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Consumo

- Publicada em 03 de Dezembro de 2017 às 22:03

Alimentos sofrem a maior queda de preços em 40 anos

Feijão e arroz foram alguns dos produtos que mais tiveram diminuição

Feijão e arroz foram alguns dos produtos que mais tiveram diminuição


/MAURO SCHAEFER/ARQUIVO/JC
O preço dos alimentos nunca caiu tanto em um ano como em 2017. De janeiro a outubro, os itens usados para o preparo de refeições em casa caíram, em média, 4,57%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a medida oficial da inflação. O recorde se explica, em boa parte, pelo clima excepcional que levou o País a colher uma supersafra. Mas a crise também ajudou a derrubar a inflação da comida: com menos renda, o consumidor brecou aumentos.
O preço dos alimentos nunca caiu tanto em um ano como em 2017. De janeiro a outubro, os itens usados para o preparo de refeições em casa caíram, em média, 4,57%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a medida oficial da inflação. O recorde se explica, em boa parte, pelo clima excepcional que levou o País a colher uma supersafra. Mas a crise também ajudou a derrubar a inflação da comida: com menos renda, o consumidor brecou aumentos.
Como a trajetória de queda deve persistir nos dados de novembro e dezembro, a previsão é de que o preço dos alimentos termine o ano com queda superior a 5%. Se as projeções de consultorias se confirmarem, 2017 deve registrar a maior retração de preços da comida no domicílio desde que o IPCA começou a ser apurado, em 1980, afirma o economista da LCA Consultores, Fabio Romão. Até hoje, o único resultado anual negativo nesta categoria ocorreu em 2006, de -0,13%, e beirou a estabilidade.
O recuo recorde registrado neste ano tem aliviado especialmente o bolso das famílias de menor renda, que recebem até R$ 4.685 por mês e gastam 22% para preparar a refeição em casa. É uma fatia do orçamento muito maior do que nas famílias mais abastadas, que empenham na alimentação no domicílio 16%, aponta a economista do IBGE Denise Cordovil.
"A queda dos preços dos alimentos é um alívio para os mais pobres, mas muitos não conseguem perceber, porque o desemprego está muito elevado", observa o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz. De toda forma, ele pondera que a situação para esses brasileiros seria pior se a inflação estivesse em níveis mais elevados.
"Muitos itens da alimentação básica do brasileiro caíram neste ano", diz Romão. O feijão recuou mais de 35% de janeiro a outubro, depois de ter mais que dobrado de preço no mesmo período do ano passado. O arroz caiu quase 10% neste ano. De janeiro a outubro de 2016 tinha subido 16%, mostra o levantamento feito pelo economista da LCA.
Mais da metade dos 153 subitens que compõem o grupo alimentação no domicílio no IPCA tive queda de preço nesse período. As carnes ficaram 4% mais baratas neste ano até outubro. É um resultado importante comparado às altas de 9% e 2% registradas nos mesmos meses de 2015 e 2016, respectivamente, diz Romão.
Na avaliação de economistas, o movimento de queda no preço da comida, que é o grupo que mais pesa no IPCA, é decisivo para que o índice de inflação fique abaixo de 3% neste ano. Apesar do alívio provocado pela queda dos preços dos alimentos, Márcio Milan, economista da Tendências Consultoria Integrada, destaca que os reajustes dos combustíveis e da energia estão "comendo" uma parte desse ganho. Ele lembra que, depois da comida, gastos com tarifas são os que mais pesam no orçamento das famílias de menor renda.
"Se não fosse a alta dos preços administrados, a inflação geral seria menor ainda", afirma Milan. Para um IPCA de 3% previsto para este ano pela consultoria, os preços que não são regulados pelo governo devem subir 1,3%; e as tarifas, 8,1%. Sem a forte pressão das tarifas, a inflação geral ficaria entre 1,5% e 2%, calcula o economista.
A queda nos preços dos alimentos tem reflexos também para o comércio varejista. Na análise do economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Fabio Bentes, o recuo dos alimentos deverá garantir uma retomada mais vigorosa do comércio como um todo, uma vez que os hiper e supermercados respondem pela maior fatia anual das vendas do varejo brasileiro. "De cada R$ 100,00 faturados no varejo, R$ 30,00 advêm dos hiper e supermercados", diz Bentes.
Para 2018, a expectativa é de que a queda nos preços dos alimentos não se repita com a mesma intensidade e as cotações voltem a subir, mas sem uma disparada. "Esse céu de brigadeiro não vai durar para sempre", diz Romão. Ele observa que os preços de produtos importantes, que recentemente atingiram valores mínimos históricos, estão aumentando e vão chegar ao consumidor.

Gasto dos brasileiros com restaurantes sobe, mas em ritmo menor, diz IBGE

Alimentação fora de casa acumulou alta de 2,84% em 10 meses

Alimentação fora de casa acumulou alta de 2,84% em 10 meses


/CLAUDIO FACHEL/ARQUIVO/JC
Apesar da queda inédita nos preços dos alimentos registrada neste ano, comer fora de casa não está mais barato. De janeiro a outubro, a alimentação fora do domicílio acumula uma alta de 2,84%, enquanto a alimentação dentro de casa caiu 4,57% no mesmo período. O grupo alimentação como um todo, que inclui fora e dentro de casa, recuou 2,02% de janeiro a outubro, segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE.
"Historicamente, a alimentação fora de casa tem variações maiores do que alimentação dentro de casa", observa o economista da LCA Consultores, Fabio Romão. Neste ano, apesar de o resultado estar no terreno positivo e contrastar com a queda registrada na alimentação dentro de casa, o economista frisa que a alta da alimentação fora de casa é muito menor do que foi no passado. Entre 2011 e 2016, comer fora de casa ficou cerca de 10% mais caro a cada ano. A projeção da consultoria para 2017 é fechar com alta de 3,17%.
Paulo Solmucci Jr., presidente executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que reúne cerca de um milhão de estabelecimentos no País, justifica a alta de preços do setor, argumentando que os alimentos são apenas parte do custos. Nas suas contas, eles representam 33% das despesas de restaurantes e bares. Depois estão os gastos com mão de obra (25%), aluguel (10%), impostos (15%), tarifas de água, luz (8%), entre outras. "Não só sentimos como comemoramos a queda dos preços dos alimentos", diz o presidente da Abrasel. Mas ele ressalta que, além dos custos de os bares envolverem serviços e outras despesas na formação de preços, o setor ficou muito pressionado nos últimos anos. Por isso, agora está recompondo as margens perdidas pela queda no faturamento.
De 2015 até meados deste ano, a receita dos bares e restaurantes caiu, em média, 15% por causa da crise. A reação começou nos últimos meses, mas ainda é muito tímida, um avanço de 2,5%, calcula. Como há muitas despesas fixas no setor, como aluguel, por exemplo, e o movimento não cresceu significativamente, não é possível diluir esses gastos fixos e reduzir preços.