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Opinião

- Publicada em 20 de Novembro de 2017 às 15:57

Combater segregação racial é uma atitude coletiva

Quando a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) faz uma não prevista chamada de candidatos que ingressaram em curso superior por conta das cotas raciais para negros, pardos e indígenas, 334 estudantes, observa-se o quanto é difícil se erradicar o espírito do "jeitinho" no Brasil.
Quando a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) faz uma não prevista chamada de candidatos que ingressaram em curso superior por conta das cotas raciais para negros, pardos e indígenas, 334 estudantes, observa-se o quanto é difícil se erradicar o espírito do "jeitinho" no Brasil.
Pior, a rigor trata-se de algo ilegal e que, confirmada a suspeição de que o candidato está cursando a Ufrgs por meio de cotas sem ter, realmente, direito, ele será, imediatamente, desligado.
Passados 129 anos da Abolição da Escravatura, por ato de princesa Isabel, em 13 de maio de 1888, o fato é que, realmente, ainda temos preconceitos, geralmente velados, contra a presença dos negros e indígenas em certos círculos.
A liberdade pela Lei Áurea de milhares de famílias negras as deixou, quase que totalmente, desamparadas, analfabetas, trabalhando para ter um lugar onde dormir e alimento. Só.
Pois, hoje, o Brasil é um país com população declarada negra superior a 53%, mas entre os 1% mais ricos do País são apenas 17,8%, segundo o IBGE. Esse processo demográfico é fruto dos mais de 300 anos de escravidão que trouxe mais de 10 milhões de africanos para o Brasil.
Contudo, as consequências dessa barbárie continuam produzindo suas vítimas. É que os negros ainda sofrem com o genocídio diário: entre 2005 e 2015, a taxa de morte por homicídio entre negros aumentou 18,2% entre homens e 22% entre mulheres, enquanto a da população branca caiu 12,2% entre os homens e 7,4% entre as mulheres.
Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), temos 23,5% maior probabilidade de um negro ser assassinado, em relação a cidadãos de outras raças/cores. Não significa exatamente dizer que vivemos em um regime de Apartheid, como na África do Sul, e sim que negros no Brasil são vítimas de um racismo estrutural enraizado, mesmo o pós-abolição.
Pois neste dia 20 de novembro, ocorreu o Dia da Consciência Negra, mas que ainda divide opiniões sobre seu significado e importância em nossa sociedade, não sendo um feriado nacional. Muitos questionam: o dia 20 de novembro é para celebração ou reflexão?
Nos Estados Unidos, onde negros possuem conflitos raciais semelhantes, o Movimento Black Money (MBM) é um fomentador para o desenvolvimento do ecossistema do empreendedorismo negro, trabalhando com a difusão de conteúdos nas áreas de inovação, tecnologia, comportamento e finanças. Nos EUA, o racismo é aberto, ao contrário do que ocorre no Brasil, por isso existem manifestações mais expressivas na busca por mudanças da realidade do negro.
Assim, surgiram nos EUA, instituições financeiras pensadas para negros e presididas por negros - o chamado Black Money, como o One United Bank, banco onde os negros mais famosos do país são correntistas. Os norte-americanos enxergam a grande produção de renda por parte dos negros como uma forma de protestar contra injustiças e discrepâncias sociais mesmo essa população sendo apenas de 14%, número não substancial se comparado com a realidade brasileira.
Mas, no Brasil o combate à segregação, velada ou não, passa por uma mudança de concepção, de cultura, de maneira de ver o semelhante, independentemente da cor da pele. Por isso, é toda uma atitude coletiva que precisamos impor. Não é fácil, nem rápido. Mas é preciso.
 
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