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Infraestrutura

- Publicada em 25 de Dezembro de 2017 às 10:27

Obras de transmissão destravam novos investimentos

Complexos que serão realizados pela companhia chinesa abrangem 17 linhas no Estado, com extensão em torno de 1,9 mil quilômetros, e aporte de recursos previsto em R$ 3,9 bilhões

Complexos que serão realizados pela companhia chinesa abrangem 17 linhas no Estado, com extensão em torno de 1,9 mil quilômetros, e aporte de recursos previsto em R$ 3,9 bilhões


FERNANDO C. VIEIRA/GRUPO CEEE/DIVULGAÇÃO/JC
Muito provavelmente, a notícia mais positiva de 2017 para o setor elétrico gaúcho foi a Shanghai Electric, junto com o fundo chinês Clai Fund, assumir a responsabilidade de conduzir uma série de obras de transmissão que estavam sob o guarda-chuva da Eletrosul, mas que a estatal brasileira não tinha condições de prosseguir com os empreendimentos. Até abril, será constituída uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), na qual os asiáticos terão participação de 69% e a companhia nacional, o restante, para iniciar a construção das estruturas.
Muito provavelmente, a notícia mais positiva de 2017 para o setor elétrico gaúcho foi a Shanghai Electric, junto com o fundo chinês Clai Fund, assumir a responsabilidade de conduzir uma série de obras de transmissão que estavam sob o guarda-chuva da Eletrosul, mas que a estatal brasileira não tinha condições de prosseguir com os empreendimentos. Até abril, será constituída uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), na qual os asiáticos terão participação de 69% e a companhia nacional, o restante, para iniciar a construção das estruturas.
Os complexos contemplarão em torno de 1,9 mil quilômetros de linhas de transmissão, sendo oito linhas de 525 kV e nove linhas de 230 kV, além de oito subestações (três em 525 kV e cinco em 230 kV) e a ampliação de 13 subestações existentes. As estruturas serão instaladas em municípios como Santa Vitória do Palmar, Rio Grande, Santana do Livramento, Osório, Candiota, entre outros. O investimento previsto nas ações é de R$ 3,9 bilhões.
O direito de fazer essas obras e ser remunerada por isso foi conquistado pela Eletrosul em um leilão realizado em 2014, no qual a estatal arrematou os projetos contidos no Lote A daquele certame. Os empreendimentos deveriam, pelo contrato original, ser finalizados até 6 de março de 2018 (o que não será possível). Problemas financeiros impediram a Eletrosul de ir adiante com as iniciativas.
Se os projetos por si só já seriam de extrema importância, a relevância deles cresce ainda mais, porque, sem as obras, vários empreendimentos de geração de energia no Estado não poderiam participar de leilões, pois não teriam condições de escoar a eletricidade produzida. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determinou o tempo máximo de 48 meses para finalizar as obras a partir da consolidação da Sociedade de Propósito Específico. Entretanto, se conseguir acabar os empreendimentos em até 36 meses, a SPE poderá receber a Receita Anual Permitida de forma antecipada.
O coordenador do grupo temático de energia da Fiergs, Edilson Deitos, comenta que a expectativa é que a Shanghai conclua as obras antes do previsto. O dirigente ressalta que a rapidez na construção dos empreendimentos de transmissão é essencial para que os projetos de geração no Estado voltem a participar de leilões de energia.
O secretário estadual de Minas e Energia, Artur Lemos Júnior, ressalta que a construção das subestações e linhas de transmissão representam um investimento vultoso e uma grande geração de empregos (em torno de 10 mil postos de trabalho). Além disso, significa segurança energética. O advogado Frederico Boschin, da Souza Berger Advogados e especialista na área de energia, acrescenta que a concretização das obras colocará o Rio Grande do Sul em uma nova era para o desenvolvimento de projetos de energia. "Vamos superar um enorme gargalo, e o Estado poderá aproveitar seu potencial eólico", argumenta.
Boschin reforça que esse aprimoramento no sistema de transmissão de energia local possibilitará que os gaúchos tenham novamente um protagonismo quando à geração eólica, até porque as linhas e subestações serão feitas em locais com enorme incidência de vento, como Santa Vitória do Palmar e Rio Grande. Conforme o advogado especialista, as obras sendo realizadas, haverá uma capacidade de escoamento de energia que dará ao Estado, pelo menos, uma década de tranquilidade, possibilitando destravar vários projetos.

Interrupção das atividades do polo naval gaúcho pode ocorrer no próximo ano

Enfrentando uma série de dificuldades nos últimos anos, as perspectivas para o polo naval gaúcho para 2018 não são as melhores. Se não houver novas encomendas por parte da Petrobras, são grandes as possibilidades dos estaleiros de Rio Grande e São José do Norte ficarem ociosos e pararem os trabalhos.
O prefeito rio-grandino, Alexandre Lindenmeyer, argumenta que a construção naval precisa ser sustentada por uma política de Estado para ter longevidade. Porém o dirigente admite que hoje, particularmente, a situação do polo naval gaúcho está indefinida. Esse cenário deve-se ao fato de que as obras da plataforma P-74, conduzidas no estaleiro EBR, em São José do Norte, deverão ser finalizadas no começo do próximo ano. Já os módulos das plataformas P-75 e P-77 estão praticamente prontos no estaleiro da QGI, em Rio Grande; e os cascos, provenientes da China, deverão chegar somente em seis a sete meses para fazer a integração. A Ecovix, por sua vez, encontra-se com uma plataforma pela metade (a P-71), com o estaleiro parado, sem gerar emprego, com exceção do pessoal que atua na área de manutenção.
Apesar dessas incertezas, Lindenmeyer descarta a possibilidade de que 2018 seja o último ano do polo naval. "Ninguém vai tirar os estaleiros que aqui estão, então é preciso achar uma opção para que os complexos retomem as atividades", projeta. Contudo o prefeito reitera que, se não for adotada uma estratégia em prol da indústria naval nacional, consequentemente as encomendas de plataformas serão feitas no exterior.
"Somente com vontade política é possível salvar o polo naval", alerta o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte, Benito Gonçalves. Um dos pontos defendidos pelo sindicalista é que ainda é possível concluir a P-71, encomenda que foi deixada de lado pela Petrobras.
Uma das alternativas seria a Ecovix concluir a plataforma e assumir o direito sobre o empreendimento, podendo, por exemplo, vendê-lo para alguma outra petrolífera ou até mesmo para a Petrobras (se o cenário futuro for propício para isso).
De acordo com Gonçalves, no começo de dezembro, eram cerca de 2,1 mil trabalhadores atuando no estaleiro EBR, em torno de 400 funcionários no complexo da QGI e mais 70 na Ecovix. No passado, o polo naval chegou a empregar em torno de 23 mil pessoas.