Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

operação lava jato

- Publicada em 08 de Novembro de 2017 às 21:52

Nomeação de Segóvia para a Polícia Federal agrada aos políticos

Anunciado ontem, o novo chefe da Polícia Federal (PF) escolhido pelo presidente Michel Temer (PMDB), Fernando Segóvia, era o candidato defendido por políticos para ocupar o posto de Leandro Daiello, que está no cargo desde 2011, o primeiro ano de governo de Dilma Rousseff (PT).
Anunciado ontem, o novo chefe da Polícia Federal (PF) escolhido pelo presidente Michel Temer (PMDB), Fernando Segóvia, era o candidato defendido por políticos para ocupar o posto de Leandro Daiello, que está no cargo desde 2011, o primeiro ano de governo de Dilma Rousseff (PT).
Entre os políticos que fizeram campanha para Segóvia estão o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), e o subchefe de assuntos jurídicos da pasta e um dos principais conselheiros do presidente, Gustavo Rocha.
O candidato apoiado por Daiello era o diretor executivo da corporação Rogério Galloro. O nome dele chegou até a mesa do presidente Temer, mas enfrentou forte resistência da classe política, que apoiava Segóvia.
Na avaliação da atual cúpula da Polícia Federal, Temer não faria nenhuma troca de chefia antes que a segunda denúncia contra ele fosse votada na Câmara dos Deputados.
O presidente Temer anuncia a escolha de Fernando Segóvia menos de um mês após a votação que enterrou a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República.
Não é só o grupo de Daiello que vê a nomeação de Segóvia como um ato de grande influência política. Nos bastidores, a Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) tem a mesma avaliação.
A associação não apoiava Daiello e chegou a fazer uma lista com nomes de delegados para ocupar o cargo de diretor da PF. No entanto, passou a apoiar que ele permanecesse à frente da corporação até o fim do governo Temer depois que tomou conhecimento da mobilização dos políticos para nomear Segóvia.
Segóvia foi superintendente da Polícia Federal no Maranhão e tem proximidade com políticos locais, como o ex-presidente José Sarney (PMDB), que também apelou junto a Temer por sua nomeação.
Mas foi Padilha um dos principais fiadores da indicação do novo diretor-geral da Polícia Federal. Segundo apuração da reportagem, o chefe da Casa Civil - um dos aliados mais próximos a Michel Temer - fez seu mais forte apelo para a escolha de Segóvia nas horas seguinte à Operação Tesouro Perdido, que encontrou R$ 51 milhões em um apartamento na Bahia atribuídos ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB).
Interlocutores de Padilha afirmam que o ministro argumentava que era a hora de mudar o perfil da PF, comandada há quase sete anos por Leandro Daiello, e encarou o episódio que ligava a fortuna a Geddel como uma espécie de gota d'água.
Na cúpula da Polícia, as articulações de Padilha foram compreendidas como se ele estivesse com receio de onde as investigações poderiam chegar. Há dois inquéritos sobre o ministro em andamento no Supremo.
Depois do episódio, a PF incluiu no caso chamado "quadrilhão do PMDB", além de Temer e Geddel, Padilha, Moreira Franco (Secretaria-Geral, PMDB) e os ex-presidentes da Câmara Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha.
A pressão do chefe da Casa Civil em prol de Segóvia irritou o ministro da Justiça, Torquato Jardim, que inicialmente defendia o nome de Rogério Galloro - número dois da PF - para o cargo de Daiello.
O dinheiro do ex-ministro de Temer foi encontrado em 5 de setembro. Dois dias depois, Jardim anunciou que trocaria o chefe da PF, mas mudou os planos.
Nos bastidores, o ministro da Justiça explicou que seu recuo se devia à grande especulação para nomear Segóvia e acertou a permanência de Daiello para que isso não ocorresse.
Segundo auxiliares de Temer, porém, o presidente havia decidido por Segóvia após ter sido aconselhado por diversos aliados políticos que esperavam uma mudança de perfil da PF no comando das investigações.
De acordo com esses interlocutores, Temer esperava o momento certo, de desgaste de Jardim, para fazer o anúncio.

Nomeação agrada à maioria dos sindicatos da PF

"O Fernando Segóvia é um homem de time." A definição do perito Marcos Camargo, presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, sobre o novo diretor-geral da Polícia Federal (PF) pode ser amplificada nos sentidos ou mesmo levada ao pé da letra.
O delegado é o centroavante do time dos Veteranos da PF e, nas peladas dos fins de semana, veste a mesma camisa dos jogadores peritos, papiloscopistas, escrivães e agentes.
Fora do campo, Segóvia é considerado de perfil agregador, adjetivo comum usado pelos policiais ouvidos pela reportagem. Ele frequenta os eventos das diferentes associações e cultiva amizades também fora do círculo dos delegados. "Ele é muito participativo, é simples, se relaciona facilmente com todas as categorias", diz Sandro Avelar, presidente da Fenadepol (Federação Nacional dos Delegados de Polícia).
Segóvia vai assumir a entidade num momento de animosidade entre delegados e os funcionários das outras carreiras da Polícia Federal. Nos últimos anos, não foram raros os protestos em que agentes colocavam pianos de papelão e isopor em frente às delegacias para passar o recado de que carregavam o instrumento para que os delegados tocassem, mas não eram valorizados por isso.

Daiello foi o mais longevo diretor da PF após o fim da ditadura militar

Leandro Daiello deixa o comando da Polícia Federal como o mais longevo diretor-geral da instituição desde o fim da ditadura militar. Foram quase sete anos, desde o início do primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT), em 2011 - Romeu Tuma permaneceu no cargo por seis anos e três meses. Daiello foi superintendente da PF em São Paulo e chefiou a corporação ao longo da Operação Lava Jato, enfrentando oposição de alguns setores da PF. Permaneceu no posto após o impeachment de Dilma. Em sua gestão, a PF fortaleceu as áreas ligadas à corrupção. Daiello será substituído por Fernando Segóvia, delegado de carreira.
Diretores da PF desde o fim da ditadura militar:
  • Luiz de Alencar Araripe (março de 1985 a janeiro de 1986)
  • Romeu Tuma (janeiro de 1986 a abril de 1992)
  • Amaury Aparecido Galdino (abril de 1992 a julho de 1993)
  • Wilson Brandi Romão (julho de 1993 a fevereiro de 1995)
  • Vicente Chelotti (fevereiro de 1995 a março de 1999)
  • Wantuir Jacini (março de 1999 a junho de 1999)
  • João Batista Campelo (junho de 1999)
  • Agílio Monteiro Filho (junho de 1999 a abril de 2002)
  • Itanor Neves Carneiro (abril de 2002 a julho de 2002)
  • Armando de Assis Possa (julho de 2002 a janeiro de 2003)
  • Paulo Lacerda (janeiro de 2003 a setembro de 2007)
  • Luiz Fernando Corrêa (setembro de 2007 a janeiro de 2011)
  • Leandro Daiello (janeiro de 2011 a novembro de 2017)