Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Economia

- Publicada em 06 de Dezembro de 2017 às 22:09

Farsul vê safra menor e preços maiores em 2018

Fim da Lei Kandir teria impacto negativo no setor, diz Gedeão Pereira

Fim da Lei Kandir teria impacto negativo no setor, diz Gedeão Pereira


/FREDY VIEIRA/JC
Thiago Copetti
Safra um pouco mais enxuta e preços melhores é o que espera a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) para 2018, quando deverá ocorrer retração de 3,89% no PIB agropecuário. A supersafra brasileira no ciclo 2016/2017 elevou a produção às alturas e derrubou os preços a um patamar que penalizou produtores, de acordo com a entidade.
Safra um pouco mais enxuta e preços melhores é o que espera a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) para 2018, quando deverá ocorrer retração de 3,89% no PIB agropecuário. A supersafra brasileira no ciclo 2016/2017 elevou a produção às alturas e derrubou os preços a um patamar que penalizou produtores, de acordo com a entidade.
No Rio Grande do Sul, foram 36,6 milhões de toneladas de grãos colhidas neste ano (alta de 14,8% em relação ao ano anterior), mas o valor bruto da produção caiu cerca de 7% no mesmo período. Vice-presidente da Farsul, Gedeão Pereira repetiu ontem, no balanço de final de ano na entidade, a frase que se tornou mantra para os produtores ao longo dos últimos 12 meses: "safra cheia, bolso vazio".
Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul, explicou a frase com os números consolidados do cenário neste ano. Para colher mais, o agricultor também gastou mais com insumos, máquinas, manutenção, mão de obra e transporte. Ou seja, investiu mais e recebeu menos. "O produtor colheu, em média, 14% mais, porém os preços pagos a ele caíram 25%. Ou seja, uma coisa não compensou a outra", explicou Luz.
Para os grãos, dois entre os maiores dilemas da próxima safra são o clima e o milho. Sobre o clima, paira a possibilidade de ocorrência do La Niña e de poucas chuvas na região Sul do Brasil. Sobre o milho, a maior dúvida é referente ao impacto que a redução de plantio no Estado terá para o setor de carnes em geral. É possível que a área semeada com o grão no Rio Grande do Sul, no ciclo 2017/2018, seja uma das menores da história. "É uma situação que ainda estamos estudando. O milho é insumo básico para produção de proteína animal e cresce como alimento, além de suínos e aves, também bovinos, especialmente confinados", afirma Pereira.
Para a pecuária, no entanto, Pereira vê apenas boas perspectivas, como a ampliação de vendas para novos mercados, especialmente na Ásia, além do fato de o setor ingressar 2018 já recuperado dos inúmeros problemas deste ano Operação Carne Fraca, embargos internacionais, crise da JBS e baixo preço da arroba. O único entrave previsto é para a produção de leite, devido à continuidade do grande volume de importações de lácteos do Uruguai.
O temor maior do setor agropecuário, no entanto, vem de questões tributárias. Paira no ar o possível fim da Lei Kandir, o que traria a retomada da cobrança de ICMS sobre exportações de produtos primários, semielaborados e serviços, medida de impacto direto no agronegócio. "O Brasil deve ser o único país que exporta impostos e, depois de corrigir essa distorção, tenta voltar a aplicá-la", critica Pereira.
Seguirão, em 2018, os conflitos com vizinhos do Mercosul, em entraves criados pelo próprio Brasil, diz o vice-presidente da Farsul, com seu elevado custo logístico e tributário. Com a baixa competitividade brasileira, são os produtores de nações vizinhas que permanecerão abastecendo boa parte das gôndolas brasileiras, por exemplo, com arroz. A concorrência, antes mais centrada no Uruguai, ganhou reforço paraguaio. "Mais próximo de São Paulo, o arroz vindo do Paraguai abastece fortemente o Sudeste, o Norte e o Nordeste", alerta Pereira.
Um dos problemas apontados pela Farsul é que os custos de produção na Argentina, no Uruguai e no Paraguai são significativamente menores do que aqui. No caso da soja, por exemplo, o custo de produção chega a ser 153% maior no Brasil em relação ao custo argentino, e 63% do uruguaio, apontou estudo da entidade. "Assim como o Brasil abre suas portas sem taxas e entraves para produtores, deveria abrir também para a compra de insumos e máquinas. O problema não são eles, somos nós", ressalta Antônio da Luz.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO