Evento na Índia reuniu mais de 1,5 mil pessoas e colocou as mulheres em evidência para falar de negócios no cenário global

As empreendedoras que têm um pé no Brasil e o outro no mundo


Evento na Índia reuniu mais de 1,5 mil pessoas e colocou as mulheres em evidência para falar de negócios no cenário global

Todo mundo que empreende sabe que a troca de ideias e de cartões de visita é de extrema importância. Imagine poder fazer isso com pessoas do Vietnã, do Quênia, da Austrália, da Tanzânia, das Filipinas e de outras centenas de nações. Três brasileiras tiveram o privilégio de passar por essa experiência na Índia, na semana passada, durante o Global Entrepreneurship Summit (GES), um dos maiores eventos de empreendedorismo do mundo, que neste ano chegou à 8ª edição.
Todo mundo que empreende sabe que a troca de ideias e de cartões de visita é de extrema importância. Imagine poder fazer isso com pessoas do Vietnã, do Quênia, da Austrália, da Tanzânia, das Filipinas e de outras centenas de nações. Três brasileiras tiveram o privilégio de passar por essa experiência na Índia, na semana passada, durante o Global Entrepreneurship Summit (GES), um dos maiores eventos de empreendedorismo do mundo, que neste ano chegou à 8ª edição.
Lygia Pontes, Maytê Carvalho e Roberta Vasconcellos participaram de programas de incentivo do governo dos Estados Unidos para ter suas despesas de viagem pagas. Na excêntrica cidade de Hyderabad, com quase 7 milhões de habitantes, ouviram discussões, principalmente, sobre um tema que as une: a importância da presença das mulheres nos negócios. Da Ásia, elas dão detalhes sobre suas empresas.

Ela quer o trabalho saudável

A Relações Públicas Lygia Pontes, 36 anos, de São Paulo, já sofreu muito por causa de estresse relacionado ao trabalho. E isso não é novidade em sua família. Sua mãe teve de se aposentar antes do previsto pelo mesmo motivo. Por conta dessa dor pessoal, criou uma consultoria com o seu nome. Ela quer acabar com situações que façam as pessoas se sentirem desvalorizadas.
"Minha proposta é criar um novo normal no ambiente profissional. Afinal de contas, relaciona-se muito o trabalho com algo negativo. Se a gente passa mais de 10 mil horas da vida trabalhando, isso precisa ser positivo. Temos de buscar felicidade em todas as áreas", diz.
O projeto se iniciou baseado em números preocupantes. De acordo com Lygia, empresas estão desperdiçando dinheiro com doenças decorrentes da convivência em locais pouco saudáveis. "No ano passado, as companhias perderam US$ 246 bilhões no mundo por causa de funcionários que tiraram licença médica por depressão. Os Estados Unidos é o número um nessa lista, e o Brasil é o número dois", aponta.
Além dos clientes no Brasil, Lygia tem um contrato na Espanha e mira outras nações. Ela desenvolveu uma metodologia própria e, agora, pretende contratar pessoas para ajudá-la na implementação.
Uma das formas de tornar a rotina mais leve, como ela propõe, é encontrar atividades fora do escritório. Daí nasceu o segundo projeto dela: o Magic Minas. Trata-se de um grupo de mulheres que jogam basquete em quadras públicas de São Paulo. A iniciativa, inclusive, ganhou apoio da Nike e da jogadora Magic Paula.
A seleção para Lygia viajar à Índia veio após sua participação no programa Young Leaders of the Americas Initiative (Ylai).
 

Para ela, beleza gera performance

Maytê Carvalho, publicitária paulista de 27 anos, já foi uma funcionária muito bem-sucedida, com um salário dos bons. Após sua participação no programa Aprendiz Universitário, inclusive, teve a oportunidade de trabalhar com o apresentador da atração e um dos maiores empresários do País, Roberto Justus. Mas é agora, com toda a incerteza que o empreendedorismo pode trazer, que ela se sente 100% realizada. Sua startup, a b.pass, é um assistente de beleza pessoal.
A jovem teve outra participação marcante na televisão que lhe rendeu bons frutos, dessa vez como empreendedora. Ao apresentar sua ideia no Shark Tank Brasil, transmitido pelo Canal Sony, ganhou um investimento de R$ 150 mil de uma das investidoras, a Camila Farani.
O pontapé no mundo dos negócios foi através do aplicativo Beleza de Farmácia, com mais de 50 mil downloads. Ele nasceu com a missão de democratizar o consumo, comparando marcas de luxo com marcas populares pela cor dos produtos.
A partir dessa experiência, Maytê se deu conta de que o setor de Beleza movimenta R$ 20 bilhões ao ano no Brasil, superior aos números de alimentação básica. "Beleza é autoestima e empoderamento no final do dia. Dá mais voz ativa às mulheres, porque uma vez que estão bem consigo mesmas, elas têm uma performance melhor", considera.
Sua aposta agora, através da b.pass, é gerar praticidade na organização de serviços de beleza. "São assistentes pessoais, uma tendência pós-aplicativos", sentencia.
Funciona assim: a plataforma encontra o salão mais próximo do local onde a mulher está, o que gera conveniência, evitando que ela pare o que esteja fazendo para fazer essa busca. As assinantes pagam um mínimo de R$ 99,90 ao mês e quando vão ao salão só mostram um voucher. O valor inclui quatro manicures e duas pedicures. "O mercado de beleza do Brasil é o terceiro maior do mundo, mas é carente de digitalização, de tecnologia, muito analógico", opina.
A b.pass tem, após um mês de seu lançamento, 120 assinantes. A startup chegou a Hyderabad porque a empresa ganhou o prêmio Mulheres Tech em Sampa, em janeiro deste ano, oferecido pela prefeitura de São Paulo, em parceria com a Oracle, o Airbnb e a rede SP Negócios.
 

O negócio dela é conectar

Após a Índia, a publicitária Roberta Vasconcellos, 29 anos, de Minas Gerais, seguia para Dubai, nos Emirados Árabes. E, mesmo longe, segue trabalhando pela sua empresa, a Beer or Coffee. Afinal de contas, hoje em dia a mobilidade é o grande lance: poder conhecer pessoas, circular e, mesmo assim, ser profissional.
Foi com isto em mente que entrou no empreendedorismo. A BeerOrCoffee nasceu, inicialmente, há dois anos, como um aplicativo de networking. Hoje, funciona como um "Airbnb de espaços de trabalho".
"A pessoa entra, faz a assinatura e pode escolher se quer trabalhar todos os dias, 10 dias do mês ou algum outro plano", descreve. É possível ter acesso a mais de 300 coworkings (espaços colaborativos) em 85 cidades pelo Brasil. A opção é para quem viaja com frequência, pois este usuário ou usuária pagará um valor fixo e poderá trabalhar uma semana em São Paulo, outra em Porto Alegre e outra no Rio de Janeiro, por exemplo. "Sempre tem um escritório por perto para agendar", complementa ela, afirmando que estar num coworking é estar em um ecossistema de inovação.
Além de pessoas físicas, a BeerOrCoffee tem opções de serviços corporativas (para aquelas empresas que querem proporcionar acesso a esses ambientes para seus colaboradores, onde quer que estejam). "Não é inteligente para uma empresa hoje investir num aluguel sem saber se vai crescer", entende Roberta. O valor do plano ilimitado parte de R$ 419,00 por mês.
A BeerOrCoffee acumula 60 mil usuários e, em 2016, promoveu 80 mil conexões. O objetivo, agora, é expandir na América Latina e Europa.
Roberta participou da edição piloto da Ylai - e por isso foi convidada a ir à Índia.