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Economia

- Publicada em 25 de Dezembro de 2017 às 22:21

Governo do Estado enfrenta dilema para mudança no Banrisul

Entre o anúncio e o recuo da decisão, a cotação caiu de R$ 17,00 para pouco mais de R$ 13,00

Entre o anúncio e o recuo da decisão, a cotação caiu de R$ 17,00 para pouco mais de R$ 13,00


DIVULGAÇÃO/BANRISUL/JC
Thiago Copetti
Depois de avanços e recuos na tentativa de reforçar o caixa com a venda de ações do Banrisul em 2017, o governo do Estado se encontra em uma encruzilhada para converter o ativo em recursos. Em ano eleitoral, dificilmente o Palácio Piratini mudará o discurso de que não irá privatizar o banco. E, dado o retrospecto de outros projetos polêmicos enviados ao Legislativo, pode-se considerar remoto o apoio da maioria dos deputados.
Depois de avanços e recuos na tentativa de reforçar o caixa com a venda de ações do Banrisul em 2017, o governo do Estado se encontra em uma encruzilhada para converter o ativo em recursos. Em ano eleitoral, dificilmente o Palácio Piratini mudará o discurso de que não irá privatizar o banco. E, dado o retrospecto de outros projetos polêmicos enviados ao Legislativo, pode-se considerar remoto o apoio da maioria dos deputados.
O outro caminho, o da venda de 49% das ações, se mostrou frágil: os papéis do banco caíram 25% após o anúncio, feito em 4 de outubro, de que venderia as cotas, mas não o controle. Entre o comunicado e o recuo da decisão, a cotação caiu de R$ 17,00 para pouco mais de R$ 13,00, levando o governo a desistir do negócio no início de dezembro. Procurado para falar sobre as perspectivas para o Banrisul em 2018, o governador do Estado, José Ivo Sartori, afirmou que, "devido à possibilidade de ações à venda pelo acionista majoritário, Banco Central e Comissão de Valores Mobiliários (CVM) podem interpretar qualquer manifestação nesse sentido como uma manipulação visando valorizar o patrimônio, o que é proibido pelas duas instituições".
Analista de investimentos da Sólidus, Luiz Henrique Wickert participou de encontro promovido pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) com diretores do banco, na semana passada, e avalia que o recuo na venda de ações será mantido. Isso porque o baixo valor que o mercado já sinalizou que pagará pelas cotas sem obter o controle levaria o governo a fazer um péssimo e arriscado negócio. Wickert explica que, no modelo proposto de venda de ações, sem repassar o controle acionário, é muito difícil que o governo atinja a meta divulgada de captar R$ 3 bilhões.
"A única forma de o governo conseguir um valor justo seria privatizando o Banrisul, pois o então comprador pagaria um prêmio pelo controle. Não acredito que a privatização seja o cenário para 2018, um ano eleitoral, mas será um tema necessário para debate na campanha", pondera Wickert.
Questionado por Wickert sobre a queda acentuada no valor das ações após o anúncio de que venderia papéis do banco, o diretor de Relações Internacionais do Banrisul, Ricardo Hingel, rebateu argumentado que foi o cenário econômico a razão da queda, e não uma desvalorização específica do banco.
"A bolsa caiu logo após o anúncio, as ações também tiveram queda, e houve a decisão do controlador de não fazer a operação naquele momento. Nunca foi dado um prazo para a operação, nem pelo banco, nem pelo governo", argumentou Hingel, apesar de a CVM ter, inclusive, pedido informações sobre declaração do vice-governador, José Paulo Dornelles Cairoli, dando o dia 14 de dezembro como meta para conclusão do processo.
A justificativa do Executivo sobre as razões da queda das ações é questionada por investidores e analistas. De acordo com a diretora técnica da Apimec e gestora da Zenith Asset, Débora Morsch, os números contradizem Hingel. "No mesmo período em que as ações do Banrisul caíram cerca de 25% em função do anúncio de desistência da venda, o índice médio do setor financeiro retraiu apenas 7,6%, e a pontuação da bolsa de valores ainda menos, 5,8%", calcula a gestora da Zenith, gestora de fundos de investimento com ações do Banrisul.
Débora, contrária ao modelo de venda proposto inicialmente pelo governo do Estado, também critica a demora do banco na nomeação de dois conselheiros indicados pelos acionistas minoritários em abril deste ano e até agora não empossados.
De acordo com o Banrisul, a homologação dos nomes está em tramitação e ainda não foi concluída por pendências cadastrais e últimos questionamentos de dados junto ao Banco Central, que precisam ser enviados pelos próprios indicados até esta terça-feira.
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