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- Publicada em 18 de Janeiro de 2018 às 23:39

Autobiografia desautorizada de Jô Soares

Fragmento da capa original do livro

Fragmento da capa original do livro


/REPRODUÇÃO/JC
Jô Soares nasceu em 16 de janeiro de 1938, no Hospital Alemão do Rio de Janeiro. Morou no anexo do Copacabana Palace, estudou na Suíça, passou férias em Paris e, aos 13 anos, conheceu Nova Iorque, então já capital do mundo, templo do jazz, da riqueza internacional e das novidades. Depois da adolescência, as finanças da família claudicaram, e Jô se mudou para um pequeno apartamento em Copacabana. Ao invés de entrar para a carreira diplomática ou ser advogado, Jô começou a se apresentar em casas noturnas, tocando bongô e contando histórias e piadas, para defender um dinheirinho e aprender a ser artista.
Jô Soares nasceu em 16 de janeiro de 1938, no Hospital Alemão do Rio de Janeiro. Morou no anexo do Copacabana Palace, estudou na Suíça, passou férias em Paris e, aos 13 anos, conheceu Nova Iorque, então já capital do mundo, templo do jazz, da riqueza internacional e das novidades. Depois da adolescência, as finanças da família claudicaram, e Jô se mudou para um pequeno apartamento em Copacabana. Ao invés de entrar para a carreira diplomática ou ser advogado, Jô começou a se apresentar em casas noturnas, tocando bongô e contando histórias e piadas, para defender um dinheirinho e aprender a ser artista.
O livro de Jô - Uma biografia desautorizada (Companhia das Letras, 478 páginas), de Jô Soares e Matinas Suzuki Jr., volume I (o segundo deve ser lançado neste 2018), narra a grande trajetória do tocador de bongô, autor, ator e diretor de teatro, romancista, humorista, pintor e apresentador de TV, que segue ativo, lúcido e multimídia. Jô já vendeu impressionantes 1,3 milhão de exemplares de seus livros.
O texto trata da vida e da obra de Jô no teatro, na vida noturna, no cinema e, especialmente, na televisão. O artista atuou e atua tanto no mainstream, nas grandes redes de TV e de rádio, como SBT e Globo, quanto em filmes e peças teatrais fora das grandes estruturas de entretenimento. Jô entende que são válidos os dois universos de comunicação e nunca viu problema em trabalhar nos dois.
A vida de Jô se confunde com momentos históricos nacionais, como o suicídio de Vargas e o período militar pós-1964, e com a história da música, do cinema, do teatro e da televisão, desde o início dos anos 1950 até o momento. Nas páginas do livro, desfilam centenas de histórias sobre atores, cantores, diretores, homens de jornal, TV e rádio - o leitor acompanha, com a inteligência e o humor de Jô, o desenvolvimento da comunicação artística no Brasil e episódios engraçados envolvendo ricos e famosos. Nas últimas páginas, o artista fala sobre a primeira esposa e o filho único, autista, que faleceu há poucos anos.
Não por acaso, o livro já faz muito sucesso. É o mais vendido da lista da Veja. O ritmo veloz da narrativa, com tom jornalístico e textos curtos, os fatos, personalidades e anônimos, e as fotos que estão na obra, o rico percurso de Jô, os dados sérios e o humor na dosagem certa justificam o sucesso do livro.

Lançamentos

  • Press Advertising - Edição 182 (dirigida e editada pelo jornalista Julio Ribeiro, com textos de Marcelo Beledeli) traz grande e bela entrevista com Patrícia Comunello -Jornalista do Ano do Prêmio Press - sobre carreira e jornalismo; matérias de capa sobre mulheres no jornalismo e freelance na publicidade, e artigos sobre Rubem Braga e Haddon Sundblom, inventor do Papai Noel moderno. Cobertura completa do Prêmio Press 2017 também na edição.
  • Tempo em equilíbrio - Entre Paris e Singapura (Fontenele Publicações, 304 páginas), de Ricardo Lugris, executivo internacional na área de aviação, narra com minúcias e intensidade o percurso de motocicleta, de quase 35 mil quilômetros, por terras distantes em uma obstinada direção leste. "Deixar ampla margem para o improviso e para o imprevisto faz parte da aventura humana numa viagem e, sobretudo, da descoberta de seu entorno e de nossos próprios limites", escreve o autor.
  • Evasivas admiráveis - Como a psicologia subverte a moralidade (É Realizações, 102 páginas), do médico psiquiatra e ensaísta londrino Theodore Dalrymple, explica por que a autocompreensão humana não foi melhorada pelas falsas promessas das diferentes escolas de pensamento psicológico. As teorias sobre comportamento humano são excessivas simplificações e afastam as pessoas de pensarem por si próprias. Para o autor, a literatura é uma janela muito mais iluminadora do que julga a psicologia.

O feijão e o sonho

O feijão e o sonho é um romance de Orígenes Lessa que trata do casal Juca e Maria Rosa. Ele, poeta, sonhador, quer viver de literatura, e ela vive assoberbada com as tarefas da casa e a criação dos filhos. A narrativa foi adaptada para novela na Rede Globo em 1976, com Claudio Cavalcanti e Nívea Maria nos papéis dos protagonistas. As fases da vida do casal são abordadas: o início romântico, o casamento, os filhos, as eternas dificuldades financeiras de classe média e o final, com o único filho homem do casal pretendendo ser igual ao pai, que, dando aulas e escrevendo para jornais, com ganhos escassos, tentou sustentar a família.
Lembro do romance depois do programa de TV sobre pesquisa da Pucrs a respeito de hábitos e planos dos jovens de hoje. Aumentou o número de jovens que dão mais importância para carreira e dinheiro do que para a felicidade. De um lado, é interessante ver a garotada de olho nos aspectos práticos da vida. De outro, é um pouco triste saber que os que priorizam felicidade estão diminuindo.
Coisas da vida, feita de sonho e realidade, de Dom Quixotes e Sancho-Panças, de pedra e estrelas. Busquei conciliar o feijão com o sonho. Na vida real, trabalhei mais de 40 anos como advogado e membro do Ministério Público do Trabalho. Quando jovem, pensava em escrever, viver de livros, de sonhos e fantasias. Pensei até em estudar Filosofia. O Manual do Candidato do Vestibular da Ufrgs me desanimou, dizendo que Filosofia era mais vocação do que profissão e que eu não compraria muito feijão sendo filósofo ou professor. De mais a mais, a Filô naquela época estava sem alguns grandes professores que tinham sido expurgados pelo regime militar.
Coloquei Direito na primeira opção, Jornalismo na segunda e Letras na terceira. Passei no Direito, e aí a escolha racional ficou. Fiz algumas cadeiras na Letras e depois segui o Direito, como advogado e procurador do Trabalho. Filho de imigrantes italianos, pesou o exemplo de se virar na real e a ideia de ganhar uns pilas de dia e ser literato de noite e fins de semana. Escrevi dois livros, já participei de umas 30 antologias de crônicas e contos e colaboro com jornais há 42 anos. Estou casado há 37 anos, sou pai de duas filhas, uma de 23 e outra de 28 anos. Já plantei muitas árvores.
Tentei misturar sonhos de Literatura com a realidade do Direito. Não sei se faria a mesma coisa hoje. Virada a página do Direito, agora estou envolvido com literatura, Conselho de Cultura, jornalismo e dou uma de cantante em alguns bares da noite ou onde pintar microfone ou chance de soltar a voz.
Nem sempre dá para conciliar felicidade, emprego e vida real. Poucos têm realmente prazer e amor pelo trabalho que fazem. A maioria segue disciplinada, trabalhando, aguardando o dia da aposentadoria, quando, quem sabe, irá atrás de sonhos de infância e juventude, se tiver. Nem todos têm grandes sonhos ou aspirações a uma vida "transcendental". Muitos jovens trocam duas ou três vezes de curso universitário, trocam estágios e empregos com muita frequência e vão atrás num mundo com muitas possibilidades e nem tantos empregos.
 

A propósito...

Hoje em dia, parece que tem mais trabalho do que emprego, embora a grana ande escassa nos dois casos, com exceção de alguns cargos públicos e algumas carreiras de profissional liberal ou para quem pode ter negócios próprios. O convite ao empreendedorismo está aí. As micro e médias empresas são as que mais empregam no Brasil, algo em torno de 84%. Tomara que o governo auxilie os empreendedores e pequenos e médios empresários. O dia tem 24 horas: oito para trabalhar, oito para descansar e oito para se divertir. Há espaço para felicidade e para trabalho. Se juntar os dois nas mesmas horas, o que é raro, melhor. Se não der, faça seu melhor possível, vivendo com harmonia entre o feijão e o sonho. (Jaime Cimenti)