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Operação Unfair Play

- Publicada em 05 de Outubro de 2017 às 18:20

Nuzman é preso suspeito de comprar votos para Rio-16

Carlos Arthur Nuzman ficará detido na cadeia de Benfica, Rio de Janeiro

Carlos Arthur Nuzman ficará detido na cadeia de Benfica, Rio de Janeiro


/MAURO PIMENTEL/AFP/JC
A Polícia Federal (PF) prendeu, na manhã desta quinta-feira, o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, e Leonardo Gryner, seu braço direito no comitê organizador da Rio-16. Os dois são suspeitos de atuarem na compra de votos para a escolha da cidade para sediar os Jogos Olímpicos. Na história dos Jogos, Nuzman foi o único presidente do comitê organizador a acumular o cargo de mandatário do comitê olímpico do país-sede.
A Polícia Federal (PF) prendeu, na manhã desta quinta-feira, o presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, e Leonardo Gryner, seu braço direito no comitê organizador da Rio-16. Os dois são suspeitos de atuarem na compra de votos para a escolha da cidade para sediar os Jogos Olímpicos. Na história dos Jogos, Nuzman foi o único presidente do comitê organizador a acumular o cargo de mandatário do comitê olímpico do país-sede.
A ação é um desdobramento da Operação Unfair Play, que investiga a compra do voto do senegalês Lamine Diack por US$ 2 milhões. O empresário Arthur César Soares de Menezes, foragido há um mês, foi o responsável por pagar a quantia semanas antes da escolha, em outubro de 2009, em Copenhague, de acordo com as investigações.
Nuzman é investigado sob suspeita de ter feito a "ponte" entre o esquema de corrupção do governo Sérgio Cabral (PMDB) e os membros do Comitê Olímpico Internacional (COI). Gryner admitiu, em depoimento ao Ministério Público, que encontrou com Soares e discutiu com ele o patrocínio de eventos da Iaaf, entidade comandada por Lamine Diack. A reunião foi intermediada por Cabral, afirmou o executivo em depoimento.
Após a deflagração da Unfair Play, a Procuradoria identificou cinco e-mails nos quais Papa Massata Diack, filho de Lamine Diack, cobrava transferências de recursos, cuja origem não era identificada.
O Ministério Público Federal (MPF) afirma que as mensagens indicam que "os pagamentos não se limitaram a US$ 2 milhões (pagos em setembro), tendo havido pagamentos subsequentes".
A Procuradoria afirma ter provas de pagamento de propina apenas a Lamine Diack. Contudo, a procuradora Fabiana Schneider afirmou que o senegalês tinha ascendência sobre outros dirigentes africanos, o que poderia determinar o voto de mais membros do COI.
Em 26 de novembro de 2009, Gryner havia enviado um e-mail para Massata Diack afirmando que, "como eu disse a você em Copenhague, nós temos um patrocinador diferente para essa última porção".
"Esse patrocinador está tendo problemas com essa transferência, e estamos tentando ajudar ele", escreveu Gryner. Há um mês, a defesa de Nuzman afirmou que "toda a jornada da Olimpíada do Rio, da candidatura à cerimônia de encerramento, foi conduzida dentro da lei". Advogado de Nuzman, Nélio Machado considerou "dura e não usual" a prisão desta quinta-feira. A prisão de Nuzman é, inicialmente, de cinco dias, mas pode ser prorrogada pela Justiça a fim de que as investigações não sejam prejudicadas. Ele está na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte do Rio, onde Cabral também cumpre pena.
O COB, até o fechamento desta edição, não havia se posicionado sobre o caso e informou que Paulo Wanderlei, vice-presidente do COB, assume provisoriamente o cargo.

Dirigente guardava na Suíça 16 quilos de ouro sem origem

A Polícia Federal encontrou, nesta quinta-feira, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, a chave de um cofre que, de acordo com os investigadores, oculta 16 quilos de ouro na Suíça.
Nuzman foi preso na Operação Unfair Play, desdobramento de outra deflagrada há um mês, que apurou o pagamento de propina a membro do Comitê Olímpico Internacional para escolha do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos 2016. Na primeira fase da operação, Nuzman foi levado para prestar esclarecimentos e, no dia 20 de setembro, fez uma retificação em sua declaração do Imposto de Renda para incluir 16 quilos de ouro, avaliados em R$ 2 milhões, depositados em um banco na Suíça.
Segundo a procuradora Fabiana Schneider, da equipe da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, os valores declarados no Imposto de Renda de Nuzman, com uma evolução patrimonial de 457% em 10 anos, não têm comprovação de origem. Entre os documentos apreendidos está uma foto em que Nuzman aparece no episódio que ficou conhecido como "farra dos guardanapos", que ocorreu em Paris, em setembro de 2009, e é apontado pelo Ministério Público Federal como uma comemoração antecipada pela escolha do Rio para sediar os jogos. Advogado de Nuzman, Nélio Machado negou as acusações e afirmou que a receita do cliente é compatível com seus ganhos.

Investigação também vai incluir o Pan de 2007

O Ministério Público Federal vai investigar a organização do Pan de 2007. O evento foi presidido também por Carlos Arthur Nuzman, preso nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, suspeito de atuar na compra de votos para a escolha da cidade para sediar os Jogos de 2016. "Vamos apurar se a organização criminosa já se beneficiava naquela época. Não fechamos nenhuma linha de investigação", disse o promotor Rodrigo Timóteo.