Dados do indicador mensal calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes (CNDL) mostram que a intenção dos Micro e Pequenos Empresários (MPEs) em procurar crédito pelos próximos 90 dias subiu de 10,4 pontos em setembro para 13 pontos no último mês de outubro. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, também houve um leve crescimento, uma vez que o índice se encontrava em 12,3 pontos. A escala do indicador varia de zero a 100, sendo que, quanto mais próximo de 100, maior é a propensão desses empresários a procurarem crédito e, quanto mais próximo de zero, menos propensos eles estão para tomar recursos emprestados para os seus negócios.
Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti os empresários estão preferindo evitar compromissos de longo prazo. Ainda assim, os dados mostram uma pequena melhora neste fim de ano, tendo em vista a recuperação de outros índices econômicos, como o reaquecimento das vendas no varejo, a estabilização do desemprego e os juros menores. "A estabilidade do indicador é um sinal positivo, pois evidencia que a confiança dos empresários de menor porte parou de cair", afirma.
Apesar da melhora, em termos percentuais, somente 9% dos micro e pequenos empresários das capitais e do interior manifestam a intenção de buscar crédito no horizonte de três meses. Oito em cada 10 (84%) empresários consultados não possuem interesse em contratar qualquer linha de financiamento para seus negócios, e 6% ainda não sabem. Conseguir manter o negócio com recursos próprios é a principal razão apontada por aqueles que não pretendem buscar recursos de terceiros (39%). Além desses, 26% mencionam as altas taxas de juros, e 15% dizem estar inseguros com as condições econômicas do País.
Pouco mais de um terço (34%) dos empresários considera que atualmente está difícil ou muito difícil ter crédito aprovado, e 20% consideram o processo fácil. Segundo os entrevistados, as modalidades de crédito mais complicadas de serem contratadas são empréstimos em instituições financeiras (26%), financiamento (17%) e crédito junto a fornecedores (8%). Excesso de burocracia (46%) e juros elevados (37%) foram os principais entraves para obter os recursos.
"Se realizado de maneira planejada, o crédito pode ser uma via de desenvolvimento da empresa. Políticas que reduzam o custo do crédito e retirem os entraves para contratação, sem aumentar o risco dos bancos, podem traduzir-se em oportunidade de expansão de muitos negócios. Infelizmente, a relação do micro e pequeno empresário com o sistema de crédito é muito distante, seja por falta de conhecimento, seja por considerar o processo de contratação difícil e custoso", afirma o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.