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Imigração

- Publicada em 10 de Dezembro de 2017 às 18:17

Atrás de trabalho, haitianos vagam pelo continente

Nos últimos anos, Acre foi a porta de entrada no País

Nos últimos anos, Acre foi a porta de entrada no País


MARCELO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL/JC
Em Tijuana, quase 3 mil haitianos fugidos da recessão brasileira enfrentam o dilema de escolher entre cruzar a fronteira ilegalmente para os Estados Unidos, permanecer no México ou regressar ao Brasil. Em Porto Príncipe, cerca de 1,1 mil haitianos se candidatam, por mês, a um visto brasileiro. Em Saint-Bernard-de-Lacolle, no Canadá, uma cidade de tendas recebeu parte dos mais de 6 mil haitianos que cruzaram ilegalmente a fronteira com os EUA, onde o governo do presidente Donald Trump ameaça fazer uma deportação em massa.
Em Tijuana, quase 3 mil haitianos fugidos da recessão brasileira enfrentam o dilema de escolher entre cruzar a fronteira ilegalmente para os Estados Unidos, permanecer no México ou regressar ao Brasil. Em Porto Príncipe, cerca de 1,1 mil haitianos se candidatam, por mês, a um visto brasileiro. Em Saint-Bernard-de-Lacolle, no Canadá, uma cidade de tendas recebeu parte dos mais de 6 mil haitianos que cruzaram ilegalmente a fronteira com os EUA, onde o governo do presidente Donald Trump ameaça fazer uma deportação em massa.
O fim da missão de paz da ONU, em outubro, e os quase oito anos desde o terremoto de 2010 - cujo saldo foi de, ao menos, 200 mil mortos e 1,5 milhão de desalojados - deixaram o Haiti em segundo plano no cenário mundial. Mas o país mais pobre do hemisfério, além de incapaz de absorver seus imigrantes de volta, continua exportando milhares de cidadãos pelo mundo.
"Muita gente se arrependeu de sair do Brasil, muita. O destino final era os Estados Unidos. Agora, estão ficando no México, porque sabem que a situação do Brasil não está boa", diz Christopher Faustin, de 36 anos. Ele está há um ano parado em Tijuana, após morar por quatro anos em Santa Catarina, onde trabalhou como pintor automotivo.
Em setembro do ano passado, após meses desempregado em Blumenau, concluiu que não dava mais para continuar no País. Com a mulher e a filha, que é brasileira e completou dois anos na estrada, raspou as economias, pegou emprestado dinheiro de parentes e começou uma longa viagem para os EUA. Em 96 dias, atravessaram dez países. O trecho mais perigoso foi no Panamá, onde entraram ilegalmente pela Colômbia a pé e caminharam por seis dias em uma região de floresta. Pegos, se identificaram como congoleses para não serem deportados de volta ao Haiti.
 

Em 2016, 17.078 haitianos ingressaram no México; Brasil já emitiu 60 mil vistos desde 2012

Só no ano passado, 17.078 haitianos ingressaram no México, segundo o Instituto Nacional de Migração (INM). A grande maioria fugia da recessão brasileira.
Foram tantos que, quando os Faustin chegou a Tijuana, já era tarde demais. Em 22 de setembro de 2016, para interromper o fluxo de haitianos vindos do Brasil, o então presidente Barack Obama revogou a portaria dos vistos humanitários adotada após o terremoto de 2010, e começou a deportação automática dos sem visto. Com a chegada de Trump, a situação piorou. Desses, alguns voltaram ao Brasil.
No último 22 de novembro, veio outro revés com a decisão dos EUA de revogar o Status de Proteção Temporária de 59 mil haitianos que chegaram após o terremoto. Caso não deixem o país até julho de 2019, ficam sujeitos a deportação - daí a fuga para o Canadá.
Os que esperam em Tijuana ficaram em uma situação difícil. Aos que querem regressar, o governo mexicano tem custeado as passagens. Desde 2012, o Brasil emitiu cerca de 60 mil vistos por razões humanitárias para cidadãos haitianos. Atualmente, segundo o Itamaraty, são concedidos, mensalmente, entre 1.000 e 1.500 vistos.