Confiante de que sairá vitorioso na votação desta quarta-feira, o presidente Michel Temer (PMDB) estuda fazer um pronunciamento, no Palácio do Planalto, logo após ser confirmado o resultado no plenário da Câmara dos Deputados - que, segundo as contas do governo, será pelo arquivamento da denúncia por obstrução de Justiça e organização criminosa.
Já há um texto do discurso sendo elaborado pela equipe de comunicação do presidente, mas Temer ainda não aprovou. Segundo interlocutores, ele não quer apressar o processo para não passar uma ideia de "já ganhou".
Quando derrotou a primeira denúncia que enfrentou na Câmara, em 2 de agosto deste ano, Temer falou aos jornalistas no Planalto na noite do dia da votação. A previsão, desta vez, é que ele volte a falar, mas ainda não foram descartadas as possibilidades de o presidente gravar um vídeo para a internet.
Entretanto, líderes da oposição na Câmara anunciaram, ontem, que não vão registrar presença na sessão plenária desta quarta-feira, quando está marcada a votação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer e os ministros-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB) e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco (PMDB). O objetivo é tentar impedir que a votação ocorra, deixando a gestão Temer "sangrando" por mais tempo.
Para que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), possa começar os procedimentos da votação, é necessário que pelo menos 342 dos 513 deputados registrem presença no plenário.
Esse é o mesmo quórum mínimo exigido pelo regimento interno da casa para que a denúncia da PGR seja aceita. Juntos, partidos da oposição reúnem cerca de 100 deputados - o que, somados à ala oposicionista do PSB, pode chegar a 120 parlamentares.
"A responsabilidade de dar quórum é do governo. Mas é claro que, se o governo der quórum, nós vamos para o embate", afirmou, em entrevista coletiva, o líder da minoria na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE). Ele afirmou que os "dados" da oposição mostram que Temer pode sofrer uma derrota na votação desta quarta-feira. "A vaca pode ir para o brejo amanhã (hoje)", declarou o petista.
Ontem, o deputado Rubens Pereira Júnior (PCdoB-MA), integrante da oposição, entrou com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que a votação da denúncia contra Temer e os ministros seja feita de forma separada. O ministro Marco Aurélio Mello foi sorteado relator do caso. Pereira Júnior também promete fazer questão de ordem nesse sentido hoje no plenário da Câmara ao presidente da casa, Rodrigo Maia.