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Política

- Publicada em 09 de Outubro de 2017 às 22:25

Rebelo defende retomada da economia como saída

Agenda do politicamente correto não atende demandas mais difíceis, avalia ex-ministro

Agenda do politicamente correto não atende demandas mais difíceis, avalia ex-ministro


MARCO QUINTANA/JC
Bruna Suptitz
Um movimento dentro do PMDB gaúcho para refundar o Instituto de Estudos Políticos, Econômicos e Sociais (Iepes) trouxe ontem ao Rio Grande do Sul o ex-ministro Aldo Rebelo (PSB), para a palestra inaugural do ciclo de debates O Brasil vale a pena. Rebelo comenta ter redigido um manifesto pela união nacional. "O mais consequente é discutir a plataforma antes do nome", avalia.
Um movimento dentro do PMDB gaúcho para refundar o Instituto de Estudos Políticos, Econômicos e Sociais (Iepes) trouxe ontem ao Rio Grande do Sul o ex-ministro Aldo Rebelo (PSB), para a palestra inaugural do ciclo de debates O Brasil vale a pena. Rebelo comenta ter redigido um manifesto pela união nacional. "O mais consequente é discutir a plataforma antes do nome", avalia.
Para ele, impera hoje nos debates o consenso em torno do conceito de politicamente correto, o qual classifica como importante, mas sem força para atender "problemas cruciais do País". Para ele, o tema que deve concentrar esforços dos projetos políticos para a próxima eleição é o do desenvolvimento. "Não há solução fora de um projeto que dê ao País a retomada do desenvolvimento da economia."
Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, Rebelo, que foi ministro da Defesa, da Ciência e Tecnologia, do Esporte e das Relações Institucionais nos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016), e recentemente deixou o PCdoB - partido ao qual foi filiado por 40 anos -, comenta a troca pelo PSB. "Talvez eu tenha ficado um pouco antiquado para a agenda que hoje uma parte da esquerda adota."
Jornal do Comércio - Qual a sua relação com o PMDB e a participação nesse evento?
Aldo Rebelo - Fui contemporâneo no período que André Foster ocupava essa posição no Iepes, era conselheiro do Jornal Movimento, lembro da trajetória e da tradição do PMDB do Rio Grande do Sul. Recentemente, redigi com amigos um manifesto pela união nacional. Unir amplas forças políticas, sociais, econômicas, intelectuais, partidárias, religiosas, para remover os obstáculos que se antepõem ao desenvolvimento, à redução das desigualdades, e ao aprofundamento da democracia, que são os objetivos nacionais que podem reunir um amplo leque de forças. A iniciativa do PMDB gaúcho abre janela para essa discussão.
JC - O que deve centralizar o debate eleitoral do próximo ano?
Rebelo - A minha impressão é que está na questão nacional, e dentro dela no desenvolvimento. Se há um consenso que precisa unir o País é de que não há solução fora de um projeto que dê ao País a retomada do desenvolvimento da economia. E isso no Brasil infelizmente não é uma coisa fácil, porque mesmo o setor mais dinâmico, que é a agropecuária, enfrenta, a partir do próprio Estado, obstáculos para o exercício da sua atividade, desde os órgãos de controle, o Ministério Público, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e outros, que promovem uma espécie de cerco à atividade produtiva no campo. O agricultor é acusado de ofender o meio ambiente, a criação de gado de ofender a camada de ozônio. E na atividade produtiva em geral da mesma maneira. Hoje produzir e gerar emprego no País é um risco. O menor risco é aplicar o dinheiro no banco para render juros: o Ministério Público do Trabalho não vai atrás de você, o Ibama, ninguém. O Brasil precisa apostar na retomada do desenvolvimento como a base para um bem-estar e para a democracia.
JC - Acredita que possa se conduzir um processo em que o desenvolvimento agrário dialogue com a questão da sustentabilidade, ou as relações trabalhistas não entrem em conflito com os direitos dos trabalhadores?
Rebelo - Primeiro é estabelecer uma escala da valores. A visão segundo a qual o desenvolvimento é um elemento benéfico para a sociedade. Como o caso da atividade agropecuária, que é um ativo social porque gera emprego, é um ativo comercial porque dá ao Brasil uma vantagem, gera um benefício para as contas externas. E também a atividade industrial, ser vista como algo importante, e não como passivo como muitas vezes é tratada.
JC - A união em relação ao Brasil viria do campo político-partidário?
Rebelo - Creio que o mais consequente é discutir a plataforma antes do nome. Se reúne um consenso em torno dos objetivos, que são esses três: retomar o crescimento; reduzir as desigualdades; e garantir a democracia. Existe outro consenso, em torno do politicamente correto, que é interessante, mas não toca nos problemas cruciais do País. Os partidos estão de acordo, o Judiciário, a mídia, o Supremo, o Congresso. Agora, ele remove os obstáculos para gerar emprego, para melhorar renda, para reduzir as desigualdades? Não. Esse consenso já existe. O outro, que precisa ser alcançado, é o que ajuda a resolver a situação das pessoas. Se avançar nisso, a composição em torno de um nome será facilitada, porque as pessoas estão unidas antes em torno de ideias.
JC - Por que a saída do PCdoB e a escolha pelo PSB?
Rebelo - Eu tinha 40 anos de vida política no PCdoB. Entrei no anos 1970, quando a agenda do mundo, do País e do partido eram outras. Talvez eu tenha ficado um pouco antiquado para a agenda que hoje uma parte da esquerda adota, o politicamente correto. Saí para o PSB porque é um partido muito próximo, com o qual o PCdoB sempre teve relação muito boa.
 
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