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Trabalho

- Publicada em 26 de Novembro de 2017 às 22:16

Centrais sindicais iniciam enxugamento

Ricardo Patah diz que UGT terá que buscar fonte de receita em serviços

Ricardo Patah diz que UGT terá que buscar fonte de receita em serviços


/FREDY VIEIRA/JC
Terceira maior central do País, com 1.310 sindicatos associados, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) vai trocar de endereço para resistir à perda de receita com o fim da contribuição obrigatória. A nova sede terá cerca de um terço do tamanho da anterior. A partir do mês que vem, a central vai deixar o prédio de oito andares que aluga atualmente no centro da capital paulista e vai passar a ocupar um andar e meio do edifício do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, perto dali, por um aluguel simbólico.
Terceira maior central do País, com 1.310 sindicatos associados, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) vai trocar de endereço para resistir à perda de receita com o fim da contribuição obrigatória. A nova sede terá cerca de um terço do tamanho da anterior. A partir do mês que vem, a central vai deixar o prédio de oito andares que aluga atualmente no centro da capital paulista e vai passar a ocupar um andar e meio do edifício do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, perto dali, por um aluguel simbólico.
A entidade, que tinha cerca de 50 funcionários diretos, já demitiu 12 pessoas. "As centrais não sabem o que vão fazer sem a contribuição sindical, elas não estavam preparadas para isso", diz o presidente da UGT, Ricardo Patah. "Estamos diminuindo quadro, revendo as atividades que desenvolvemos, e vamos nos adequar a esse novo tamanho de orçamento, criando outras formas de receita."
Ele diz que a UGT vai ter de buscar receita baseada em serviços, como atendimento médico, "que o associado vai precisar mais do que nunca, agora com a nova CLT. A realidade mudou, e as centrais vão precisar dialogar mais e ir mais para a rua juntas, sobretudo se passar a reforma da Previdência". As centrais eram mais dependentes da contribuição sindical que os sindicatos. Em algumas, o aporte obrigatório representava mais de 90% da receita anual.
A Força Sindical, cuja receita dependia 95% do imposto sindical, começou a cortar seu quadro de funcionários em abril e diz ter reduzido em 20% sua mão de obra. O secretário-geral da entidade, João Carlos Gonçalves, o Juruna, diz que a central não defendia a contribuição obrigatória, mas uma contribuição voluntária, aprovada pelas categorias em assembleia. "Sempre topamos debater formas de financiamento justas para as centrais."
No ano passado, a Força recebeu R$ 46,6 milhões de contribuição sindical - o segundo maior valor, atrás da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que recebeu R$ 59,8 milhões. Em terceiro lugar, aparece a UGT, com R$ 44,8 milhões.
A CUT nacional, que emprega cerca de 200 trabalhadores, anunciou um Plano de Demissão Incentivada (PDI). Segundo o presidente da central, Vagner Freitas, esse programa é uma diferença da instituição no trato com os seus funcionários. "A comissão dos trabalhadores da CUT, sem a nossa participação, aprovou, por unanimidade, a proposta, e, hoje, os trabalhadores estão aderindo." O prazo final para a adesão ao plano é 4 de dezembro.
Já a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), que tem 34 funcionários na sua sede nacional, não planeja lançar um plano de demissão voluntária, segundo o presidente da central, Adilson Araújo. "Se tivermos de fazer um ou outro ajuste, será feito", diz. A central reúne 789 sindicatos.
Ele admite, porém, que haverá uma queda drástica de receita com o fim da obrigatoriedade do imposto sindical. Mas a prioridade, diz, é transformar esse cenário, reduzindo despesas e gerando receitas. Como exemplo de corte de gastos, Araújo cita a proposta de criação de uma rede nacional de comunicação, com um único parque gráfico.
Outra possibilidade é ter uma espécie de "Smiles sindical", um clube de serviços para os trabalhadores, com acúmulo de pontos. Além disso, há intenção de abrir uma escola a distância para a formação de sindicalistas.
A Nova Central Sindical de Trabalhadores, por outro lado, informou, por meio de sua assessoria, que não fez alterações de planejamento por conta do fim do imposto sindical. A central reforçou o trabalho com a base, cerca de 2,5 milhões de trabalhadores, para que eles percebam, no dia a dia, a importância do sindicato e continuem com a contribuição voluntária nos próximos anos. A entidade também disse que não há previsão de redução de despesas nem de cortes de pessoal.

Mulher recebe 84% do salário do homem, segundo levantamento com base na Rais

Trabalhadoras brasileiras receberam o equivalente a 84% do salário dos homens no Brasil, em média, em 2016. As informações são do Ministério do Trabalho, com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais). O salário médio dos homens foi de R$ 2.886,24 no ano passado, e o das mulheres, de R$ 2.427,14. Considerando a remuneração de todo o ano passado e o 13º salário, as mulheres receberam, em média, R$ 6 mil a menos que os homens.
Apesar da diferença, os números apontam uma melhora em relação a 2015, quando a remuneração feminina representava 82% do salário masculino. Os dados levam em consideração empregados formais no setor privado e no serviço público do País.
"Existem diversas explicações para o fato de esses 'gaps' ainda prevalecerem. A discriminação é uma delas", afirmou Cecilia Machado, professora da Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV). Segundo a economista, há outras razões. As mulheres, muitas vezes, optam por posições com, por exemplo, mais flexibilidade, o que pode interferir no salário. Além disso, é possível que as empresas em que as mulheres trabalham paguem menos, mas ofereçam outros tipos de benefício que não são mensurados no salário.
A questão do preconceito tem várias facetas. Em muitos casos, interfere até nas escolhas individuais. As próprias mulheres podem evitar carreiras que pagam melhor, mas são vistas como trabalho de homem, diz a professora.