Conheça empreendedores e empreendedoras que vivem das técnicas de make up e da divulgação de seus serviços e de produtos nas redes sociais

Maquiagem: hobby que vira negócio


Conheça empreendedores e empreendedoras que vivem das técnicas de make up e da divulgação de seus serviços e de produtos nas redes sociais

Tudo começou aos 14 anos. Os tutoriais de maquiagens, as paletas de sombras de múltiplas cores. Hoje, Julika Oliveira, 23 anos, tem seu próprio espaço de beleza no bairro Praia de Belas, em Porto Alegre, aberto em março deste ano, e uma agenda lotada. As makes feitas por ela partem de R$ 130,00.
Tudo começou aos 14 anos. Os tutoriais de maquiagens, as paletas de sombras de múltiplas cores. Hoje, Julika Oliveira, 23 anos, tem seu próprio espaço de beleza no bairro Praia de Belas, em Porto Alegre, aberto em março deste ano, e uma agenda lotada. As makes feitas por ela partem de R$ 130,00.
"Lembro que, logo que começou essa era de maquiagens, eu pedia de presente de Natal. Ganhei os kits e testar em mim virou um hobby", lembra ela. E a diversão passou a ser fonte de renda para Julika, que se capacitou na área.
A internet sempre foi uma aliada. O resultado das primeiras sessões de fotos, por exemplo, iam para o Orkut, uma das redes sociais que se popularizou no Brasil no início dos anos 2000. Da experiência com o universo on-line partiu para um blog próprio.
A maquiadora sabe que entender de negócios faz toda a diferença para os seus resultados no fim do mês. Por coincidência, se formou, recentemente, em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Ela revela, no entanto, que quando iniciou o curso superior não sabia muito bem ainda o que levaria do universo acadêmico.
Durante a faculdade, buscou, também, cursos profissionalizantes no setor que sempre amou. O plano era atuar como maquiadora apenas nos fins de semana, mas o sucesso não permitiu atenção reduzida. Depois de atender por um tempo a domicílio, conseguiu uma vaga no Hugo Beauty do BarraShoppingSul, o que evitava ter de andar pela cidade com o material de trabalho.
Atualmente, Julika tem mais de 11 mil seguidores no Instagram. A rede gera interação e o feedback, segundo ela, é mais efetivo do que no blog. "Às vezes, eu ficava dois, três dias em casa trabalhando em cima do blog, produzindo material e não me gerava uma resposta, nenhuma renda", comenta. Foi nesse momento que a maquiadora suspendeu a página.
O investimento de energia no Instagram é tão sério que Julika contratou uma pessoa para ficar responsável pela administração da conta e cuidar da identidade visual.
Além de produzir conteúdo para suas clientes e fãs, a maquiadora segue canais do YouTube para acompanhar o mercado. E, com o tempo de atuação, acredita que muitas youtubers conhecidas no segmento de maquiagens são populares mais pela forma de se comunicar do que pelo trabalho em si. "Eu vejo muita vlogueira de maquiagem que é engraçada e ganha o público por isso, não pela técnica", afirma. E Julika é contra padrões. A jovem acredita, sim, nas características individuais e na beleza da singularidade.
A busca pelo diferencial é tanta que a empreendedora se especializou na França e em Londres. Da viagem, trouxe na mala a vontade de focar em uma área que ela percebe certa carência, a da automaquiagem. Por isso, já lançou cursos sobre o assunto e quer abrir uma escola específica para o segmento. "Não é só um sonho, eu e um grupo de maquiadoras já estamos na fase de planejamento", adianta ela.

Dos likes do universo on-line ao contato físico que gera renda

Mesmo no início Franciele já é reconhecida pelo seu trabalho.

"O dia todo." É o tempo que a maquiadora e microinfluenciadora, Franciele Duarte, 21 anos, precisa para produção e gravação de vídeos para o seu canal no YouTube e Instagram. Arruma cabelo, se maquia, ajeita o cenário, grava. Erra, grava de novo. Uma pausa para se alimentar. Mais cinco horas de edição. Essa é a realidade de Franciele e provavelmente de outras pessoas que usam as suas redes sociais como instrumento de trabalho.
A carreira começou em 2015, quando a garota terminou o Ensino Médio e começou a pensar na faculdade. "Sentia na obrigação de fazer uma, porque todo mundo fazia. Cheguei até fazer cursinho, mas não era o que realmente queria. E sim o que os meus pais desejavam", lembra. A vontade de fazer um curso profissionalizante de maquiagem tomou a cabeça. Ela resolveu sair do curso pré-vestibular e arranjar um emprego para pagar as aulas que lhe tornariam uma profissional. Após formada, largou o trabalho. "Dei a cara à tapa. É agora, eu vou ser maquiadora, sem experiência nenhuma de mercado", dizia para si própria.
Nos primeiros momentos, treinava sozinha em casa, assistia vídeos e, às vezes, convidava algumas amigas para serem modelos.
"Fazia por um preço superbarato, mais para adquirir experiência e trabalhar mesmo", conta.
Em 2015, quando começou, já existiam vídeos de maquiagens espalhados pelo YouTube, mas nada como agora. Franciele percebe que, em dois anos, houve uma grande profissionalização no conteúdo. Além disso, percebe a quantidade de pessoas que usavam somente o recurso do Instagram e que passaram a usar o YouTube. "Acho que os dois se complementam. Tu não acabas aprendendo no Instagram, tu admiras. No YouTube tu aprendes", explica.
Os donos do salão Armazém, onde trabalha em Canoas, encontraram Franciele, justamente, na internet. "Eu mandei meu portfólio e no mesmo dia me chamaram para entrar aqui", comenta a maquiadora, que cobra entre R$ 120,00 e R$ 180,00 pelos seus serviços.
A maioria das clientes que ela atende no salão chega por causa do Instagram. Além disso, não foram poucas as vezes que seguidoras do YouTube apareceram como cliente. "Elas chegam aqui e logo falam 'Eu vejo teus vídeos', 'Eu te conheço do Instagram'. Cada vez mais sinto esse reconhecimento", admite.
A maquiadora acredita que hoje há uma certa banalização da profissão. Segundo ela, isso é consequência de muitas pessoas que se intitulam maquiadoras na internet apenas por realizar trabalhos em si mesmas, e isso desvaloriza os demais profissionais.
Apesar de ser nova no ramo, Franciele está satisfeita com os resultados. "Me esforço muito, estou sempre fazendo alguma coisa. Às vezes, vou até de madrugada fazendo isso tudo sozinha e estou tendo reconhecimento, como quando uma marca superfamosa me repostou", orgulha-se.
Até hoje, um dos momentos mais importantes na trajetória da profissional foi quando ela foi convidada a ser maquiadora do Festival de Cinema de Gramado. Ela diz nunca ter se imaginado aparecendo em um jornal. "E esse momento (entrevista ao GeraçãoE). Eu nunca na vida achei que, com meu trabalho, ia estar dando uma entrevista. Fico realizada com isso", diverte-se a @franduartemakeup.

Torquatto vê uma valorização no mercado

Maquiador esteve em Porto Alegre em evento no Barra Shopping Sul e levantou alguns aspectos importantes dos tutoriais

"Olá meninaaaaaas." Quem acompanha tutoriais e conteúdo sobre maquiagem na internet conhece bem este jargão. Atualmente, vídeos e posts se proliferam em contas de Instagram, canais de YouTube, entre outras redes - que acabaram virando uma janela para centenas de pessoas mostrarem seus talentos (que antes não sairiam para fora da porta do próprio quarto). Cada dia uma blogueira nova aparece com um vídeo que viraliza e move uma infinidade de seguidores interessados no assunto. Mesmo que dividindo opiniões, fazer maquiagens nas redes sociais virou um trabalho sério para muitas pessoas. Fernando Torquatto, 45 anos, integrante do programa Superbonita, da GNT, refletiu sobre o assunto durante passagem por Porto Alegre no mês passado.
"O saldo é positivo, mas agora é a hora de separar o joio do trigo, porque tem muita coisa ruim também. Alguém tem que avisar para o público que existem coisas que não são tão boas", explica o maquiador, beauty concept e fotógrafo. Ele soma 25 anos de carreira e reconhecimento no Brasil. Para ele, o sentido básico da maquiagem é a transformação. "Mas não a transformação de virar uma outra pessoa. Mais no sentido da borboleta, de se recriar. As pessoas são assim, são seres em mutação. A minha vida também se transformou através da maquiagem e eu fui me recriando", conta. Com relação a isso, ele alerta para o quanto a exposição nas redes acaba criando personas das blogueiras, blogueiros e youtubers e o quanto isso pode influenciar o público de maneira equivocada. "A gente tem que ter discernimento disso, para que as pessoas se olhem no espelho e enxerguem a si mesmas. E façam a maquiagem de forma que as valorizem, e não apenas repitam um padrão", ressalta.
Fernando participou do Party at the Mall, que aconteceu no BarraShoppingSul. Na quinta edição, a iniciativa teve na programação nomes de peso da moda e beleza do País, como Fernando e o estilista Alexandre Herchcovitch. A popularidade da maquiagem nas redes que vem acontecendo, apesar de excessiva, é positiva, segundo ele. Isso porque o Brasil foi um País que demorou para aceitar a maquiagem como um negócio a ser explorado. Para Fernando, isso é consequência da falta de coragem que existia de experimentar. "Eu prefiro ver as pessoas errando a princípio, para começarem a achar um meio-termo e entender o que é mais bacana para elas, do que simplesmente não usarem nada", reflete ele.