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Agronegócios

- Publicada em 18 de Dezembro de 2017 às 16:58

Milho pode prejudicar abastecimento interno

Lavoura tem custo de produção maior que a soja e menor preço no mercado

Lavoura tem custo de produção maior que a soja e menor preço no mercado


/JOSÉ SCHAFER/EMATER-RS/DIVULGAÇÃO/JC
Sem perspectivas de contar com as boas condições climáticas que levaram a produção brasileira de grãos a alcançar o recorde de mais de 230 milhões de toneladas colhidas neste ano, a safra 2017/2018, porém, tende a ser bem mais lucrativa. Com menos grãos no mercado e demanda aquecida, especialmente para alimentar as vastas populações da China e da Índia, por exemplo, a tendência é de recuperação geral nos preços, da soja ao milho, passando pelo arroz. "São cerca 50 milhões de adultos que entram no mercado consumidor por ano na Ásia, o que vem assegurando a demanda mundial em alta, tanto para consumo direto quanto conversão em proteína animal", ressalta Gedeão Pereira, vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul)
Sem perspectivas de contar com as boas condições climáticas que levaram a produção brasileira de grãos a alcançar o recorde de mais de 230 milhões de toneladas colhidas neste ano, a safra 2017/2018, porém, tende a ser bem mais lucrativa. Com menos grãos no mercado e demanda aquecida, especialmente para alimentar as vastas populações da China e da Índia, por exemplo, a tendência é de recuperação geral nos preços, da soja ao milho, passando pelo arroz. "São cerca 50 milhões de adultos que entram no mercado consumidor por ano na Ásia, o que vem assegurando a demanda mundial em alta, tanto para consumo direto quanto conversão em proteína animal", ressalta Gedeão Pereira, vice-presidente da Federação da Agricultura do Estado (Farsul)
Mesmo com queda prevista em torno de 5%, a produção nacional tende a ser um destaque na linha do tempo do agronegócio, podendo chegar a 226,5 milhões de toneladas, de acordo com projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a segunda maior da história. O destaque, claro, é soja, e o maior motivo de preocupação é o encolhimento da área plantada com milho que pode ser a menor dos últimos anos no Estado. Insumo básico para alimentação de aves e suínos, e cada vez mais utilizado também para engorda de bovinos confinados, o grão é um dilema para 2018 e para o futuro. Caso a produção de milho se torne muito escassa, pode ter a cotação elevada demasiadamente e impactar nos custos de produção de proteína animal. "Ainda estamos estudando o assunto, que é preocupante", afirma Gedeão.
No Rio Grande do Sul, em 10 anos, a área destinada ao grão caiu praticamente pela metade: passou de 1,4 milhão de hectares para os previstos 708 mil hectares. A redução está ligada aos preços melhores da soja e menores do milho, que ainda tem custo maior de produção. Falta de equilíbrio que leva produtores a reduzirem a área com o cereal ano a ano no Rio Grande do Sul. Além da Conab, o IBGE também destaca queda elevada na produção de milho no País, com recuo extremo de até 15%, o que significaria até 15 milhões de toneladas a menos em relação à safra de 2017.
Além do desestímulo financeiro - o milho tem custo de produção maior do que a soja e preços menores no mercado -, o atraso no plantio de soja no Mato Grosso deve afetar significativamente a chamada safrinha, realizada em algumas áreas após a colheita da oleaginosa. Na contramão das estatísticas, porém, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Allysson Paolinelli, acredita na manutenção do volume colhido ou de redução pouco expressiva. "Mesmo com algum atraso no Centro-Oeste, acredito que a safrinha vá garantir a demanda interna porque ocupará grandes áreas após a colheita da soja", opina Paolinelli.
Para Alencar Rugeri, assistente técnico da Emater/RS, para a área de grãos, a forte característica agroindustrial do Estado reforça a demanda por farelo para alimentação de aves, suínos e bovinos muito além da produção. Tradicionalmente, o déficit de milho no Rio Grande do Sul é de cerca de 2 milhões de toneladas anuais para manter a produção de aves, suínos e leite, entre outras atividades. A redução na produção estadual, explica Ruggeri, é tecnicamente ruim pela ausência de rotação de culturas, que piora a qualidade do solo e depois vai se refletir em menor produtividade da soja. "Mas a opção é financeira. A soja tem menores custos de produção e maior rentabilidade. O impacto no solo vai ocorrer em cinco anos, ou mais, e o produtor também precisa tomar decisões econômicas imediatas", diz o técnico da Emater.
Rugeri defende que o governo do Estado precisa discutir a questão do milho e pensar em formas de estímulos e incentivos. O apoio à irrigação poderia fazer parte da solução para elevar a produtividade, recomenda o técnico. "O problema é estadual, já que do Paraná para cima com safra e safrinha, juntas, resolvem suas necessidades, diz Rugeri, alertando para o fato de que buscar o cereal fora do Estado acrescenta às contas o custo logístico, que cai no bolso do produtor. "Não tem nexo arcar com todo o custo do transporte por caminhão para trazer de fora um insumo tão básico", alerta o técnico da Emater.
Para os arrozeiros, o cenário de 2018 também preocupa. Além de competir com a produção uruguaia, começa a perder espaço dentro do mercado interno para o Paraguai. Mais próximo de São Paulo, o Paraguai entra no Brasil com custo menor, do Sudeste ao Norte do País. A perspectiva da Farsul é de uma retração de 4,3% na área semeada no Estado, com a menor receita bruta por hectare por pelo menos nos dois últimos anos. Em 2016, alcançou R$ 5,6 mil de receita por hectare, ante os R$ 5,46 mil em 2017. A única boa perspectiva para o grão, aponta relatório da entidade, é a possibilidade de queda na safra mundial em 2018, o que poderia elevar os preços até abril do próximo ano, dano novo ânimo ao setor.
 

La Niña é a maior ameaça e a grande dúvida entre os produtores

Estiagem é aguardada para o verão e deve se estender até o outono

Estiagem é aguardada para o verão e deve se estender até o outono


/SAUL LOEB/AFP/JC
O tempo mais seco já registrado em dezembro é apontado por diferentes entidades como prenúncio do que o clima reserva para o Estado entre janeiro e fevereiro - período de floração da soja. Institutos de meteorologia, como Climatempo, porém, começam a amenizar ou até eliminar as chances de ocorrência do La Niña. Há quatro ciclos sem registar escassez de chuva, o Rio Grande do Sul é fortemente afetado pelo fenômeno. E, vale lembrar, a oleaginosa, que tanto espaço ganha nas lavouras gaúchas, é especialmente sensível ao clima.
No momento, diz o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias no Estado (Fecoagro), Paulo Pires, é na Metade Sul que os riscos de perda são maiores. "Na região, já nos preocupa desde agora as temperaturas elevadas do solo", explica Pires.
Também para Alencar Rugeri, assistente técnico estadual da Emater, é no Sul do Estado que poderá se concentrar o maior problema com danos climáticos. "Na Metade Sul, o solo é mais vulnerável e há déficit hídrico maior. Para driblar essas diferenças é preciso mais conhecimento técnico e tecnologia. Não se pode considerar as mesmas opções de trabalho para plantio de soja em Bagé e em Vacaria", alerta Rugeri. Os danos econômicos que podem ser registrados ameaçam afetar seriamente as finanças de algumas cidades, e até mesmo do Estado, de acordo com o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Carlos Joel da Silva. "O impacto econômico pode ir além das propriedades", alerta Silva.
Para a Somar Meteorologia, segue a previsão de um fenômeno La Niña durante o verão e início do outono brasileiro em 2018. Uma das poucas novidades do último relatório está na intensidade do fenômeno, classificado entre fraco e moderado ao invés de somente fraco. O alento nas projeções vem, por exemplo, do Climatempo. A empresa de meteorologia avalia que para toda América do Sul as condições são bastante favoráveis ao desenvolvimento das lavouras ao longo do mês de dezembro, sem que venham ocorrer perdas nos potenciais produtivos e sem a presença de La Niña propriamente dita.
Segundo o Climatempo, a tendência é que as condições se mantenham favoráveis ao desenvolvimento de todas as lavouras também ao longo do mês de janeiro. Em análise divulgada no último dia 13, a empresa ressalta que "apesar dos boatos de quebras no Sul do Brasil, como também na Argentina e no Paraguai", a perspectiva é de safra cheia, com algumas regiões atingindo até mesmo novos patamares recordes de produtividade.