A Global Entrepreneurship Summit (GES), em Hyderabad, na Índia, contou com a participação de três empreendedoras brasileiras, que foram convidadas pela Embaixada dos Estados Unidos para acompanhar a conferência e trazer novas ideias ao Brasil.
A relações públicas Lygia Pontes, 36 anos, de São Paulo, tem uma consultoria com seu nome e ainda é criadora de um projeto que estimula mulheres a jogarem basquete, o Magic Minas.
Maytê Carvalho, publicitária paulista de 27 anos, criou um assistente pessoal de beleza, com assinaturas vinculadas a salões de beleza, o b.pass.
Roberta Vasconcellos, 29 anos, de Minas Gerais, é uma das fundadoras do BeerOrCoffee, rede de pessoas e coworkings colaborativos.
De volta às suas rotinas, elas destacam o que aprenderam na Índia e que deve prevalecer no empreendedorismo em 2018. Veja a seguir.
Maytê Carvalho
- Empoderamento e voz ativa da mulher atrelados a políticas afirmativas: cotas no conselho de empresas, fundos de investimento voltados apenas para female founders
- Mercados emergentes serão consolidados cada vez mais (Brics)
- STEM serão as disciplinas da vez: science (ciências), technology (tecnologia), engineering (engenharia) e mathematics (matemática)
- Startups e políticas públicas estarão cada vez mais entrelaçados e mudando até mesmo a maneira como o Estado enxerga mobilidade urbana, saúde e educação
- Diversidade: a diversidade de gêneros e a inclusão de minorias proporcionarão modelos de negócios inovadores e fora da caixa
Lygia Pontes
Lygia abriu uma consultoria que leva seu nome em São Paulo
/LYGIA PONTES/ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
- Os profissionais têm buscado ambientes de trabalho saudáveis, nos quais podem se sentir felizes com o que fazem e ser eles mesmos. Alguns profissionais, inclusive, começaram a empreender justamente por causa dessa necessidade. Portanto, todas as empresas, principalmente as grandes, devem tratar a felicidade de seus funcionários como uma prioridade
- O networking é essencial para qualquer profissional e tem sido tratado com muita atenção, principalmente pelos empreendedores, que têm feito bom uso de ferramentas digitais
- As mulheres passaram a compreender que juntas são mais fortes e têm se unido cada vez mais, principalmente as empreendedoras. Elas têm construído redes de apoio, de contato e de relacionamento para falar dos desafios, compartilhar sucessos, conquistas, fazer parcerias e gerar negócios
- Além do apoio de outras mulheres, as empreendedoras contam com a tecnologia como aliada, já que podem estudar e aprender onde quer que estejam. Considerando a situação de muitas mulheres, que precisam cuidar da casa e da família, a tecnologia é e será essencial no desenvolvimento das profissionais
- A internacionalização dos negócios é algo cada vez mais possível, necessário e simples para os empreendedores: os contatos com as pessoas de outros países está mais fácil, e eventos como a GES auxiliam, já que geram mais possibilidades de parcerias e negócios para levar empresas para outros países
- O aprendizado constante é muito importante na vida de um empreendedor. Quando para de aprender, um empreendedor entra em pânico. Por isso a importância do networking e da tecnologia
- Ter um mentor é muito importante, tanto para compartilhar experiências como para orientar nas áreas nas quais os empreendedores não têm conhecimento. Mas é importante que eles busquem mais de um mentor, e que estes possam auxiliar nos diferentes pontos em que precisam de conhecimento
- A verdade é fundamental para o sucesso de um negócio. Os empreendedores não devem ter medo de falar a verdade para seus mentores e clientes. Eles irão perdoar um erro, mas não a mentira
- Determinação, paixão e confiança nunca foram tão importantes para os empreendedores. Devem estar ao lado do conhecimento técnico
- Um empreendedor nunca deve perder a sua essência e a essência do seu negócio. Nenhum cliente, investidor ou parceiro deve ser motivo para que um empreendedor se esqueça disso
Roberta Vasconcellos
Roberta lançou a BeerOrCoffee, que conecta uma rede de coworkings
/Mauro Belo Schneider/Especial/JC
- Maior força pensante. Com a população mais jovem do mundo, a Índia possui mais de 50% de sua população com idade inferior a 27 anos e mais de dois terços com menos de 35 anos. Assim, o maior desafio - que também é enfrentado por todos os países - é a questão da criação de empregos. Nesse sentido, a promessa é de se criar a força de habilidades mais valiosa do mundo nas próximas décadas, educando a nova geração com professores que serão bots e universidades on-line
- Mais mulheres compondo a força de trabalho. Muito já sabemos sobre o impacto que seria gerado na economia se todas as mulheres que possuem capacidade de trabalhar estivessem inseridas na força de trabalho. Segundo estudos da McKinsey & Company, se as mulheres participassem igualmente aos homens no mercado de trabalho, até 2025, seriam acrescidos US$12 trilhões na economia. O que precisamos é agir através da capacitação de mais mulheres em todas as regiões e com o apoio de políticas públicas
- Mais mulheres em cargos de liderança. Hoje, a Índia possui 40% dos cargos de liderança no mercado bancário sendo ocupados por mulheres e é o país que mais emprega mulheres na tecnologia. Em contrapartida, é o país com a maior disparidade do mundo em termos da quantidade de mulheres que teriam condições de compor a força de trabalho da população e não estão inseridas. A tendência é que mulheres precisem de um ecossistema que as dê suporte e exemplos em que possam se espelhar. Uma vez inseridas, estudos comprovam que mulheres retribuem mais para suas famílias e comunidades
- Aumento do acesso a capital para mulheres empreendedoras. Mais uma unanimidade na maior parte dos painéis foi a constatação do desafio de acesso a capital para mulheres empreendedoras. E, neste ponto, o destaque vai para o WeFi (Women Entrepreneurs Finance Initiative), um fundo criado pelo Banco Mundial com o apoio do governo norte-americano e outros países que promete investir US$ 1 bilhão em empreendimentos de mulheres em mercados emergentes
- HealthTech. Mais de 70% da população na Índia não possui seguro-saúde e paga por suas despesas médicas. Através das iniciativas para resolver esses e outros problemas relacionados à saúde, HealthTech é tendência, e, até 2025, a indústria de tratamentos de saúde valerá US$ 280 bilhões na Índia. Com a vantagem de que produtos que resolverão problemas de saúde mundiais estão sendo criados lá por um valor bem mais acessível
- Make In India (makeinindia.com). Uma iniciativa nacional para incentivar os indianos a criarem produtos disruptivos que resolverão problemas de escala global e podem ser exportados para o mundo
- Drones e veículos elétricos. Adversidade pode ser sinônimo de inovação, o que ficou claro quando nos foram apresentados os desafios de logística na Índia devido à infraestrutura precária em muitas regiões, que prejudica inclusive a chegada de medicamentos. Em contrapartida, a aposta vem justamente do uso de drones: até 2020, os drones irão mudar drasticamente o mercado de logística de US$307 bilhões, inclusive já sendo adotados pelo governo na agricultura e no monitoramento de fronteiras. Além disso, a Índia pretende eliminar os veículos a petróleo e diesel no país até 2030. Até 2020, serão 7 milhões de veículos elétricos no país
- Investimento público em inovação. Os governos estão cada vez mais investindo em tecnologia para maior eficiência do setor público e para desenvolvimento de seus países através da inovação. No caso da Índia, não podemos deixar de mencionar o T-HUB (t-hub.co), considerado o maior hub de startups do país, localizado em Hyderabad. Foi anunciado na GES que será a maior incubadora do mundo em 2018, acelerando 3 mil startups
- Internet of Things (IoT). O mercado indiano ainda irá amadurecer muito nesse sentido para tornar casas e cidades mais inteligentes. Até 2020, a indústria de Internet das Coisas vai triplicar de valor para US$15 bilhões
- Ascensão dos smart devices e da inteligência artificial.De assistentes pessoais a devices voltados para atividades físicas, a interação homem-máquina irá modificar mercados. A Amazon anunciou que irá duplicar seus investimentos na Índia e, até 2022, a penetração de smart devices nas residências crescerá 18 vezes e atingirá 7,2% das famílias