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- Publicada em 24 de Novembro de 2017 às 15:30

Vendas tímidas na produção nacional

Safra 2018 deve ser considerada normal, a se confirmarem as previsões de clima regular

Safra 2018 deve ser considerada normal, a se confirmarem as previsões de clima regular


VINÍCOLA MIOLO/DIVULGAÇÃO/JC
Com o verão e o fim do ano se aproximando, começa a expectativa para o desempenho da safra 2018 e para o comportamento das vendas no principal período para o setor. Depois de dois anos pouco estáveis - 2016, com perdas que chegaram a 57% da produção; e 2017, com recuperação recorde -, a safra 2018 deve ser considerada normal, a se confirmarem as previsões de clima regular. Já as vendas, que vinham em baixa, entraram no último trimestre do ano aquecidas, mas ainda não se sabe se o desempenho do final do ano será suficiente para recuperar a fraca performance dos três primeiros trimestres de 2017.
Com o verão e o fim do ano se aproximando, começa a expectativa para o desempenho da safra 2018 e para o comportamento das vendas no principal período para o setor. Depois de dois anos pouco estáveis - 2016, com perdas que chegaram a 57% da produção; e 2017, com recuperação recorde -, a safra 2018 deve ser considerada normal, a se confirmarem as previsões de clima regular. Já as vendas, que vinham em baixa, entraram no último trimestre do ano aquecidas, mas ainda não se sabe se o desempenho do final do ano será suficiente para recuperar a fraca performance dos três primeiros trimestres de 2017.
Os motivos para a timidez nas vendas se originam, principalmente, na crise econômica, que ainda se reflete em muitos setores no País. Com a persistência da instabilidade no cenário macroeconômico, houve baixa considerável no poder aquisitivo das pessoas, o que fez com que elas migrassem para produtos de preço mais acessível. Por outro lado, o aumento nos custos e, principalmente, na carga tributária que incide sobre o setor vinícola fez com que o produto brasileiro registrasse alta. "Ao mesmo tempo em que o consumidor passou a comprar um produto mais barato, os custos da cadeia produtiva aumentaram muito. Muitas empresas estão no limite, pois, mesmo sem repassar as margens para o preço final, o desempenho de vendas foi fraco", explica o presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Dirceu Scottá.
Uma das evidências do momento complicado para o vinho nacional é o aumento na comercialização dos importados de baixo custo. "Houve crescimento na importação, mas de produtos de valores cada vez mais baixos, o que desafia o custo mínimo e o equilíbrio do mercado. Nessa busca por preços mais em conta, o cliente fica refém dos itens de menor qualidade", acrescenta Scottá.
A importação revela ainda o desequilíbrio entre o setor no Brasil e nos demais países produtores - muitos dos rótulos que entram no mercado nacional a preços convidativos ganham, em seus locais de origem, pacotes de incentivos e subsídios dos governos que tornam a competição desigual. Scottá comenta que, com uma taxação que fica em torno de 56% do valor da garrafa, a competitividade do vinho brasileiro despenca diante dos importados.
Outro lado dessa mesma moeda é a produção mundial de vinho, que também registrou queda neste ano, pressionando ainda mais o preço final do produto nos mercados globais. Segundo dados da Organização Internacional do Vinho (OIV), o volume caiu 8,2% em todo o mundo, o menor resultado em 50 anos. A causa são as condições meteorológicas desfavoráveis na maior parte dos sítios produtores, especialmente Itália (menos 23%), França (menos 19%) e Espanha (menos 15%). Exceções são Argentina e Brasil, sexto e 14º produtores mundiais, respectivamente, que registraram crescimento em seus volumes, em comparação com os dados de 2016. Essa queda no volume global, segundo Scottá, pode representar escassez, o que naturalmente eleva o preço em todos os mercados.
Ao mesmo tempo, o consumo de vinho vem aumentando, de acordo com o presidente do Ibravin. O interesse dos jovens pelo universo da bebida aponta para um número crescente de adeptos ao hábito de beber vinho. O desafio da indústria brasileira, porém, é atrair estes novos consumidores para o produto nacional. "O vinho brasileiro já conquistou um padrão de qualidade que o habilita aos paladares mais exigentes. Quem experimenta não se arrepende. No entanto não podemos frustrar o consumidor com preços desproporcionais e nada competitivos, pois corremos o risco de perdê-lo", completa Dirceu Scottá.

Safra correta e caminhos abertos para certificação

Uma colheita de volumes regulares (nem pequena, nem recorde), com a expectativa de boa qualidade nos frutos, em função do verão seco provocado pelo fenômeno La Niña. Esta é a previsão otimista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Uva e Vinho para a safra 2018, que entra em sua fase decisiva neste final de ano. Depois de dois anos desproporcionais, os produtores finalmente aguardam uma safra sem sobressaltos, com qualidade considerável dos frutos. Apesar do inverno fraco e de alguma irregularidade nas brotações, o amadurecimento pode compensar, caso o clima não apresente surpresas.
A se confirmarem as expectativas, os vinhos resultantes da safra 2018 devem, mais uma vez, expressar a essência de seus locais de origem. E é justamente este o principal foco do trabalho das entidades ligadas à promoção e ao desenvolvimento do vinho no País. De acordo com o chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho, Mauro Zanus, definir e certificar o mapa de regiões produtoras de uva para vinho, por meio dos instrumentos de zoneamento e indicação geográfica, é o caminho para o reconhecimento da qualidade do produto nacional. "Temos trabalhado para formatar essas regiões, para que, quando falarmos em vinhos do Brasil, falemos em vinhos de cada uma das regiões produtoras. Elas são diferentes e formam um mapa, o que é muito interessante, pois se estabelece o vínculo da bebida com o local onde é produzida", comenta Zanus.
Além de estabelecer normas e padrões específicos para a produção dos vinhos, as Indicações Geográficas (IP) e Denominações de Origem (DO) garantem prestígio aos produtos, favorecendo a competição do vinho nacional com os rótulos de outras regiões do mundo. Além da DO do Vale dos Vinhedos e da IP de Pinto Bandeira, a Embrapa trabalha no desenvolvimento de outras certificações, como os Vinhos da Campanha e os Espumantes de Pinto Bandeira. "Além de nós, as universidades e outras entidades ligadas ao vinho trabalham para concretizar essas certificações, discutindo a vocação de cada região", destaca.
Estabelecer os parâmetros e exigências para o zoneamento serve ainda para planejar o futuro de cada região vinícola. Conhecendo o potencial e a personalidade de cada terroir, é possível programar investimentos como a aquisição de tecnologia e a reconversão de vinhedos, por exemplo. Medidas como essas são fundamentais para inserir o Brasil no mapa das grandes regiões produtoras de vinho no mundo, de acordo com Mauro Zanus.

Desempenho de vendas acumulado no ano no RS (janeiro a agosto de 2017)

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