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Teatro

- Publicada em 02 de Novembro de 2017 às 21:40

Meio bom, meio ruim

Embora muito superior, na qualidade, ao espetáculo anterior a que assistimos, oriundo do Leste europeu, este Joias do ballet russo também deixou a desejar, sobretudo, de um lado, pela omissão de informações mais objetivas a respeito do espetáculo e, de outro, ao menos no que toca a Porto Alegre, a troca de programa, de última hora, e de parte do elenco, sendo que o público passou a ser informado por um locutor que trazia o título do movimento, a que obra pertencia e quais os solistas que o interpretariam. Neste caso, não havia nem programa impresso. Também não havia qualquer cenário, já que, inteligentemente, o espetáculo modernizou a tecnologia e projetava imagens fracamente animadas de paisagens e espaços dramáticos, o que ajudava na dinâmica da encenação.
Embora muito superior, na qualidade, ao espetáculo anterior a que assistimos, oriundo do Leste europeu, este Joias do ballet russo também deixou a desejar, sobretudo, de um lado, pela omissão de informações mais objetivas a respeito do espetáculo e, de outro, ao menos no que toca a Porto Alegre, a troca de programa, de última hora, e de parte do elenco, sendo que o público passou a ser informado por um locutor que trazia o título do movimento, a que obra pertencia e quais os solistas que o interpretariam. Neste caso, não havia nem programa impresso. Também não havia qualquer cenário, já que, inteligentemente, o espetáculo modernizou a tecnologia e projetava imagens fracamente animadas de paisagens e espaços dramáticos, o que ajudava na dinâmica da encenação.
Dividida em duas partes, a apresentação iniciou-se com o pas de deux de Arlequinada, com Anastasia Lomachenkova e Tim Baro-Godefroy. O bailarino foi claramente prejudicado pelo fato de ser de altura e peso muito inferiores aos da bailarina, de modo que não se completaram jamais os movimentos em que ele devesse suspender sua parceira. O que, neste primeiro momento, foi, assim, frustrante, compensou-se logo depois: ele retornou na interpretação de Gopak, de Taras Bulba, com excelente performance e ela encerraria a noitada, desta vez, ao lado de Alexander Volchkov, em interpretação que arrancou aplausos entusiasmados do público, e com sobradas razões.
No primeiro ato, contudo, ela ainda faria o solo da morte do cisne, do balé O lago dos cisnes, num momento alto do espetáculo, que provocou os primeiros aplausos fortes da plateia. A mesma Anastasia Lomachenkova abriu a segunda parte do espetáculo, com a peça que, para mim, foi o momento mais interessante, mais vivo e dinâmico de todo o espetáculo, o adágio de Escamillo e, sobretudo, a dança de Carmen, do balé Carmen. Aqui, a gente sentiu, de perto, a diferença positiva dos balés já distantes da tradição russa, demasiadamente rotineiros e codificados, que tiram a espontaneidade e a criação dos bailarinos, obrigados a repetirem, ad nauseam, coreografias antigas e velhas do século XIX. Carmen, ao contrário, avança corajosamente na maior proximidade dos corpos dos bailarinos, tem maior sensualidade e, por consequência, evidencia maior vitalidade.
A segunda peça da primeira parte foi ainda um pas de deux, desta vez do Quebra nozes, com as interpretações de Maria Larikova e Bóris Zurilov, num conjunto harmonioso, que entusiasmou o público presente.
Do mesmo O lago dos cisnes, a primeira parte da noitada se encerrou com o pas de deux do Cisne Negro, nas interpretações de Miho Naotsuka e Kiril Safin, ela, simplesmente emocionante. Evidentemente, como a figura feminina é, nesta passagem, o centro das atenções da coreografia, seu companheiro teve poucas oportunidades de aparecer mais, mas certamente se destacou pela firmeza, força e exatidão nos movimentos aéreos, sobretudo de suspensão e elevação da companheira.
O lago dos cisnes voltou à cena, como segunda peça da segunda parte, com o adágio do Cisne Branco, com Maria Larikova e Kirill Safin, a evidenciar por que tais balés são clássicos no repertório russo: o espectador já sabe o que vai ver, mas quer conferir para averiguar se o intérprete é capaz de realizar aquilo que ele imagina/deseja/idealiza em relação àquela passagem. Neste caso, com toda a certeza, ambos os bailarinos se saíram airosamente do desafio. Com isso, o segundo ato acabou promovendo um upgrade no espetáculo, predispondo mais fortemente o público - que até então aplaudia apenas educadamente - a uma maior interatividade com os artistas.
Seguiram-se Panaderos, de Raymonde, com Boris Zurilov, e o pas de deux de As sílfides, com Miho Naotsuka e Tim Baro-Godefroy. O solo agradou pela precisão e firmeza do bailarino. O pas de deux confirmou a qualidade excepcional de Miho Naotsuka e o próprio Tim Baro-Godefroy, agora, em dupla, bem equilibrada pelas alturas e pesos de cada um, de modo a permitir a perfeita evolução da dupla.
O pas de deux de Dom Quixote, com Anastasia Lomachenkova e Alexander Volckhov, a mesma dupla que havia aberto a segunda parte, encerrou o espetáculo, como já disse, levantando a plateia. A noitada estava salva.
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