O presidente Michel Temer (PMDB) vai reunir amanhã os grandes ícones do agronegócio brasileiro, numa cerimônia no Palácio do Planalto. O presidente quer conferir a comenda "Apolônio Salles", a mais alta condecoração da agricultura nacional, aos ex-titulares do Ministério da Agricultura (Mapa), mas com destaque para os quatro "fundadores" da moderna agropecuária no País. São dois gaúchos, um mineiro e um paulista, representando as áreas mais dinâmicas do agribusiness brasileiro, geradoras de know how e de recursos humanos para o desenvolvimento da chamada Nova Fronteira Agrícola, no Centro-Oeste.
Herança dos ex-ministros
Blairo Maggi quer destacar feitos da agropecuária. Foto: Marcelo Camargo/ABR/JC
São eles: os professores de agronomia Luiz Fernando Cirne Lima e Alysson Paulinelli, o professor de Economia Marcus Vinícius Pratini de Morais e o professor da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues. Invocar a herança dos ex-ministros é uma forma de o atual titular do Mapa, senador Blairo Maggi, atrair a atenção para os grandes feitos da agropecuária como pilar da economia do País. Os agraciados marcaram os principais períodos de desenvolvimento da agricultura, segundo o conceito moderno do agronegócio, conseguindo, com isto, converter um país dependente e importador de alimentos em produtor e grande fornecedor mundial.
Criador da Embrapa
Os agraciados são parte fundamental desse processo: Cirne Lima foi o criador da Embrapa, uma empresa de ciência e tecnologia que contornou os obstáculos burocráticos que maneavam a pesquisa e fomento do setor. Com isto o Brasil criou tecnologia para cultivo das terras de climas tropicais, como o Centro-Oeste e o cerrado, especialmente, que antes figuravam como solos desprezíveis, converteram-se em grandes áreas produtoras; Paulinelli deu continuidade à Embrapa e na sua gestão a empresa converteu-se em referência mundial.
Brasil nos mercados mundiais
Já Pratini de Morais, economista originário do setor exportador, levou a produção brasileira aos mercados mundiais, convertendo um país que historicamente só participava dos mercados mundiais de commodities como café, cana de açúcar, cacau e outros produtos de culturas permanentes em supridor de alimentos; Roberto Rodrigues foi o ministro do chamado "boom" das commodities, quando o Brasil assumiu a liderança mundial em quase todos os seus produtos agropecuários.
Salada indigesta
O segmento do agronegócio, entendido como a produção de commodities para os mercados nacional e internacional, considera-se sob graves ameaças, segundo o ex-ministro Roberto Rodrigues. Pela instabilidade da situação, o ex-ministro faz uma metáfora: a ceia de Natal dos produtores, neste ano, será uma "salada indigesta".
Insegurança jurídica
Dentre as ameaças, ele destaca a insegurança jurídica com uma provável derrubada do Código Florestal pelo STF, as taxações de insumos e de produtos, a disfunção da Lei Kandir, a portaria da Anvisa colocando em dúvida a sanidade dos produtos brasileiros e, principalmente, a "desinformação", que produz imagens negativas altamente prejudiciais ao posicionamento do setor. Os críticos dizem que o Brasil é o maior usuário de agrotóxicos do mundo. Rodrigues mostra que é o sétimo colocado, atrás de símbolos do ativismo, como Japão, Alemanha, França, Reino Unido e Estados Unidos.