O debate pela reforma da Previdência defendida pelo governo do presidente Mauricio Macri está elevando cada vez mais a tensão na Argentina. Depois dos violentos protestos no Congresso na quinta-feira passada, a Casa Rosada tentava ontem debater e votar o projeto na Câmara - o Senado já deu sinal verde. A decisão de Macri levou os principais sindicatos argentinos a avaliarem a convocação de uma greve geral. O resultado foi caos no transporte público e novos tumultos em Buenos Aires.
Vários voos foram cancelados, sobretudo no aeroporto metropolitano Jorge Newbery. O metrô também não funcionou. O governo ordenou redobrar a segurança no Parlamento, ciente do risco de novos incidentes. Mais de mil policiais cercaram o Congresso. Houve conflito entre as forças de segurança e grupos de manifestantes. Segundo a polícia, dez oficiais saíram feridos. Não havia dados sobre a quantidade de civis feridos.
O governo pensou em aprovar a reforma por decreto, mas acabou optando por uma nova tentativa de aprovação no Congresso. A previsão era de dificuldades em passar o projeto, já que a bancada kirchnerista, respaldada por partidos de esquerda, deixou claro que faria o possível para impedir a votação, que não havia sido realizada até o fechamento desta edição.
O projeto prevê várias mudanças no sistema atual, sobretudo no cálculo das aposentadorias. A alteração implicará, a médio e longo prazos, remunerações mais baixas. Também se estabelece a alternativa, voluntária, de aposentadoria aos 70 anos. Atualmente, os homens se aposentam com 65, e as mulheres, com 60. O termo "voluntário" é relativo, já que quem não se retirar aos 70 receberá uma aposentaria menor.