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Teatro

- Publicada em 19 de Outubro de 2017 às 22:31

Coloridos malabarismos em meio ao cinza da metrópole

O Cirque Éloize é um grupo artístico canadense, organizado enquanto fundação, que trabalha com a simbiose entre as artes cênicas, do circo à dança e o teatro. Mais que isso, com o próprio cinema. Esta é a proposta que aparece, por exemplo, no espetáculo que eles trazem em turnê pela América do Sul, chegando inclusive a Porto Alegre - Cirkópolis, claramente inspirado no filme Metrópolis, de Fritz Lang. Na tela do fundo do palco, projetam-se, continuamente, imagens animadas de uma cidade cinzenta e mecânica, marcada pelo movimento das engrenagens e a ausência total do sol. No palco, 15 personagens contrabalançam esta experiência negativa, com números circenses, de ginástica a malabarismos e dança, num ritmo frenético e sem qualquer interrupção, durante cerca de hora e meia de espetáculo. Há uma espécie de personagem condutor da trama, um tal Ashley, vivido pelo próprio Ashley Carr. Ele puxa, de certo modo, as atividades de cada quadro, numa linha clownesca. Depois, temos quatro atrizes que são ginastas e malabaristas, com destaque para Alexie Maheu, cuja performance é admirável, ao lado de Rosite Hendrey, cuja brincadeira com um gigantesco bambolê surpreende a todos.
O Cirque Éloize é um grupo artístico canadense, organizado enquanto fundação, que trabalha com a simbiose entre as artes cênicas, do circo à dança e o teatro. Mais que isso, com o próprio cinema. Esta é a proposta que aparece, por exemplo, no espetáculo que eles trazem em turnê pela América do Sul, chegando inclusive a Porto Alegre - Cirkópolis, claramente inspirado no filme Metrópolis, de Fritz Lang. Na tela do fundo do palco, projetam-se, continuamente, imagens animadas de uma cidade cinzenta e mecânica, marcada pelo movimento das engrenagens e a ausência total do sol. No palco, 15 personagens contrabalançam esta experiência negativa, com números circenses, de ginástica a malabarismos e dança, num ritmo frenético e sem qualquer interrupção, durante cerca de hora e meia de espetáculo. Há uma espécie de personagem condutor da trama, um tal Ashley, vivido pelo próprio Ashley Carr. Ele puxa, de certo modo, as atividades de cada quadro, numa linha clownesca. Depois, temos quatro atrizes que são ginastas e malabaristas, com destaque para Alexie Maheu, cuja performance é admirável, ao lado de Rosite Hendrey, cuja brincadeira com um gigantesco bambolê surpreende a todos.
Que novidades nos traz este circo que segue a tradição de espetáculos que se apresentam em teatros e não sob lonas, como é a tradição circense? Antes de mais nada, é esta simbiose entre as linguagens, incluindo a projeção cinematográfica, a trilha sonora que promove colagens de diferentes composições, intérpretes que são, ao mesmo tempo, palhaços (clowns) e malabaristas ou ginastas, além de atores muito bem treinados. As performances, em si, não são exatamente novidades: já as vimos todas, em algum momento, em outros espetáculos. Mas, certamente, nunca na quantidade de participação de intérpretes e na radicalização da dificuldade, qualitativamente falando, com que as encontramos aqui. O grupo de intérpretes do Cirque Éloize parece não se satisfazer com o que já foi feito: propõe, permanentemente, superar aquele estágio anterior. Evidentemente, isso significa desafios superiores que são vencidos em performances que parecem absolutamente fáceis e naturais, mas que por certo demandaram horas e horas de treinamento, como, por exemplo, os saltos que eles realizam entre uns e outros, em distâncias e com graus de dificuldade simplesmente espantosos, colocando realmente em risco a segurança de cada intérprete e, ainda que com formações que por certo busca garantir esta segurança do intérprete, sem qualquer rede de segurança, e com uma precisão quase inexplicável, como se aqueles fossem bonecos e mecanismos movidos por molas e não seres humanos dedicados a uma encenação.
Outro elemento importante na organização do espetáculo do grupo canadense é seu constante bom humor. A tensão eventualmente provocada por cada número é sempre relativizada, em sua tonalidade, por um movimento paralelo, que visa, de certo modo, quebrar a dramaticidade do momento, de modo a torná-lo mais facilmente aceito pelo público.
Dado a destacar é o cuidado com o figurino e a iluminação, elementos de composição da cena fundamentais para o sucesso do espetáculo. Os figurinos, por exemplo, de Liz Vandal, num primeiro momento, acompanham a ideia geradora do trabalho: roupas cinzentas que marcam a massificação. Mas, em seguida, transformam-se em trajes altamente coloridos, que auxiliam inclusive na visibilidade do intérprete que pode, assim, ser melhor acompanhado pelo espectador. Do mesmo modo, a iluminação de Nicolas Descoteaux, iluminação que, lateralmente ou desde o alto, cria fortes contrastes no espaço cênico, valorizando o intérprete principal, quando existe um solo. Cirkópolis tem concepção de Krzysztof Soroczynski e de Robert Massicotte, para um resultado final idealizado por Jeannot Painchaud e Dave Saint Pierre, que é, também, o coreógrafo do espetáculo.
Em resumo, durante todo o desenvolvimento do espetáculo, a gente não consegue tirar o olho do palco, tal a competência e o inusitado das performances e o ritmo continuado e alucinante das realizações trazidas à cena. Foi uma bela experiência, a evidenciar como este tipo de trabalho, longe de estar "ultrapassado", pelo contrário, está sempre a se renovar e afirmar junto ao público do mundo inteiro.
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