Ser sustentável está na moda. Empresas de todos os ramos, cada vez mais, procuram adaptar os seus negócios à sustentabilidade, por uma série de motivos. E foi por questão ideológica que a designer de moda Carina Brendler, 24 anos, decidiu seguir esta linha. Hoje, a jovem é proprietária do ateliler
Carina Brendler Eco Clothing, inaugurado no dia 19 de outubro. No local são alugadas e vendidas roupas de festas produzidas a partir de retalhos.
A história dela com aproveitamento de tecidos vem desde a faculdade. Formada em 2012, enquanto estudante, Carina percebia um desperdício exuberante no processo de produção dos trajes. Foi aí que decidiu trabalhar com retalhos, e o assunto acabou virando seu Trabalho de Conclusão de Curso. Com passagens por outros ateliês, em 2015, a designer assinou sua primeira coleção, inteiramente baseada no uso de retalhos, muito deles adquiridos por doação e de peças oriundas de brechó. "Eu pedia para as colegas da faculdade, conseguia doação, alguns lugares me davam, outros vendiam por quilo, que custa mais ou menos R$30,00", explica Carina. Hoje, ela dá prioridade a usar retalhos de tecidos nobres.
De início, Carina ficou um pouco decepcionada com os resultados, uma vez que algumas peças levaram quase dois anos para serem vendidas. No ano passado, a designer de moda tentou abrir uma loja de roupas casuais no bairro Cidade Baixa, em parceria com uma amiga, porém o projeto não decolou. Logo que fechou a loja, resolveu seguir o caminho que desde o início já tinha decidido. "Eu vou fazer o que eu gosto, que é retalho e roupa de festa. Tem que ser os dois, senão não vou conseguir ser feliz", lembra Carina.
E os resultados têm vindo, ao ponto de aumentar a equipe - composta por ela, Lucinei de Gomes, 52 anos, e Araxane Machado, 27 anos. Em 2017, foram mais de 50 clientes que passaram pelo ateliê. As peças de aluguel variam entre R$100, 00 e R$ 400,00, e as para venda dependem muito do modelo escolhido pela cliente. "Hoje, as clientes já acreditam que podem sair roupas lindas a partir de retalhos, confiam no meu trabalho", pontua. No mês de março, o ateliê entrega o primeiro vestido de noiva.
Hoje, a designer tenta desperdiçar o mínimo no processo de fabricação das roupas, mas ela entende que "100% sustentável nenhuma empresa é. A partir do momento em que tu estás criando alguma coisa, tu já estás, de certa forma, agredindo o meio ambiente, seja de pequena ou grande forma. E o que a gente tem que fazer? Tentar causar o mínimo de impacto possível", sustenta. Ainda assim, ela enxerga que muitos usam esse título como chamariz para o consumidor. "Mas, se diz ser sustentável, tu não podes mentir para o teu cliente, tu tens que ser", aconselha.
O Carina Brendler Eco Clothing atende de segunda a sábado, com horário marcado.
Primeiro vestido de noiva da marca será usado em março de 2018 | Foto: MARCELO G. RIBEIRO/JC