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Teatro

- Publicada em 07 de Dezembro de 2017 às 23:14

Um ano nem tão bom, apesar de menos ruim

Tivemos, na última terça-feira, o lançamento de mais um Porto Verão Alegre, mostra de artes, em especial artes cênicas, que tem marcado os verões de nossa cidade, com enorme sucesso, e sobre o que vamos comentar na próxima coluna. Ao lado do Palco Giratório, no primeiro semestre, e o Porto Alegre em Cena, no segundo semestre, forma a tríade de festivais que permitem ao público porto-alegrense conhecer o que se faz através do Brasil e em muitas partes do globo, além de valorizar espetáculos locais, permitindo a reprise de alguns deles ou até mesmo lançamentos, como tem ocorrido nas suas últimas edições.
Tivemos, na última terça-feira, o lançamento de mais um Porto Verão Alegre, mostra de artes, em especial artes cênicas, que tem marcado os verões de nossa cidade, com enorme sucesso, e sobre o que vamos comentar na próxima coluna. Ao lado do Palco Giratório, no primeiro semestre, e o Porto Alegre em Cena, no segundo semestre, forma a tríade de festivais que permitem ao público porto-alegrense conhecer o que se faz através do Brasil e em muitas partes do globo, além de valorizar espetáculos locais, permitindo a reprise de alguns deles ou até mesmo lançamentos, como tem ocorrido nas suas últimas edições.
Neste sentido, o difícil ano de 2017 fechará com um saldo bastante positivo. No entanto, o que deixará uma péssima memória para estes 365 dias que estão quase se encerrando é a onda de iniciativas reacionárias, idiotas e antidemocráticas que fez com que exposições e atividades culturais variadas fossem atacadas e mesmo obrigadas ao cancelamento, como ocorreu com uma exposição em Porto Alegre, promovida pelo Santander Cultural (que cultural, índio?), e outra pelo Masp, em São Paulo, fora intervenções descabidas ao longo da última Feira do Livro, também em nossa cidade.
Tais iniciativas são reacionárias porque partem de conceitos absolutamente ultrapassados, que denotam ou ignorância, ou má fé, ou ambas as coisas juntas.
Essas iniciativas são idiotas porque apenas atestam o desconhecimento e a incompreensão de seus promotores quanto à marcha da História e à evolução dos processos culturais. Nestes casos, sempre lembro o antigo episódio, proporcionado pela Inquisição (que de santa nada tinha...), dentre outros, contra Galileu Galilei. Obrigaram o cientista a se retratar, o que ele fez. Mas passados alguns anos, e vencida a incompreensão daquele contexto, ficou provado que quem tinha razão era Galileu, e não seus detratores, juízes e algozes. O conhecimento científico foi atrasado mas o fenômeno, em si, continuou acontecendo, independentemente da vontade dos intolerantes de então.
Tais iniciativas são antidemocratas porque nenhuma exposição ou projeção cinematográfica ou espetáculo teatral obriga qualquer pessoa a ali comparecer. As pessoas que vão visitar uma exposição, assistir a um filme ou participar de uma encenação dramática o vão por livre e espontânea vontade. E assim como existem aquelas que quiseram ir, haverá outras que não queiram. Mas isso não significa que umas ou outras possam obrigar às demais a fazer o mesmo que elas, seja ao assistirem, seja ao preferirem não assistir a qualquer manifestação. Se a obra exposta, projetada ou encenada for ruim, o receptor logo vai entender, a não ser que se pressupunha - e este é um dos problemas - que só quem proíbe e julga é que entende qualquer coisa e os demais, não - o que projetaria um pensamento monológico lamentável, sob todas e quaisquer circunstâncias.
Os acontecimentos ocorridos no Brasil tiveram alguma repercussão na mídia, mas provocaram reações bem menores do que seria de se esperar, numa sociedade que, ao longo dos séculos, sempre sofreu um controle sensorial contínuo, quer durante o período de domínio colonial português, quer durante os períodos de disputa política, sobretudo os ocorridos no chamado primeiro império, seja, enfim, nas primeiras décadas da república e, depois, nos dois períodos regidos pela legislação de exceção, o Estado Novo e o pós-golpe de 1964, sobretudo depois do AI-5 de 1968. Se preocupa, portanto, tais ocorrências, igualmente preocupa a apatia com que foram recebidos.
Espera-se que a virada da folhinha e a entrada do próximo ano traga, não apenas expectativas em relação às atividades político-eleitorais do País, quanto às atividades culturais. O retardamento do amadurecimento político é grave, mas pode se tornar mais grave se, junto, houver também um retrocesso quanto à liberdade de criação e de expressão. O artigo 5º da Constituição é claro e, ao que eu saiba, não foi revogado. Neste sentido, 2017 foi um ano, nem tão bom assim, embora menos ruim do que se esperava.
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