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Empresas & Negócios

- Publicada em 02 de Janeiro de 2018 às 09:37

Fusões entre bancos crescem

fusões e aquisições

fusões e aquisições


/freepik/divulgação/jc
A recuperação da economia, em um cenário de juros mais baixos, deve levar a um movimento de concentração ainda maior no setor bancário brasileiro. Sem a eficiência dos grandes bancos para aumentar o volume de empréstimos e com menor nível de rentabilidade e eficiência, os bancos de pequeno e médio portes estão expostos a uma onda de fusões e aquisições, aponta estudo da empresa de classificação de risco Austin Rating, que espera uma intensificação desse movimento nos próximos cinco anos. "Com a Selic a 7%, as operações de tesouraria com títulos públicos ficam menos rentáveis, e os bancos terão de emprestar mais para o varejo. As instituições pequenas e médias têm menos capilaridade, maiores custos operacionais e menor rentabilidade. Muitas devem se fundir ou ser compradas", analisa Alex Agostini, economista da Austin Rating e responsável pelo estudo.
A recuperação da economia, em um cenário de juros mais baixos, deve levar a um movimento de concentração ainda maior no setor bancário brasileiro. Sem a eficiência dos grandes bancos para aumentar o volume de empréstimos e com menor nível de rentabilidade e eficiência, os bancos de pequeno e médio portes estão expostos a uma onda de fusões e aquisições, aponta estudo da empresa de classificação de risco Austin Rating, que espera uma intensificação desse movimento nos próximos cinco anos. "Com a Selic a 7%, as operações de tesouraria com títulos públicos ficam menos rentáveis, e os bancos terão de emprestar mais para o varejo. As instituições pequenas e médias têm menos capilaridade, maiores custos operacionais e menor rentabilidade. Muitas devem se fundir ou ser compradas", analisa Alex Agostini, economista da Austin Rating e responsável pelo estudo.
O levantamento mostra que a rentabilidade sobre o patrimônio, indicador que mede a capacidade da instituição de gerar valor com seus recursos e os de seus investidores, dos grandes bancos ficou em 13%, na média, no primeiro semestre do ano, enquanto nos pequenos o índice foi a metade: 6,3%. Já as despesas operacionais, com pessoal e tributárias dos pequenos foram, em média, de 16,9% no mesmo período, enquanto nos grandes chegou a 12,3%. A amostra analisada pela Austin incluiu dados de 115 pequenas e médias instituições e de oito grandes bancos.
"Os bancos pequenos e médios são menos competitivos por atuar em diversas frentes de negócios. Aqueles que se especializaram em um nicho de mercado, como crédito consignado, têm mais chances de sucesso", diz Agostini.
O cenário fica ainda mais complicado porque alguns desses pequenos e médios bancos apresentaram prejuízos com a crise que atingiu o País, lembra o especialista em bancos da consultoria Lopes Filho & Associados, João Augusto Salles. Ele observa que uma parte dessas instituições atua com empréstimos para pequenas e médias empresas, segmento que teve o caixa bastante afetado pela recessão. "Muitos elevaram suas provisões para devedores duvidosos, o que resultou em prejuízo."
O aumento de provisões para devedores duvidosos teve impacto negativo no balanço do banco Indusval, focado em empréstimos a médias e grandes empresas. O banco registrou um prejuízo de R$ 74,9 milhões no terceiro trimestre deste ano, mais que o triplo da perda registrada no mesmo período do ano passado. O resultado, segundo analistas, foi influenciado pelo aumento de 130% nas despesas com provisão contra calotes, que somaram R$ 66,5 milhões no período. O Indusval tem mudado sua estratégia, concentrando os empréstimos em tíquetes menores e no setor do agronegócio, que sofreu menos com a crise.
Já o banco Pine, também especializado no atendimento a empresas, teve um prejuízo de R$ 244 milhões no terceiro trimestre, também influenciado pelo aumento de R$ 391 milhões em provisões no trimestre. O banco informou que decidiu fazer uma reavaliação do desempenho dos clientes. Tanto o Indusval quanto o Pine estão trazendo um braço digital para aumentar sua captação. "Há uma mudança de estratégia nas operações de alguns bancos pequenos e médios, que começam a caminhar para se tornarem mais digitais. Aqueles que não se tornarem digitais têm mais chance de ser comprados", diz Salles.
A Associação Brasileira de Bancos Comerciais, que representa os bancos de menor porte não se pronunciou. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) não se posicionou. O Banco Central (BC) também não se pronunciou. Outro fator que deve impactar os pequenos e médios bancos, segundo Agostini, são as mudanças que podem limitar a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), espécie de seguro para o investidor na compra de títulos bancários em caso de quebra de instituições financeiras. A proposta em pauta limita a garantia a R$ 1 milhão por CPF em caso de quebra da instituição.
Atualmente não existe um limite, apenas um teto de R$ 250 mil por instituição, o que possibilita ao investidor ter várias aplicações com esse valor em diversos bancos, todas asseguradas pelo Fundo Garantidor. Os bancos pequenos e médios usaram a garantia do FGC para atrair clientes com retorno mais generosos, de até 120% do CDI frente aos 90% a 95% oferecidos pelas granes instituições. O Conselho Monetário Nacional terá que aprovar a mudança, além do próprio BC.
Além do cenário econômico adverso, as pequenas instituições bancárias também começaram a sofrer concorrência das chamadas fintechs, startups do setor financeiro que buscam inovações em seus serviços e que já faturaram mais de R$ 450 milhões em 2016, diz Alex Agostini, da Austin Rating. Esse grupo de fintechs ainda é pequeno, mas tem conquistado novos clientes com isenção de tarifas, crédito liberado com mais facilidade e menos custos operacionais, já que a maioria opera via internet e sem agências físicas.
O movimento de fusões e aquisições que os bancos pequenos e médios devem experimentar nos próximos anos, previsto pela Austin Ratings, vai concentrar ainda mais o setor bancário, com prejuízo aos consumidores, analisa Miguel Ribeiro de Oliveira, economista da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac). O setor já vem se concentrando nos últimos anos. Segundo a Austin Rating, havia 269 bancos no país em dezembro de 94. Em outubro de 2017, eram 175 instituições. 
"Já temos um sistema bancário concentrado, em que os cinco maiores bancos dominam 80% dos ativos e dos clientes. O resultado é que mesmo com a queda da Selic, as taxas de juros das linhas de empréstimos continuam elevadas. A do cartão de crédito, por exemplo, continua em mais de 300% ao ano."
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