Há 37 anos na presidência, Robert Mugabe renuncia

O agora ex-presidente do Zimbábue Robert Mugabe apresentou ontem sua renúncia ao cargo, dando fim a 37 anos de governo. Mugabe, que comandava o país desde a independência, em 1980, enviou uma carta ao Parlamento anunciando sua saída do cargo imediatamente. A Casa tinha marcado para ontem uma sessão para aprovar o impeachment do governante.

"Eu, Robert Mugabe, venho aqui apresentar formalmente minha renúncia como presidente do Zimbábue com efeito imediato", diz o documento. Coube ao presidente do Parlamento, Jacob Mudenda, anunciar a renúncia. Na sequência, ele cancelou o processo de impeachment.

Mudenda afirmou que o Parlamento agora vai terminar os detalhes legais necessários para a transição e disse esperar que o novo governo assuma o país hoje. A expectativa é que o ex-vice-presidente Emmerson Mnangagwa assuma o comando. Mugabe não indicou um sucessor na sua carta. O anúncio foi celebrado pelas ruas de Harare, capital do país, com milhares de pessoas saindo para comemorar a decisão.

Na carta de renúncia, Mugabe diz que a decisão visa garantir uma transição tranquila. Com 93 anos, ele foi afastado do comando no dia 15, quando os militares detiveram ele e a primeira-dama, Grace Mugabe. A partir de então, o líder passou a ser pressionado pelos militares e antigos aliados a apresentar sua renúncia, o que ele tinha se negado a fazer até então.

A União Nacional Africana Zimbabuana (Zanu-PF) destituiu Mugabe da presidência da sigla governista e deu até a segunda-feira para que ele se afastasse do comando do país. Como isso não aconteceu, o partido deu início ao processo de impeachment. A ação dos militares ocorreu depois que Mugabe afastou Mnangagwa do cargo de vice-presidente, sinalizando que passaria o poder para a primeira-dama.