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Cultura

- Publicada em 06 de Outubro de 2017 às 13:17

Penúltima noite da Jornada teve discussão sobre igualdade

Encontro rendeu discussões sobre discriminação, violência de gênero e expressões culturais

Encontro rendeu discussões sobre discriminação, violência de gênero e expressões culturais


GELSOLI CASAGRANDE/DIVULGAÇÃO/JC
Ricardo Gruner
Já em sua reta final, a Jornada Nacional de Literatura contou com presença de Conceição Evaristo, Edegar Pretto, Federico Andahazi, Marina Colasanti e Thedy Corrêa na noite desta quinta-feira. O penúltimo encontro na lona principal rendeu discussões sobre discriminação, violência de gênero e expressões culturais.
Já em sua reta final, a Jornada Nacional de Literatura contou com presença de Conceição Evaristo, Edegar Pretto, Federico Andahazi, Marina Colasanti e Thedy Corrêa na noite desta quinta-feira. O penúltimo encontro na lona principal rendeu discussões sobre discriminação, violência de gênero e expressões culturais.
Minutos antes da conversa, durante show no mesmo local, o músico Thedy Corrêa já indicou o clima da conferência, relatando que Camila, Camila, uma das canções mais famosas de sua banda, a Nenhum de Nós, fala de violência contra a mulher. “Nós recebemos depoimentos dizendo ‘Eu sou uma Camila da vida real’", lamentou ele.
Com o tema Por elas: a arte canta a igualdade, a atividade foi bem mais intensa do que o clima de celebração da noite anterior – dedicada a Clarice, Drummond, Scliar e Suassuna. Andahazi, de obra que envolve psicanálise, literatura, sexualidade e história, trouxe à mesa observações seu país, a Argentina. “Dizem que não há preconceito contra negros lá. Não há negros. Mataram todos na Guerra do Paraguai”, salientou o escritor, que tem uma história curiosa envolvendo o livro O anatomista (1996). O trabalho havia vencido um prêmio nacional, mas o teor sexual do texto não agradou a mentora da fundação responsável pela láurea. Como resultado, a organização decidiu não publicar a obra. O protagonista da narrativa ficcional é um personagem real, Mateo Colombo, médico renascentista visto como o descobridor do clitóris – condição tratada pelo autor com ironia.
Poeta, tradutora, escritora e ilustradora, Marina Colasanti foi uma das mais aplaudidas da noite. Observou que havia mais mulheres do que homens na plateia e constatou que ou os homens não estão tão interessados em uma mesa de discussão de gênero ou as mulheres têm mais interesse em eventos culturais. Em certo momento, Alice Ruiz, mais uma vez no trio de coordenadores do painel, perguntou aos colegas se a arte é o melhor veículo para conquistas ideológicas. Em sua resposta, Marina começou dizendo que sabia qual resposta a mediadora queria ouvir. “Eu também gostaria de dizer que a arte é extremamente modificadora, mas não é o que a história nos diz”, colocou. “O mundo não tem mudado como nós gostaríamos. Mas se somos assim com a arte, como seríamos sem ela?.
Já Conceição Evaristo defendeu que a arte tem o poder de nos devolver a humanidade. “Falo como mulher negra na sociedade brasileira. Essa busca pela igualdade passa pelo direito de poder ser, ler”, frisou, antes de referir-se à colonização: “Temos uma herança maldita da violência”. Doutora em Literatura Comparada e autora de livros como Ponciá Vicêncio, ela também refletiu sobre sua própria trajetória, a qual começou em uma favela, e sobre o preconceito embutido na língua: “assim como diversos termos, ‘denegrir’ é falado espontaneamente, mas é ligado ao negro negativamente”.
Presidente da Assembleia Legislativa, Edegar Pretto participou contando sua experiência com a iniciativa ElesPorElas – HeForShe – cujo objetivo é convidar pessoas para criar uma força pela igualdade de gênero. Também disse ser contra a reforma da previdência e condenou as diferenças salariais entre homens e mulheres em posições de trabalho iguais.
Já perto do fim do evento, Andahazi lembrou de Sherazade, uma das primeiras narradores da literatura. “Lia para não ser morta pelo marido”, observou o argentino, completado por Marina: “As mulheres sempre foram as vozes narrativas da humanidade.”
A Jornada termina nesta sexta-feira (6), com o painel Monstros e outros medos colecionáveis. Os convidados são Débora Ferraz, Julián Fuks, Mario Corso, Mário Rodrigues e Michel Laub.
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