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- Publicada em 07 de Dezembro de 2017 às 23:13

O coração e a vida

Detalhe da capa do livro

Detalhe da capa do livro


REPRODUÇÃO/JC
Eleanor Oliphant está muito bem (Fábrica 231-Rocco, 352 páginas, tradução de Edmundo Barreiros, R$ 49,90) romance, livro de estreia da escocesa Gail Honeyman, foi finalista do Lucy Cavendish Fiction Prize como obra em desenvolvimento e recebeu o prêmio Scottisch Book Trust's Next Chapter Award em 2014. Gail também foi selecionada no programa Opening Lines da BBC Radio 4 e foi finalista do Bridport Prize. A consagrada escritora Jojo Moyes escreveu sobre o livro: "Eleanor Oliphant está muito bem é uma criação literária verdadeiramente original: engraçada, tocante e imprevisível. Sua jornada é habilmente tecida e absolutamente emocionante".
Eleanor Oliphant está muito bem (Fábrica 231-Rocco, 352 páginas, tradução de Edmundo Barreiros, R$ 49,90) romance, livro de estreia da escocesa Gail Honeyman, foi finalista do Lucy Cavendish Fiction Prize como obra em desenvolvimento e recebeu o prêmio Scottisch Book Trust's Next Chapter Award em 2014. Gail também foi selecionada no programa Opening Lines da BBC Radio 4 e foi finalista do Bridport Prize. A consagrada escritora Jojo Moyes escreveu sobre o livro: "Eleanor Oliphant está muito bem é uma criação literária verdadeiramente original: engraçada, tocante e imprevisível. Sua jornada é habilmente tecida e absolutamente emocionante".
Os leitores brasileiros verão que os prêmios e elogios são bem merecidos. Eleanor Oliphant é uma criatura metódica e solitária, cuja total falta de habilidades sociais e a ausência de filtro ao dizer o que pensa acabam por afastá-la de uma convivência normal em sociedade. Ela é dessas pessoas que mais sobrevivem do que vivem. Sua aparência peculiar a transforma em alvo de piadas na área administrativa da empresa de design gráfico em que trabalha há mais de 10 anos.
Aos 30 anos, parece satisfeita com a vida regrada que leva, com a planta de estimação de seu apartamento, as palavras cruzadas, as incontáveis pizzas congeladas, a vodca e as breves conversas com a mãe, que está na prisão. Eleanor viveu de lar adotivo em lar adotivo até concluir a faculdade, e nunca soube o que é ter o amor e a companhia de outras pessoas e, assim, até conhecer Raymond, o novo funcionário de TI da empresa onde trabalha. Ele e ela salvam a vida de Sammy, um senhor que desmaiou no meio da rua.
A amizade entre os três seres isolados vai tirando-os da vida de isolamento que levavam. Com seu grande coração, Raymond ajudará Eleanor a revisitar grandes traumas vividos no passado e encontrar o caminho para curar suas dores. A narrativa está plena de questões vitais, como relacionamento, perdas, solidão, depressão e autoconhecimento e não depende de grandes reviravoltas absurdas ou pirotecnias verbais para atrair a atenção do leitor.
Contando a saga da mulher que enfrentou, aos 30 anos, os cantos mais obscuros de seu passado, buscando viver com felicidade e amor, o romance de Gail é uma estreia madura e certamente o início de uma carreira literária brilhante.

lançamentos

  • Assassinato no Expresso Oriente (L&PM Editores, 248 páginas, tradução de Petrucia Finkler) traz o clássico romance policial de Agatha Christie que inspirou o filme de Kenneth Branagh, no qual ele interpretou o lendário detetive Hercule Poirot. O crime ocorre no vagão fechado, isolado e sem acesso - a suspeita recai sobre todos os presentes. Johnny Depp, Michelle Pfeifer e Penélope Cruz estão no filme, no trem onde Poirot tem o maior desafio de sua vida.
  • O absoluto e o pós-homem - Como vir-a-ser Deus-que-ultrapassa a si-mesmo (Padrinho - Agência de Comunicação, 196 páginas), do porto-alegrense Sérgio Canarim, bacharel em Filosofia e Direito e pós-graduado em Gestão Empresarial, reflete sobre o sentido da vida. Seria igualar-se ao absoluto? E o que é o absoluto enquanto máxima totalidade radical? Essas e outras questões estão na obra, que abre portas para além da razão e encontra rumos para o que estava proibido de ser dito.
  • Transformação (O Sonho da Traça, 72 páginas), do escritor, empresário e palestrante Jorge Luis Martins, narra a história de Zequinha, menino pobre da periferia de uma grande cidade, exposto a todos os perigos. Os livros e a leitura vão salvá-lo. Na apresentação, o jornalista e escritor Tailor Diniz escreveu: "Pela leitura Zequinha supera as tentações do dinheiro fácil, dos apelos consumistas que ceifam vidas, ao longo do tempo, em ambientes desamparados como aquele onde vive."

Enredados

Pois estamos literalmente enredados. Não só em enredos de contos, romances, novelas, peças de teatro, filmes e conversas de rua, praça, casa, bar ou botequim. Estamos literalmente enredados nas redes sociais. Metade da população do mundo está nas malhas digitais. No Brasil ainda não temos metade das pessoas na web, mas estamos chegando lá. Quem não está nas redes está mais por fora que umbigo de vedete, joelho de escoteiro ou pato fora da água.
McLuhan, canadense, primeiro grande filósofo da era das comunicações, cunhou o termo "aldeia global" e usou a televisão como paradigma das profundas alterações que a tecnologia trazia para a cultura, a economia, a política e muita coisa mais, com planeta transformado em aldeia. O telefone celular e a internet acabaram por concretizar mais profundamente o conceito. A aldeia global era eletrônica, hoje está mais para digital.
Há quem exagere e diga: quem não está conectado nas redes sociais não existe. Caiu na rede é peixe, não caiu é nada, peixe fora da água se debatendo. Há quem pregue volta à vida real, ao convívio "presencial" e físico e pede para as pessoas largarem, ao menos uns minutos por dia, os celulares e tablets. Uns dizem que estamos conectados, mas sozinhos, no meio de milhões. Umberto Eco relatou: "há muitos imbecis nas redes, palpitando toda hora sobre tudo o quanto é assunto, muitas vezes sem a menor competência". É vero!
O excesso de sons, imagens, palavras, opiniões, velocidade, entendimentos e desentendimentos, afagos e tapas na web nos deixa estonteados, estressados, deprimidos e carentes de likes. É preciso ficar atento e não virar um videota completo. É preciso deixar o silêncio e a solidão fazerem a sua parte. Ouvir o silêncio, respirar lento e meditar uns 20 minutos por dia é receita milenar que nos humaniza, nesses tempos em que só falta o defunto ter um celu para conectar o além.
Todo mundo fala tudo, toda hora, dá receita de bolo, de seleção, de país, de governo, de como fazer qualquer coisa a qualquer hora, e até receita de como não ficar 12 horas por dia ligado nas redes, para não pirar de vez. E dê-lhe fake news, mentiras que parecem verdades de tão bem apresentadas ou repetidas e fotos com simpáticos e enganadores "photoshops".
Fotos de ovo frito, de bebê com dois segundos de vida, de sapatos masculinos vermelhos ou amarelos de verniz, cachorro-quente pink, filmes com a pessoa morrendo, com o rosto demolido pelo explosivo acidente com celular, de tiroteio ao vivo no Rio de Janeiro com minutos de duração, ou de pacientes tomando soro "tinto ou branco" no leito do hospital, tudo pode, vale-tudo, pós-moderno e pós-tudo na internet. Estamos definitivamente enredados, embolados uns nos outros, nadando a favor ou contra os ventos e as marés, abraçados e desabraçados. Queremos milhões de amigos, de likes e de comentários favoráveis ou contra. Conecte bem ou mal, mas conecte-me. Indiferença, bloqueio e neutralidade não.

a propósito...

Livros de etiqueta, delicadeza e boa educação estão meio fora de moda. Velozes demais nas redes, opiniáticos em excesso e sem excesso de paciência - na web, muitas vezes respondemos depressa demais, erramos e patrolamos os semelhantes. Claro que comunicamos muita coisa boa na internet, e tomara que assim seja. É preciso dosar bem o quê, como e quando comunicamos. O que vai para a web não se apaga, bom lembrar. Tomara que não se apague o "lado humano" do bem, o meio de comunicação como meio de obter pessoas e países melhores, nesta aldeiazinha global que parece uma Torre de Babel muito louca, uma torre mais parecida com quadro surrealista do que com teorema matemático.