os "caras de pau" sem medo de entrar em aviões ou circular nas ruas debaixo de xingamentos a se proporem candidatos a mandatos.
Sindicalismo industrialista
A geração dos 1970 rompeu com o pior legado do autoritarismo varguista, que era a inflação endêmica, a que um desenvolvimentismo curioso atribuía virtudes socioeconômicas. Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, os jovens daquela turma dos democratas, completaram a obra e entregaram o poder ao sindicalismo industrialista e à intelectualidade acadêmica. Esta geração, entretanto, ainda não disse a que veio e corre o risco de entregar o País a seus sucessores mergulhado num apagão fiscal como nunca o Brasil viu, nem mesmo nos tempos de Dom Pedro I, quando se criou do nada um Estado que logo se revelou inadimplente. Até o Banco do Brasil quebrou. Aqui não se fala de esquerda nem de direita, mas de uma geração inteira que se enrola em debates surrealistas e não resolve nada. Os municípios, os estados e, logo em seguida, a União vão, um a um, caindo na fogueira, enquanto isto. Na insanidade, levarão por água abaixo, ao fundo do poço, a economia vigorosa, que parece indiferente a tudo isto e continua bombando. Abram-se os olhos, pois em política não existem espaços vazios. Que nos reservam as urnas de outubro? É só esperar para conferir.
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