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- Publicada em 26 de Dezembro de 2017 às 16:22

A devoção mariana e a espiritualidade cristã

Dom Aparecido Donizeti de Souza
Dom Aparecido Donizeti de Souza
Somos um povo extremamente religioso, e a devoção popular faz parte de nossa cultura e caminhada eclesial. Nessa gama de devoção popular, sem dúvida, sobressai a devoção mariana, pois Maria é venerada com inúmeros títulos. Exemplos concretos são o amor e a veneração que ela recebe em nosso meio com o título de Senhora dos Navegantes, capaz de reunir milhares de fiéis e devotos em Porto Alegre. Diante disso, é oportuno refletirmos sobre a importância da devoção mariana em vista de uma espiritualidade genuinamente cristã.
Ao falarmos de espiritualidade, estamos, acima de tudo, pensando em uma vida guiada pelo Espírito Santo no seguimento à pessoa de Jesus Cristo. Não tem como pensar em espiritualidade cristã sem essa vida segundo o Espírito, pois "todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus" (Rom. 8, 14). E, com toda razão, podemos afirmar que Maria é exemplo por excelência de quem viveu profundamente essa docilidade à ação do Espírito Santo.
Algumas passagens bíblicas nos apontam para as virtudes de Maria e mostram o papel que ela desempenhou no plano de Deus. Já no episódio da anunciação, Maria soube acolher em sua vida a vontade do Senhor: "Eis, aqui, a serva do Senhor! Faça-se em mim tal como dissestes" (Lc 1, 38). Ainda no mesmo evangelho, ela, sabendo da gravidez de sua prima, sai apressadamente e vai ao seu encontro colocando-se a serviço (cf. Lc 1, 39-56). Esse sim que Maria dá a Deus, aceitando ser a Mãe do Salvador, mudou a face da terra. São João Paulo II, na encíclica "A Mãe do Redentor", lembra que Maria, "como serva do Senhor, permaneceu perfeitamente fiel à pessoa e à missão desse seu Filho" (n. 42). Toda sua vida é, portanto, vivida em função de Jesus Cristo.
Recordemos, ainda, as Bodas em Caná da Galileia (cf. Jo 2, 1-11), onde Maria é sensível às dificuldades pelas quais passam as pessoas e intercede junto ao seu Filho em favor dos mesmos. Diz São João Paulo II que "Maria põe-se de permeio entre seu filho e os homens na realidade das suas privações, das suas indulgências e dos seus sofrimentos" (n. 21). Acreditamos que essa presença intercessora continua no hoje da história humana. São tantos acontecimentos que nos revelam a presença amorosa e materna de Maria junto a homens e mulheres de todos os tempos.
É precisamente isso que celebramos na festa de Nossa Senhora dos Navegantes, ou seja, a certeza da presença e da proteção amorosa de Maria junto aos que se lançam em viagens pelo mar. Essa certeza da presença de Nossa Senhora dos Navegantes junto aos que navegam já nos acompanha há vários séculos. Certamente, essa fé e essa devoção vêm sustentando a caminhada e a vida de muitos em nosso meio.
Importante ter presente que a mesma mãe que amorosamente intercede por nós também nos diz: "Fazei o que ele vos disser" (Jo 2, 5). Ela, portanto, nos aponta para Jesus e quer que o escutemos e o acolhamos como aquele que tem o poder de transformar nossa vida. Ela deseja que sejamos discípulos missionários de seu amado filho neste mundo onde tantas tempestades querem destruir nossas famílias e seus valores fundamentais.
Assim sendo, a exemplo de Maria, que deu seu sim a Deus e se pôs a serviço do outro, que nós, seus devotos, possamos desenvolver as mesmas atitudes. Que nosso sim a Deus nos leve ao encontro dos que mais precisam no mundo de hoje e que os ajudemos em meio às tempestades da vida. 
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