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Empresas & Negócios

- Publicada em 11 de Dezembro de 2017 às 11:00

Weber Haus aposta na expansão da cachaça

Evandro Weber, diretor da Weber Haus

Evandro Weber, diretor da Weber Haus


JEFFERSON BERNARDES/AGÊNCIA PREVIEW/WEBER HAUS/DIVULGAÇÃO/JC
Guilherme Daroit
Símbolo da cachaça gaúcha, a Weber Haus, de Ivoti, se prepara para colher, nos próximos anos, os frutos de um trabalho de longa data. Junto a outros alambiques e indústrias do Brasil, a destilaria se debruçou, nos últimos tempos, a mudar a imagem da bebida símbolo nacional, transformando-a em um produto cobiçado dentro e fora do País. A expectativa é de que, em mais dois anos, o processo chegue ao seu ápice, abrindo as portas de restaurantes e danceterias.
Símbolo da cachaça gaúcha, a Weber Haus, de Ivoti, se prepara para colher, nos próximos anos, os frutos de um trabalho de longa data. Junto a outros alambiques e indústrias do Brasil, a destilaria se debruçou, nos últimos tempos, a mudar a imagem da bebida símbolo nacional, transformando-a em um produto cobiçado dentro e fora do País. A expectativa é de que, em mais dois anos, o processo chegue ao seu ápice, abrindo as portas de restaurantes e danceterias.
À frente do negócio familiar, criado em 1948, Evandro Weber conta também com a expansão da própria empresa para outros campos: em novembro, a Weber Haus lançou um rótulo de gim, o WH 48, buscando atender aos pedidos dos bares. Inovando ao utilizar insumos regionais e barris da própria cachaça, o produto é mais uma aposta de pioneirismo da empresa, que, ao longo do tempo, introduziu medidas como a produção orgânica de cana e também a geração própria de energia solar.
"Temos que ser os primeiros a implantar as novidades. Não acredito em vice-campeão, porque senão você não é lembrado, é só mais um", afirma o diretor da empresa, que cresce em torno de 15% no ano e já exporta aguardentes para quase duas dezenas de países.
JC Empresas & Negócios - Como está o momento do mercado de cachaça?
Evandro Weber - A cachaça continua crescendo no mercado brasileiro. Acredito que, em mais dois anos, ela chegará no auge, no lugar em que ela deve se posicionar. Estamos em um processo longo de o público das classes A e B conhecerem a cachaça e tirarem um pouco do preconceito. Hoje em dia, as pessoas não têm mais vergonha de beber cachaça, o que já é uma evolução. Mais dois anos, em qualquer lugar que você chegar, o garçom te oferecerá cachaça. Antes, ele te oferecia caipirinha de cachaça ou de vodca, agora não. Hoje, o consumidor já exige a caipirinha de cachaça.
Empresas & Negócios - Que papel a Weber Haus e as cachaçarias gaúchas tiveram nesse processo?
Weber - Deixando as garrafas mais bonitas, fazendo marketing, mostrando como se fabrica uma boa cachaça, abrindo a empresa. Depois que as pessoas viram tudo isso, não têm mais dúvida de que cachaça é um produto premium. O que falta é conhecimento. A cachaça passa por uma evolução nesse sentido, cada vez mais vem sendo reconhecida nos bares e restaurantes, você já encontra em danceterias. Mas ainda falta. E sempre há novas bebidas que vêm do mercado externo para dentro e tiram um pouco desse foco.
Empresas & Negócios - Há pouco tempo, se falava na vodca e no uísque. São esses ainda os concorrentes?
Weber - No momento parece ser o gim que faz esse papel. Voltaram à moda o gim-tônica, o negroni junto com cachaça. A vodca vemos sendo muito utilizada a de baixo preço, nas baladas. Acho que a cachaça ainda falta um pouco para chegar nesse status. E o uísque vem partindo muito para a mixologia, como a vodca já fez, e a cachaça chegando nisso também. Os bartenders estão sabendo o que é a cachaça, os produtores estão passando a informação e surpreendendo muito os mixologistas. Os chefs de cozinha também começam a cozinhar com cachaça, e isso é um sinal bom.
Empresas & Negócios - Falando em gim, vocês recentemente lançaram um próprio, o WH 48. Qual a ideia com o lançamento?
Weber - O gim foi uma das ideias que tivemos, porque temos todas as matérias-primas. Os botânicos que utilizamos foram a erva-mate, o gengibre nativo e a folha de cana, as três infusões junto com o destilado de zimbro (ingrediente básico do gim), que, no nosso caso, vem da Albânia. Nós queríamos fazer bem tradicionalista, dar esse toque para chamar a atenção. Somos o primeiro gim repousado em barricas de madeira brasileira, e apenas o segundo do mundo a usar barricas de madeira. As barricas são usadas por seis anos para a cachaça, já tem sabor na madeira, e armazenamos aí o gim por oito meses. É uma inovação e um produto que vem chamando muito a atenção, até por ser orgânico e também kosher, buscando atingir o consumidor judeu.
Empresas & Negócio - Pretendem fazer também outras bebidas ou é apenas o aproveitamento de um espaço vago?
Weber - O gim foi pelo momento. Pode se fazer rabo de galo com gim e cachaça, por exemplo, então já temos um produto a mais. Se teremos novos produtos no futuro? Acredito que sim, temos que acompanhar o mercado. Os mixologistas nos solicitam outras bebidas, vamos ouvindo e aderindo dentro do que for possível. Temos licores, bebidas alcoólicas mistas, cachaças envelhecidas em sete tipos de madeiras diferentes, nosso portfólio já é bem grande dentro da linha. O gim nos trouxe a possibilidade de produzir na entressafra da cachaça. A destilaria ficava parada por quatro ou cinco meses no ano, e agora vamos destilar gim nessa época.
Empresas & Negócios - Voltando à cachaça, a Weber Haus é reconhecida como exportadora. Como andam as vendas ao exterior?
Weber - Mudou bastante. Antes, quando se falava em cachaça, se falava em preço. Hoje, já têm países, com os quais mantemos contato há muitos anos, que querem uma cachaça premium, estão buscando novidades. Isso nos deixa muito felizes, é um trabalho de longos anos fazendo feiras, as pessoas começam a degustar, e essa curiosidade agora chega ao mercado externo também. Fechamos este ano com exportações para 19 países, representando mais de um terço das vendas.
Empresas & Negócios - O reconhecimento do nome "cachaça" teve impacto nisso?
Weber - Nos países que já fecharam o acordo, isso está sendo reconhecido. "Brazilian rum", graças a Deus, não precisamos mais colocar no rótulo. Já reconhecem a denominação Estados Unidos, México, Colômbia, está sendo discutida agora na negociação do Mercosul com a Europa também, outros países asiáticos em debate. O que vem acontecendo é que países, principalmente Alemanha e Espanha, importam cachaça de má qualidade, engarrafam e vendem para outros países como cachaça. Isso será diferente a partir do momento em que tivermos mais acordos. Nos Estados Unidos, por exemplo, a cachaça vem crescendo muito. Mas ainda têm poucas marcas naquele mercado, não passam de 10. Nós estamos lá com três, a Weber Haus, a Lundu e a Fogo de Chão, própria da rede de churrascarias, que nós fazemos. Cachaça é um produto genuinamente brasileiro, e o governo está começando a entender isso. É diferente do vinho, que tem no mundo todo. Sempre digo que, se cada chinês começar a tomar só um martelinho por mês, não há cachaça suficiente no Brasil. Imagina então quando for o mundo inteiro. E temos grandes chances de as cachaças gaúchas levarem uma fatia boa disso.
Empresas & Negócios - A Weber Haus consegue crescer mesmo com crise dos últimos anos?
Weber - Na produção, crescemos todos os anos, porque temos depois que envelhecer a bebida. Não adianta fabricar só o que vende, porque temos cachaças envelhecidas de um a 12 anos, temos que produzir mais do que vendemos. Em 2017, produzimos 15% a mais, e as vendas estão crescendo em torno disso também.
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