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Cultura

- Publicada em 06 de Outubro de 2017 às 08:35

Seminário marca discussões sobre literatura gaúcha em jornada de Passo Fundo

Escritores debatem a produção local de literatura

Escritores debatem a produção local de literatura


GELSOLI CASAGRANDE/DIVULGAÇÃO/JC
Ricardo Gruner
Foram poucos os autores do Rio Grande do Sul que subiram no Palco da Compadecida para a programação da Jornada Nacional de Literatura, cuja 16ª edição termina nesta sexta-feira à noite, em Passo Fundo.
Foram poucos os autores do Rio Grande do Sul que subiram no Palco da Compadecida para a programação da Jornada Nacional de Literatura, cuja 16ª edição termina nesta sexta-feira à noite, em Passo Fundo.
No entanto, os expoentes do Estado têm uma agenda própria em outro ponto do campus da Universidade de Passo Fundo, em seminário que ocorre dentro da agenda do evento. Desde terça-feira, professores, escritores, estudantes e interessados em discutir questões da produção local tem conferido o Seminário Literatura Gaúcha: Cena contemporânea. A ação também se encerra na sexta-feira, com uma discussão sobre Jornalismo e Literatura.
O calendário de atividades foi organizado pelo Instituto Estadual do Livro, que em conjunto com o colegiado setorial do Livro, Leitura e Literatura para ouvir os temas que representantes da área consideram importantes. “O objetivo é promover e difundir a literatura sul rio-grandense”, resume a diretora da entidade, Patricia Langlois.
Na primeira tarde de programação, por exemplo, o tema foi Literatura e Mídias Digitais. Com experiências que variam da escrita até a edição, o ensino e a divulgação de livros, Marcelo Spalding, Rodrigo Rosp e Vitor Diel trabalharam na desmistificação de que a tecnologia é inimiga da leitura, entre outros assuntos. “Na sala de aula, o jogo pode ser um aliado”, afirma o primeiro, referindo-se a livros digitais, com interatividade. Cristopher Kastensmidt estava previsto para participar da mesma mesa e teve de cancelar, mas deixou como contribuição a dica de ferramentas gratuitas para a criação de projetos neste modelo – caso de Twine e Inklewriter.
Já de acordo com Rosp, a arte se apropria do que está ao seu redor – os romances epistolares, como Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe, já utilizavam cartas como forma narrativa. “Por que não se apropriar do digital?”, pergunta ele, destacando que essa influência está presente em um recente do vencedor do Pulitzer, A visita cruel do tempo, de Jennifer Egan, que tem um capítulo em Power Point. “O verdadeiro desafio para o livro é o descaso com a leitura”, completa Spalding.
Com o tema Literatura infantil e juvenil para além da escola: o livro como personagem principal, o encontro teve participação de Antonio Schimeneck, Dilan Camargo, Glaucia de Souza e Jacira Fagundes. Diretora de literatura infantil e juvenil da Associação Gaúcha de Escritores, a Jacira destaca que o livro deve ser encarado pelos pais, em casa, como um objeto de desejo. “É momento de não botar exclusivamente nos colégios a responsabilidade de formar um leitor. Tem que trazer isso para a sociedade”, ressalta, insatisfeita com os resultados do modelo atual.
Já Camargo nota que a poesia, tema sobre o qual falou, está “engatinhando” de volta para algumas escolas. “Por sua complexidade, variedade de dimensões, sonoridades e riqueza vocabular, ela abre para a criança o mundo extraordinário da palavra”, considera. “Isso ajuda a ganhar confiança no ato de falar, de se expressar, e vai ser fundamental quando ela se alfabetizar”, define.
A poesia – no caso, a produção contemporânea - também foi o centro das discussões da tarde de quarta-feira, no mesmo seminário. Em sua apresentação, a escritora Lilian Rocha lamentou o cenário de desigualdade, apontando para a invisibilidade de autoras e poetisas negras e o quanto é preciso ser trabalhado para que essa poesia seja conhecida. “Não queremos só a resistência, queremos a permanência”, destaca ela, que integra a coordenação do Sarau Sopapo Poético, atividade que celebra a literatura negra em Porto Alegre.
Em painel que ainda teve presenças de Guto Leite e José Eduardo Degrazia, o poeta Ronald Augusto mostrou-se incomodado com aspectos que orbitam a arte. No caso, a ausência de um debate crítico – seja na mídia tradicional ou até em ambiente universitário. ”Os cursos de Letras no geral não dão espaço satisfatório na academia para produção contemporânea”, ressalta ele, mais tarde completando: “ é preciso arriscar falando que os novos nomes são bons”.
O Seminário Literatura Gaúcha termina com um painel que visa mapear as fronteiras do jornalismo literário. Os convidados são Rafael Guimarães, Marcello Campos, Airton Ortiz e Luis Dill. Todos os participantes também contribuíram com textos que serão disponibilizados online nos anais da Jornada após o fim do evento.
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