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Patrimônio

- Publicada em 03 de Outubro de 2017 às 23:28

Mercado Público aguarda recuperação do 2º andar

Incerteza preocupa permissionários; gestão pode ser público-privada

Incerteza preocupa permissionários; gestão pode ser público-privada


/FREDY VIEIRA/JC
É impossível chegar a uma das 87 bancas do Mercado Público de Porto Alegre e não ser atendido quase prontamente. O atendimento diferenciado, com foco em cada cliente, é a marca nos 148 anos de existência desse cartão postal gaúcho, que fez aniversário ontem. Os permissionários do local têm vivido momentos de incertezas, frente à possibilidade aventada pela prefeitura de realização de parceria público-privada (PPP) para a administração do espaço, e à falta de verbas para reabrir o segundo andar, atingido por um incêndio há mais de quatro anos.
É impossível chegar a uma das 87 bancas do Mercado Público de Porto Alegre e não ser atendido quase prontamente. O atendimento diferenciado, com foco em cada cliente, é a marca nos 148 anos de existência desse cartão postal gaúcho, que fez aniversário ontem. Os permissionários do local têm vivido momentos de incertezas, frente à possibilidade aventada pela prefeitura de realização de parceria público-privada (PPP) para a administração do espaço, e à falta de verbas para reabrir o segundo andar, atingido por um incêndio há mais de quatro anos.
Sérgio Lourenço, integrante da Associação do Comércio do Mercado Público Central (Ascomepc), é permissionário há 30 anos da Banca do Holandês. Nesse período, sente que o local vem evoluindo, em virtude do espírito empreendedor dos comerciantes. Porém, desde o incêndio, a modernização está parada. "Fez parar tudo. Estamos só tentando recuperar o que tínhamos, em vez de investir", lamenta.
Na semana passada, cansados de esperar por medidas da prefeitura, os permissionários assinaram parceria com município, assumindo o pagamento da contratação, elaboração, aprovação e execução do Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI), a fim de evitar a interdição do local por falta de alvará. "Temos colegas trabalhando há quatro anos em lugares provisórios e precisamos ajudar esse pessoal a voltar efetivamente para o seu estabelecimento, para fazer um trabalho digno, como o que era feito antes no segundo andar, e para que o Mercado esteja 100% vivo", pontua Lourenço.
A interdição do andar superior do prédio provoca diminuição no fluxo de pessoas. "A parte de cima do Mercado Público de Porto Alegre serviu de modelo para a reforma do Mercado de São Paulo. Hoje, a estrutura feita em São Paulo está bombando, com restaurantes funcionando e atendendo turistas e famílias nos fins de semana. Esse pessoal com certeza, hoje, não faz isso aqui em Porto Alegre", avalia o permissionário. A Ascomepc estima que os comerciantes já investiram mais de R$ 2 milhões e pretendem aplicar outro R$ 1,5 milhão, para abrir o segundo andar.
Os permissionários temem que o modelo de PPP aventado pela prefeitura possa envolver a administração por parte de pessoas de fora do Mercado e aumentar os custos de funcionamento. A prefeitura negou aos comerciantes esse encarecimento. "O Mercado tem três pilares: vender qualidade, vender preço e ter um atendimento individual, um a um. Esse serviço personalizado faz com que as bancas gerem muito emprego", relata Lourenço, que calcula que, enquanto um supermercado emprega 5,8 funcionários a cada 100 metros quadrados, o Mercado Público da Capital tem 60 trabalhadores no mesmo espaço. Hoje, há 1,2 mil pessoas trabalhando no local.

Comerciantes batalham por reabertura de andar superior

Mussatto diz que em 15 anos nunca viu o movimento tão baixo

Mussatto diz que em 15 anos nunca viu o movimento tão baixo


FREDY VIEIRA/JC
José Carlos Antônio Vieira é permissionário da Banca 43 há mais de 40 anos. "Todo mundo me conhece pelo meu apelido. Meu nome mesmo é Caroço, e o apelido é José Carlos", revela, bem-humorado. Nesse período, o comerciante já passou por três incêndios no prédio - 1972, 1979 e 2013. "Sentimos muito hoje em dia a falta do segundo andar do Mercado. Esperamos, em breve, reabri-lo e ter um Mercado mais feliz."
Clodoveu Mussatto trabalha há 15 anos na banca Mercado Central. Desde então, nunca viu o movimento tão baixo quanto atualmente. "É o melhor lugar, mas o que tem estragado muito são as normas da Vigilância em Saúde, que cobra uma operação como a de um supermercado, com tudo embaladinho. Não dá mais para comprar um pedacinho disso e outro daquilo, como antes, e o cliente reclama", conta. Hoje somente produtos industrializados podem ser vendidos, e não os coloniais, que antes faziam sucesso no Mercado.
Mussatto critica, ainda, a não resolução por parte do poder público do fechamento do segundo andar. "Conseguiram terminar com todo o dinheiro e não concluíram a obra. Os proprietários estão fazendo por si próprios, porque a prefeitura largou de mão", reclama.
Ao longo dos 17 anos em que Airton da Silveira é permissionário da Banca 48, muita coisa mudou. "Antes, o Mercado era frequentado por gente com menos recursos. Agora, vem de mendigo até pessoas bem-sucedidas", aponta.
Mesmo assim, o fluxo percebido pelo comerciante tem sido menor nos últimos anos. "O andar superior traz um público que vem tomar seu chope no fim de semana, comer feijoada, mocotó, tainha na telha, pratos típicos feitos aqui. Esse público deixa de vir e, automaticamente, não compra mais conosco."
O momento segue sendo de incerteza. "Só o que ouvimos é que nada está definido. Estão esperando verba federal e, enquanto não chega, a prefeitura diz que não tem condições de bancar a reforma", afirma. Enquanto isso, segundo Silveira, os permissionários têm tentado juntar recursos para resolver o imbróglio. Porém, gostariam de, com isso, assumir a administração do Mercado Público.