Rajoy pede que Catalunha desista de independência

O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, pediu, nesta quinta-feira, que a Catalunha desista "o mais breve possível" de seu projeto de independência. Abandonar o separatismo, afirmou, é "a melhor solução" e "evita males maiores". No domingo passado, em um plebiscito sobre a secessão, 90% dos votos foram pelo "sim". No entanto, apenas 42% dos eleitores participaram.

Partidos separatistas convocaram, para a próxima segunda-feira, uma sessão no Parlamento regional para discutir os resultados da consulta popular e eventualmente declarar de maneira unilateral a sua separação do país. O Tribunal Constitucional da Espanha, no entanto, suspendeu a sessão. A mesma corte já havia declarado que o plebiscito de domingo era ilegal, o que não impediu sua realização.

"O melhor é voltar imediatamente à legalidade", afirmou o premiê à agência espanhola Efe em uma entrevista na sede do governo central, em Madri. "É o que estão pedindo toda a sociedade, os editoriais dos jornais, os empresários, os sindicatos", prosseguiu.

Com sua declaração, Rajoy se uniu aos discursos inflamados desta semana sobre a Catalunha. O rei Felipe VI fora o primeiro, ao dizer, na terça-feira, que o governo catalão age com "deslealdade" ao pedir sua independência. O presidente regional da Catalunha, Carles Puigdemont, disse, no dia seguinte, que o monarca havia "decepcionado muita gente".

Sobram poucas opções na manga de Rajoy, no entanto, se Puigdemont não cancelar o projeto de independência catalã. Uma das medidas drásticas - um dos "males maiores" citados pelo premiê - seria utilizar o Artigo 155, que revoga temporariamente a autonomia da região e pode forçar eleições antecipadas. Há pressão política para tal gesto.

A Catalunha já usufrui de uma série de liberdades, tendo seu próprio Parlamento e polícia, os chamados Mossos d'Esquadra. Mas a classe política local tem reforçado a necessidade de ter completa independência do governo espanhol.