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Aviação

- Publicada em 05 de Dezembro de 2017 às 17:56

Iata teme reversão da norma que regulamenta as bagagens

Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo, regras semelhantes existem em outros países

Segundo a Associação Internacional de Transporte Aéreo, regras semelhantes existem em outros países


/JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) está preocupada com a possibilidade de uma reversão da regulação que determinou o fim da franquia de bagagem nas aéreas brasileiras. Segundo o vice-presidente regional para as Américas da Iata, Peter Cerdá, alguns "representantes do governo estão lutando contra a norma, que ele classificou como "melhores práticas", aceitas em todo o mundo.
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês) está preocupada com a possibilidade de uma reversão da regulação que determinou o fim da franquia de bagagem nas aéreas brasileiras. Segundo o vice-presidente regional para as Américas da Iata, Peter Cerdá, alguns "representantes do governo estão lutando contra a norma, que ele classificou como "melhores práticas", aceitas em todo o mundo.
Ele avaliou que a nova legislação permitiu o empoderamento do consumidor e defendeu que os legisladores deveriam "deixar o mercado decidir" como quer ser cobrado pela bagagem. Segundo ele, normas semelhantes existentes nos Estados Unidos e na Europa levaram à queda dos preços. Ao ser afrontado com a informação de que informações iniciais dão conta de que no Brasil isso não teria acontecido, ele disse que ainda seria pouco tempo de observação desde que a norma entrou em vigor.
Cerdá defendeu a necessidade de o País avançar em buscar uma regulação em linha com os padrões internacionais também em outras frentes e considerou que a legislação brasileira diferente e "protecionista" representa um entrave para o desenvolvimento do mercado nacional. "Essa é a razão pela qual companhias ultra low cost estão preferindo Argentina, Peru e Colômbia, países onde a regulação está mais em linha com o padrão internacional", disse o executivo em evento promovido pela Iata em Genebra.
Ele lembrou que o País registra atualmente cerca de 100 milhões de passageiros, metade dos cerca de 200 milhões de habitantes. "Metade ainda não viaja, esse é um grande potencial, se as autoridades virem as companhias aéreas como um parceiro de negócios", comentou.
Cerdá lamentou o fracasso da tentativa de limitar a 12% a cobrança de ICMS sobre o Querosene de Aviação (QAV), que não passou em votação no Senado recentemente. "A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) trabalha para implementar práticas globais, mas, quando chega no Congresso, não avança", disse.
Em outra frente, o executivo classificou a precificação do combustível de aviação no Brasil como problemática e defendeu uma mudança nesse quesito. O executivo ressaltou que, apesar de ser produtor de petróleo, o País possui um dos combustíveis de aviação mais caros do mundo. De acordo com ele, a precificação brasileira do querosene de aviação leva as aéreas nacionais a registrar um custo de US$ 600 milhões a mais por ano com combustível em relação às companhias internacionais.
Para Cerdá, os governos não deveriam olhar para o setor aéreo como uma caixa ou como um segmento para ricos. "O setor aéreo é um transporte público necessário e pode estimular a economia de um país", defendeu, citando que o Panamá hoje se beneficia de uma regulação "mais inteligente", além de um melhor planejamento de sua infraestrutura aeroportuária, e hoje é considerado o melhor centro de conexões da América Latina, atraindo negócios que favorecem o país econômica e socialmente.

Companhias se recuperam, mas política gera incertezas

As companhias aéreas brasileiras estão se recuperando e conseguiram melhorar suas margens operacionais, após a crise econômica e política que abateu o País desde o ano passado, mas a instabilidade política continua a gerar incerteza, avalia a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês).
O vice-presidente regional para as Américas da Associação Internacional de Transporte Aéreo, Peter Cerdá, salienta que o momento é similar em boa parte da região, com melhora no nível econômico. Mas há a persistência de "temas políticos", que persistirão no ano que vem, quando diversos países deverão realizar eleições presidenciais, disse, sem tecer outros comentários.
Ainda assim, a entidade prevê que as empresas da região registrarão um aumento do lucro no ano que vem, para R$ 900 milhões, ante os R$ 700 milhões estimados para este ano.
Segundo o executivo, os principais mercados em expansão serão Chile, Panamá, Peru e Colômbia. Por outro lado, a situação na Venezuela se deteriorou. Cerdá comentou que a instabilidade política levou 18 companhias aéreas membros da Iata a deixar o país desde 2014 e que atualmente apenas seis seguem operando, enquanto o governo segue bloqueando a repatriação de recursos das aéreas, montante que já soma US$ 3,8 bilhões. "Conduzir os negócios tem sido extremamente difícil e impossível lá por causa da falta de segurança, da prisão de civis e do fraco funcionamento de instituições e serviços", disse. Diante disso, a Iata decidiu fechar seu escritório local, transferindo suas operações para o Panamá a partir de janeiro de 2018.

Lucro das companhias aéreas deve alcançar US$ 38,4 bilhões em 2018

As empresas aéreas globais devem reportar lucros maiores em 2018, atingindo os US$ 38,4 bilhões, uma reversão ante a queda observada nos últimos dois anos e superando o valor recorde de US$ 35,9 bilhões, anotado em 2015, prevê a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata, na sigla em inglês). A entidade avalia que a demanda por transporte aéreo seguirá forte, embora crescendo a um ritmo menor que o observado neste ano. Por outro lado, os custos com combustíveis e obrigações trabalhistas seguirão em alta.
O lucro estimado corresponde a um crescimento de 11,3% em relação ao estimado para este ano. Em relação a 2017, a Iata revisou para cima suas estimativas de lucro líquido, para
US$ 34,5 bilhões, ante os US$ 31,4 bilhões estimados em junho. "Este é um bom momento para o setor de transporte aéreo global", disse o diretor-geral da Iata, Alexandre de Juniac. Ele destacou o aumento do número de passageiros e a expansão da demanda por transporte de carga, que é a mais forte em uma década.
A Iata estima que a demanda por transporte de passageiros encerrará 2017 com um crescimento de 7,5%, ritmo que deve desacelerar em 2018 para 6%, ainda acima da taxa média de expansão dos últimos 10 anos, de 5,5%. Já a expansão da oferta é estimada em 5,7% para o ano que vem. Com isso, a taxa de ocupação deve alcançar um nível recorde de 81,4%, o que deve colaborar para uma melhora de 3% no yield. Ao final, a receita com o transporte de passageiros deve somar US$ 581 bilhões, 92% acima do estimado para 2017.
Já o transporte de carga deve desacelerar em ritmo maior, passando de uma taxa estimada de crescimento de 9,3% neste ano para 4,5% em 2018. A Iata explicou que a forte expansão observada em 2017 é resultado de uma necessidade das empresas de elevar os estoques para fazer frente a uma demanda mais forte que o normal. Ainda que isso não deva se repetir em 2018, o crescimento deve permitir que o yield para transporte de carga cresça 4%, ante os 5% projetados para este ano. Com isso, a receita no segmento deve alcançar, no ano que vem, US$ 59,2 bilhões, 8,6% acima do esperado para 2017.
"O que mudou no transporte de carga é o crescimento do comércio eletrônico, que deve seguir impulsionando o setor no ano que vem", disse a associação, que representa 265 companhias, responsáveis por 83% do tráfego aéreo global; e estima que a margem líquida das aéreas deva ter leve alta em 2018, para 4,7%, ante 4,6% estimado para 2017. A margem operacional, contudo, deve recuar para 8,1%, ante os 8,3% deste ano. Isso porque os custos operacionais devem avançar, com o aumento do preço do combustível de aviação e a alta dos gastos trabalhistas. As despesas financeiras, por sua vez, devem recuar, após uma redução das dívidas.