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Empresas & Negócios

- Publicada em 04 de Dezembro de 2017 às 12:08

Geração millennials entra nas sucessões


HAHN.ELISABETH34 VIA VISUALHUNT.COM /DIVULGAÇÃO/JC
Dá-se hoje uma troca de bastão geracional no mercado de trabalho, e os que chegam têm pressa de criar e crescer, como em seus Snapchats, mas são freados por ambientes que evoluem em velocidade pré-Orkut. Querem líderes inspiradores que proporcionem oportunidades em vez de chefes que lhes tolham a criatividade. Desejam que o emprego tenha propósito e não estrague seu bem-estar. Sabem, porém, que se decepcionam na velocidade do WhatsApp e que precisam de ajuda para controlar essa ansiedade.
Dá-se hoje uma troca de bastão geracional no mercado de trabalho, e os que chegam têm pressa de criar e crescer, como em seus Snapchats, mas são freados por ambientes que evoluem em velocidade pré-Orkut. Querem líderes inspiradores que proporcionem oportunidades em vez de chefes que lhes tolham a criatividade. Desejam que o emprego tenha propósito e não estrague seu bem-estar. Sabem, porém, que se decepcionam na velocidade do WhatsApp e que precisam de ajuda para controlar essa ansiedade.
O perfil dessa galera - pode chamar de millennials ou geração Y, mas ela não está muito aí para rótulos - emerge, em levantamento da Trendsity, encomendado pela Arcos Dorados, rede de franquias de restaurantes McDonald's. A pesquisa mostra que, para aproveitar o potencial criativo dos jovens, os empregadores precisam oferecer um espaço que ao menos tente estar à altura de suas expectativas. Paralelamente, precisam ensiná-los a tolerar as incontornáveis frustrações do mundo corporativo e tirá-los do isolamento natural de quem enxerga o mundo através de uma tela de seis polegadas.
O estudo ouviu 1.800 jovens de 18 a 27 anos em entrevistas on-line por toda a América Latina, sendo 500 no Brasil. Para Ilton Teitelbaum, coordenador da pesquisa, jovens profissionais que "não toleram nanossegundos de tédio" e trocam emoções via emoticons precisam ser educados para o aspecto coletivo do trabalho. "Ele, que sempre controlou seu barquinho, agora está em um navio e precisa ser ensinado a fazer parte da tripulação. A geração que está no comando também deve aprender a conversar na linguagem deles."
Os próprios jovens profissionais reconhecem essas vulnerabilidades. Segundo a pesquisa, 64% avaliam sua geração como mais exigente e difícil de satisfazer. Sérgio Neves, de 25 anos, considera-se um engenheiro de sorte, por ter conseguido emprego em ano de crise e formatura. Mas isso não o impede de enxergar que a transição pode, sim, ser frustrante e ficar aquém das expectativas infladas ao longo de anos em sala de aula.
"Esse é maior sofrimento, já que as primeiras funções são burocráticas, o que é um pouco limitador", conta Neves. "Mas entendo que faz parte, já que é preciso partir de algum lugar. Só que algumas empresas poderiam dar mais oportunidade para a inovação. Muitas companhias são resistentes, simplesmente porque já têm algo que funciona."
Sua sensação é corroborada por seus pares: 65% valorizam a possibilidade de fazer propostas, e 68% acreditam que vieram para buscar maneiras diferentes de fazer as coisas. O engenheiro Neves também aprendeu que a onipotência que os recém-formados enxergam em si próprios é ilusória.
Segundo a pesquisa, oito em cada 10 millennials confiam em seus próprios talentos e habilidades, enquanto apenas um terço considera que a sociedade compartilha dessa confiança. "A gente chega achando que sabe tudo e depois vê que não é bem assim. Na minha experiência profissional de três anos atrás, aprendi no tranco. Eu pegava o máximo de coisa para fazer, mas nem sempre conseguia entregar", admite.
Entre os entrevistados, 62% acham que se frustram ou se desmotivam mais rapidamente se não conseguem resultados rápidos no trabalho. Seis em cada 10 se imaginam independentes ou empreendedores em uma década. "O diferencial dessa geração é a pressa de crescer. Além disso, eles têm no convívio social uma fragilidade. Isso tudo gera uma demanda por mentoria", afirma Marcelo Carvalho, diretor de Recursos Humanos da firma de softwares SAP Brasil, que aparece no alto de rankings especializados em desejo dos jovens.
A Robert Half, de recrutamento especializado, tem notado rotatividade maior dos jovens nos seus próprios currículos. Mas existe um descompasso demográfico entre uma necessidade constante de evolução e uma duração cada vez maior das carreiras, observa o diretor Fernando Mantovani. "Uma carreira dura de 40 a 50 anos, sobretudo para uma geração cuja expectativa de vida está se aproximando dos 85, 90 anos. É preciso dosar esse imediatismo tendo isso em perspectiva."
Aluna de Direito do Ibmec-RJ, Thaís Jorge fala no ritmo característico dos seus 19 anos. Sua rotina é o espelho de uma geração na qual 80% dos integrantes acreditam que "as empresas têm o poder de fazer a diferença para um melhor futuro". Além de aulas, monitoria e estágio, ela dividiu sua agenda nos últimos anos com uma ONG humanitária e um coletivo de mulheres. "Aliar o lado profissional ao humano é o que é perfeito. O trabalho precisa ser remunerado com felicidade, não só com dinheiro", defende a estudante, que quer ser professora, não necessariamente um caminho para enriquecer no Brasil.
Alguns empregadores têm explorado esses aspectos. Nas Lojas Renner, uma das estratégias de engajamento que têm dado certo, segundo a diretora de RH, Clarice Martins Costa, são as chamadas "histórias de encantamento". A varejista reúne relatos de funcionários que tiveram atitudes surpreendentes para satisfazer os desejos dos clientes ou promoveram boas ações. A companhia também realiza palestras sobre temas como felicidade e incentiva o voluntariado.
A pesquisa também identificou que 69% dos jovens classificam de escassas as oportunidades para eles, e 77% se queixam da prática de exigir experiência prévia - conjunturas que se agravam em tempos de desemprego alto. "Exigir experiência prévia no primeiro emprego é algo doido. Por isso não exigimos qualquer pré-requisito, além de vontade de aprender. E como nosso processo de trabalho é muito próprio, preferimos que eles sejam treinados pela primeira vez neles", explica o diretor de RH do McDonald's Brasil, Marcelo Nóbrega.
A experiência de Maria Roseana Matias, de 21 anos, mostra que, oferecidas as oportunidades, os empregadores podem esperar fidelidade e empenho. Paraibana de Massaranduba, ela foi para o Rio de Janeiro com apenas 16 anos. Conseguiu uma vaga de atendente em um McDonald's e, em quatro anos, foi promovida três vezes. "Quero fazer faculdade para agregar novas habilidades ao trabalho que presto hoje."
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