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Energia

- Publicada em 18 de Outubro de 2017 às 23:38

Sindieólica prevê disputa acirrada em leilão

Entidades do setor e representantes do governo gaúcho debateram sobre as obras de linhas de transmissão

Entidades do setor e representantes do governo gaúcho debateram sobre as obras de linhas de transmissão


/PEDRO BARBOSA/DIVULGAÇÃO/JC
Estão marcados para dezembro dois leilões de energia que serão promovidos pelo governo federal, um A-4 (quatro anos para as usinas começarem as gerações) e um A-6 (seis anos para a finalização dos complexos). Apesar da preferência dos investidores da fonte eólica em participarem do primeiro certame, os empreendedores gaúchos, devido a limitações no sistema de transmissão do Estado, muito provavelmente, terão que se contentar apenas com a segunda disputa, considerada mais competitiva.
Estão marcados para dezembro dois leilões de energia que serão promovidos pelo governo federal, um A-4 (quatro anos para as usinas começarem as gerações) e um A-6 (seis anos para a finalização dos complexos). Apesar da preferência dos investidores da fonte eólica em participarem do primeiro certame, os empreendedores gaúchos, devido a limitações no sistema de transmissão do Estado, muito provavelmente, terão que se contentar apenas com a segunda disputa, considerada mais competitiva.
O presidente do Sindicato das Empresas de Energia Eólica do Rio Grande do Sul (Sindieólica-RS), Guilherme Sari, ressalta que o ideal seria a participação no A-4, pelas características desse leilão, como prazo de obra mais propício para empreendimentos eólicos e a concorrência que será menor. Nesse certame, os projetos eólicos escapariam da disputa contra grandes hidrelétricas ou com termelétricas de gás natural e a carvão, além de fugir de alguns complexos eólicos nordestinos que também precisam de mais tempo para ter condições de transmissão. "O A-4 é o leilão das renováveis", frisa o dirigente. No entanto, Sari admite que a possibilidade de estar no A-4 está bastante comprometida. No A-6, a situação não é tão grave, pois haveria dois anos a mais para que as obras de transmissão, que ainda precisam ser feitas, sejam concluídas e possibilitem o escoamento da energia dos parques eólicos que forem construídos.
A dificuldade concentra-se no atraso de várias obras arrematadas pela Eletrosul em um leilão de transmissão de energia realizado em 2014. Os empreendimentos contemplam oito linhas de 525 kV; nove linhas de 230 kV; três subestações em 525 kV e cinco subestações em 230 kV. Todos os complexos serão executados em solo gaúcho. As obras totalizam 2,1 mil quilômetros de linhas de transmissão e capacidade de transformação de 4.781 MVA, com investimento total de R$ 3,3 bilhões. Essas estruturas, que ainda não começaram a ser erguidas, deveriam pelo contrato inicial serem terminadas até 6 de março de 2018 (o que não será viável).
O presidente do Sindieólica-RS lembra que o Operador Nacional do Sistema (ONS) Elétrico já havia impedido a participação dos projetos gaúchos que pretendiam ingressar no último leilão de energia de reserva do ano passado, devido às instabilidades do sistema elétrico local causadas pela falta das obras da Eletrosul. O certame estava marcado para dezembro de 2016, mas acabou sendo cancelado. Sari entende que o Rio Grande do Sul tem alguma disponibilidade de conexão para os empreendimentos participarem dos próximos leilões, sem as obras da estatal, contudo dificilmente o ONS irá admitir essa hipótese.
Mesmo para serem confirmados no A-6 deste ano, os projetos de energia no Estado dependem de que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprove a transferência do controle das obras da Eletrosul para a Shanghai Eletric. As empresas negociam a formação de uma sociedade de propósito específico para a realização dos empreendimentos, sendo que os chineses teriam uma participação de 75% na associação e os brasileiros 25%. O gerente da diretoria de Engenharia da Eletrosul, Daniel Vieira de Almeida, espera que a avaliação do pedido de transferência, pela Aneel, ocorra ao longo deste mês ainda. De acordo com o dirigente, a Shanghai também solicitou um prazo de 48 meses para a construção das estruturas de transmissão, a partir da transferência da concessão.
Para o leilão A-6, entre os empreendimentos gaúchos, foram cadastrados 101 projetos eólicos, cinco Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), uma termelétrica a biomassa e duas usinas a carvão. Já no A-4, estão inscritos 103 complexos eólicos, cinco PCHs, uma Central Geradora Hidrelétrica (CGH) e uma térmica a biomassa. O presidente do Sindieólica-RS enfatiza que somente os empreendimentos eólicos (a maioria deles cadastrada nos dois certames) totalizam praticamente R$ 16 bilhões em investimentos a serem feitos no Rio Grande do Sul.
O diretor de assuntos técnicos da Associação Gaúcha de Fomento às PCHS (agPCH), Roberto Arsego Zuch, conta com que sejam estipulados prazos reais para que as obras de transmissão aconteçam. O dirigente salienta que são complexos de extrema importância para o crescimento de todas as fontes de geração de energia elétrica no Estado. Zuch estima que, pelo fato das PCHs serem usinas de menor porte, talvez seja possível serem viabilizadas nos leilões do final do ano, independentemente das obras de transmissão. "Mas, estamos visualizando o futuro do Estado e sem essas obras o Rio Grande do Sul não tem como evoluir na questão energética", adverte. Zuch, Almeida e Sari participaram ontem de uma reunião na Secretaria de Minas e Energia para debater o tema.

Chineses vêm ao Brasil discutir o repasse das obras

A análise da Aneel quanto à possibilidade do repasse do controle das obras da Eletrosul no Estado para a Shanghai Eletric fará com que a conexão China-Brasil intensifique-se. Na próxima semana, a alta cúpula da empresa asiática deverá vir para o País, não estando descartada a vinda do próprio presidente da companhia. Ontem, o presidente da Eletrosul, Gilberto Odilon Eggers, e representantes da Shanghai já estiveram em Brasília, na agência reguladora, para tratar da questão.
O secretário de Minas e Energia, Artur Lemos Júnior, também tentará marcar uma reunião com o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, na próxima segunda-feira, para discutir o assunto. Lemos acrescenta que o projeto da gigantesca termelétrica a gás natural liquefeito (GNL) de Rio Grande (que tem envolvimento da gaúcha Bolognesi e da norte-americana New Fortress Energy), se reverter a revogação da sua outorga, é outro empreendimento que será prejudicado se não houver a conclusão das obras de transmissão.
Representando a Agenda 2020 na reunião dessa quarta-feira, o empresário Humberto Busnello criticou o "mal que a Eletrosul causou ao Estado" com o atraso das obras e pediu que o governo gaúcho busque ainda insistir na participação no leilão A-4. Lemos afirma que não se desistiu do ingresso no certame, mas não se pode fazer um "cavalo-de-batalha", caso contrário "pode não ter um A-4, um A-6 ou um A-8". O secretário destaca ainda que a Eletrosul não está se esquivando da responsabilidade quanto às multas que deverão ser decorrentes pelo atraso das obras. O dirigente acrescenta que os chineses querem contar com o know how da estatal brasileira quanto ao setor elétrico nacional.