O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a JBS, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), enviou um ofício ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), e à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pedindo a rescisão do acordo de delação premiada firmado com Wesley Batista, um dos donos da empresa. O senador alega que, ao preferir ficar em silêncio durante seu depoimento à comissão, Wesley descumpriu uma das cláusulas do acordo, que determina que ele deve falar a verdade em todas as investigações em que for chamado a colaborar.
No pedido enviado a Fachin, Ataídes de Oliveira pede ainda que o acordo de Ricardo Saud, executivo da JBS, também seja rescindido. O acordo de Saud, contudo, já foi cancelado, em setembro, pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na mesma decisão em que rescindiu a delação de Joesley Batista. Na época, Janot ressaltou que as provas apresentadas pelos dois delatores continuam válidas. Somente os benefícios obtidos por eles, como a imunidade penal, foram cancelados.
"Desse modo, pela recusa dos senhores Wesley Batista e Ricardo Saud em responder aos questionamentos feitos pelos membros, restou flagrante o descumprimento dos seus respectivos acordos de colaboração premiada celebrados com o Ministério Público Federal e homologados pelo Supremo Tribunal Federal", escreveu o senador.
Em seu depoimento na CPI da JBS, na quarta-feira, Wesley alegou que, se respondesse às perguntas dos parlamentares, poderia prejudicar o acordo feito com o Ministério Público Federal (MPF). No entanto, o empresário fez uma fala inicial, com um breve discurso contra as medidas adotadas contra ele e o irmão. Os dois estão presos sob acusação de descumprirem o acordo e usar informações privilegiadas para lucrar com operações na Bolsa de Valores.
"Não tínhamos ideia de quanto isso afetaria nossas vidas, nossa família, nossos filhos. Se tornar colaborar não é fácil. É uma decisão solitária, da medo e causa muita apreensão", afirmou.