O presidente do Líbano, Michel Aoun, acusou ontem o governo da Arábia Saudita de manter o primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, e sua família como reféns, chamando a ação de "um ato de agressão". "Não vamos aceitar que ele permaneça um refém cujo resgate não sabemos qual é", afirmou Aoun em um comunicado.
"Nada justifica que Hariri não tenha retornado ao Líbano em 12 dias. Por isso, consideramos que ele esteja detido", prosseguiu Aoun. O presidente libanês acrescentou que a família de Hariri está detida em sua residência na Arábia Saudita, sendo revistada sempre que entra ou sai.
O primeiro-ministro renunciou abruptamente ao cargo em um comunicado transmitido pela televisão da capital saudita, Riad, em 4 de novembro, jogando o Líbano em meio a uma disputa de poder entre a Arábia Saudita e o Irã. Desde então, ele não retornou ao país, mas prometeu fazê-lo nos próximos dias.
Aoun declarou que não aceitará a renúncia de Hariri até que ele volte ao Líbano e a anuncie formalmente, explicando seus motivos. Políticos próximos ao primeiro-ministro dizem que ele foi coagido a renunciar pelos sauditas.
Hariri sempre foi um aliado da Arábia Saudita no Líbano, enquanto Aoun é parceiro político do Hezbollah, grupo islâmico xiita com fortes laços com o Irã e que os sauditas consideram uma organização terrorista. O governo de coalizão do Líbano foi formado no ano passado, após um acordo político que tornou Aoun presidente e Hariri premiê, e que incorporou membros do Hezbollah no gabinete.