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JC Contabilidade

- Publicada em 27 de Janeiro de 2018 às 11:01

MEI provoca rombo no caixa do INSS, diz Ipea

MEI formaliza trabalhadores por conta própria, mas gera desequilíbrio bilionário no INSS

MEI formaliza trabalhadores por conta própria, mas gera desequilíbrio bilionário no INSS


JONATHAN HECKLER/JC
O programa de Microempreendedor Individual (MEI) gera um desequilíbrio bilionário e injustificado na Previdência. Essa é a conclusão de estudo divulgado  pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O programa, prestes a completar 10 anos, foi criado com o objetivo de facilitar a formalização de trabalhadores por conta própria.
O programa de Microempreendedor Individual (MEI) gera um desequilíbrio bilionário e injustificado na Previdência. Essa é a conclusão de estudo divulgado  pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O programa, prestes a completar 10 anos, foi criado com o objetivo de facilitar a formalização de trabalhadores por conta própria.
Em troca do CNPJ, o MEI paga mensalmente uma taxa de pouco mais de R$ 50,00, que corresponde R$ 1,00 de ICMS ou R$ 5,00 de ISS (dependendo da atividade) mais 5% do salário-mínimo, a título de contribuição previdenciária. Essa alíquota é muito inferior àquelas cobradas em outras categorias de contribuição para a Previdência.
Tomando como base os MEIs que fizeram ao menos uma contribuição ao INSS em 2014, o resultado é um déficit bilionário que pode chegar a R$ 464,7 bilhões entre 2015 e 2060, diz o estudo. "A regra do MEI é muito desequilibrada, porque a alíquota é baixa, muito pouco em relação ao que ele vai receber de benefício. É uma contribuição quase simbólica", diz Rogério Nagamine Costanzi, autor do trabalho.
Há, portanto, um enorme subsídio para a manutenção do programa. Isso faria sentido, argumenta Nagamine, caso o programa focalizasse a população de baixa renda. Isso não é o que se verifica na realidade, contudo. Com base em dados do IBGE de 2014, o pesquisador calculou o rendimento médio mensal do MEI em R$ 2.532,00 - acima da média geral da população ocupada (R$ 1.632,00) e dos "conta própria" (R$ 1.453,00).
Um agravante seria a elevação do teto de faturamento do MEI em 2018 para R$ 81 mil por ano, o que equivale a R$ 6.750 por mês - patamar elevado para o padrão de rendimento médio do Brasil. Os MEIs também estão acima da média da população em termos de escolaridade. Segundo o estudo, 16,2% dos beneficiários do programa tinham Ensino Superior completo, percentual superior ao observado entre empregados do setor privado (14,8%) e trabalhadores por conta própria que não eram inscritos no programa (10,2%). Isso sugere que o MEI pode estar estimulando a "pejotização", afirma Nagamine, processo em que um trabalhador usa uma pessoa jurídica para mascarar uma relação de emprego.
Esse não é o primeiro estudo a questionar a eficácia do programa. O professor da FGV Rudi Rocha, em estudo com outros dois economistas, concluiu que o efeito do MEI sobre a formalização é modesto, e só ocorreu de fato quando a alíquota de contribuição caiu de 11% para 5%. "A interpretação que fazemos é que o programa só funciona como subsídio para a Previdência", diz Rocha.
Procurada, a Secretaria Especial de Micro e Pequena Empresa (Sempe), vinculada ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, afirmou em nota que "a Previdência passa a contar com os recolhimentos desses microempreendedores, ante uma situação anterior de completa informalidade".
Questionada sobre o limite de faturamento elevado, a Sempe afirmou que trata-se da receita bruta do beneficiário no ano - dela ainda serão descontadas as despesas com o negócio, o que resultaria em um lucro menor. O MEI chegou a cerca de 7,7 milhões de inscritos no Brasil em dezembro de 2017, mas com elevada inadimplência. 
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