Prestes a completar 60 dias, a greve convocada pelo Centro de Professores do Rio Grande do Sul (Cpers/Sindicato) deve seguir por, pelo menos, mais duas semanas. Na manhã desta terça-feira (31), uma assembleia realizada em frente ao Palácio Piratini decidiu pela continuidade da paralisação.
De acordo com o sindicato, a deliberação pelo prosseguimento da greve ocorreu por falta de tempo hábil para a discussão das propostas do governo do Estado, apresentadas na segunda-feira (30). “Temos por característica a democracia interna, e vamos levar a discussão para a base, em assembleias regionais”, explica a vice-presidente Solange Carvalho.
Nesta segunda, em nova reunião com o comando de greve, por meio dos secretários da Casa Civil, Fábio Branco, e da Educação, Ronald Krummenauer, o Piratini apresentou uma proposta de negociação que atende reivindicações do Cpers, contemplando a retirada de tramitação da PEC que flexibiliza a data de pagamento dos servidores na Assembleia Legislativa e o compromisso do governo em não demitir professores com contratos temporários por fatos relacionados à greve.
Durante o encontro, o governo anunciou ainda que, a se confirmar um bom resultado da operação da venda de ações do Banrisul na Bolsa de Valores e a adesão do Rio Grande do Sul ao Regime de Recuperação Fiscal do governo federal, a remuneração dos servidores pode voltar a ser paga integralmente em dezembro. Atualmente, o Estado tem parcelado o pagamento dos servidores ligados ao Executivo.
De acordo a vice-presidente do sindicato, os pontos apresentados interessam à categoria. Contudo, o movimento rechaça a vinculação do pagamento de salários à adesão ao plano de renegociação da dívida e à venda de ações do Banrisul. “Somos contrários a essas medidas e já apontamos outros caminhos que o governo pode tomar, como combate à sonegação e o fim das isenções fiscais”, argumenta Solange.
Agendada para o dia 10 de novembro, a próxima assembleia do Cpers deve definir uma contraproposta ao governo. Até lá, o movimento espera efetuar novas negociações com Executivo estadual, à medida que assembleias da categoria no interior do Estado devem avaliar as condições apresentadas pelo Piratini.
No final da tarde desta terça, o governo do Estado divulgou nota afirmando que "grupos radicais, ligados ao PT e ao PSOL, estão por trás da decisão de esticar uma greve que extrapolou os limites" e que a paralisação "não representa a categoria dos professores, mas apenas setores militantes e engajados politicamente".
Assinado pelo secretário Fábio Branco, o comunicado garante que o governo "fez tudo o que podia" para encerrar a greve e lamenta o "uso da Educação e do sindicalismo para fins políticos". "As pautas do Cpers desta terça-feira não trazem nenhuma menção ao aluno. Em vez disso, aparece até solidariedade a movimento anarquista. Onde isso vai parar?", questiona a nota, que pede que os professores retomem as atividades escolares.