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- Publicada em 02 de Novembro de 2017 às 21:40

Obras-primas do terror e do suspense

Detalhe da capa do livro

Detalhe da capa do livro


ROCCO/DIVULGAÇÃO/JC
Os crimes da rua Morgue e outras histórias extraordinárias (Fantástica Rocco, 224 páginas, R$ 29,90), do genial escritor norte-americano Edgar Allan Poe, traz o conto-título que inaugurou a literatura policial, apresentando o primeiro detetive do estilo, com raciocínio dedutivo, Auguste Dupin. O conto foi publicado pela primeira vez em 1841, na Graham's Magazine. Dupin influenciou os clássicos Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle; Arsène Dupin, de Maurice Leblanc; Hercule Poirot, de Agatha Christie; e o comissário Jules Maigret, de Georges Simenon.
Os crimes da rua Morgue e outras histórias extraordinárias (Fantástica Rocco, 224 páginas, R$ 29,90), do genial escritor norte-americano Edgar Allan Poe, traz o conto-título que inaugurou a literatura policial, apresentando o primeiro detetive do estilo, com raciocínio dedutivo, Auguste Dupin. O conto foi publicado pela primeira vez em 1841, na Graham's Magazine. Dupin influenciou os clássicos Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle; Arsène Dupin, de Maurice Leblanc; Hercule Poirot, de Agatha Christie; e o comissário Jules Maigret, de Georges Simenon.
A antologia com alguns dos melhores contos de Poe tem tradução e adaptação da grande escritora Clarice Lispector, que gostava muito de policiais e traduziu livros de Agatha Christie sob o pseudônimo de Mary Westmacott. Clarice traduziu obras de Jonathan Swift, Oscar Wilde, Júlio Verne e Jack London, entre outros; além de dramaturgos como Yukio Mishima e Henrik Ibsen; e poetas como Garcia Lorca.
Edgar Allan Poe nasceu em Boston, em 1809. Foi poeta, escritor, editor e crítico literário, um dos maiores escritores norte-americanos e um dos primeiros a viver profissionalmente da literatura. Vítima do alcoolismo, faleceu em uma taberna de Baltimore, com 40 anos de idade.
A vingança de um gato preto contra o dono cruel; as tormentas de um sobrevivente de um navio-fantasma; a paixão pelo vinho como armadilha para uma atroz cilada; a misteriosa doença que destrói os últimos descendentes de uma rica e importante família; a tétrica obsessão de um homem pelos dentes da prima; a amada que retorna da morte para ocupar o seu lugar de direito; e um duplo e brutal assassinato ocorrido em um quarto fechado (assunto do conto-título) são os temas de algumas das histórias do livro. O macabro esconde-se em detalhes, no sobrenatural e no cotidiano de pessoas comuns, que trilham um caminho tênue do incerto ao desconhecido, entre a vida e a morte, a sanidade e a loucura.
Charles Baudelaire, o mais importante poeta francês da época, se encantou com os trabalhos de Poe, os traduziu para o francês e se empenhou na divulgação.
Dois séculos depois, as obras de Poe seguem influenciando escritores das gerações seguintes e o conteúdo e estética delas motiva filmes, séries, games e histórias em quadrinhos.

Lançamentos

  • Mitologia Musical: Estrelas, ídolos e celebridades vivos em eternidades possíveis (Appris, 236 páginas) resultou da tese de doutorado do produtor musical, sound designer, remixer e pesquisador Ticiano Paludo. Traz com brilho e profundidade o universo da indústria musical a partir da perspectiva denominada mitologia musical. Ambientes com músicos, equipes, mídia e fãs estão na obra, que vai do ancestral ao contemporâneo, e faz pensar na música de hoje e do amanhã.
  • Relendo Vereda: Grupo Vereda - Prosa (Bestiário Class, 320 páginas), organizado pelo médico, poeta e escritor José Eduardo Degrazia, traz obras em prosa dos integrantes do Grupo Vereda, que marcou época no RS. Degrazia, Aldyr Schlee, Carlos Carvalho, Jorge Rein, Moacyr Scliar, Tarso Genro, Antônio Hohlfeldt, Cesar Pereira, Cícero Galeno Lopes, Luiz Sérgio Metz, Rodolfo Lucena, Selvino Heck e Suzana Kilpp. Muitos atuam até hoje.
  • Mary Poppins (Zahar, 192 páginas), de P.L. Travers, em edição comentada e ilustrada, apresenta o clássico que traz a famosa personagem que entra em cena voando, carregando uma maleta e um guarda-chuva. A peculiar babá da família Banks faz parte da imaginação de crianças de muitas gerações, com muitas surpresas e aventuras, como a história da vaca dançante. Mary Poppins é durona, misteriosa, absolutamente irresistível e figurou numa produção da Disney. 

Dia dos infindáveis

Melhor chamar o Dia de Finados de Dia dos Infindáveis. Não há comprovação científica da vida depois da morte. Alguns acreditam em reencarnação ou metempsicose (transmigração da alma para um ser vivo animal ou vegetal). Morrer, pagar impostos e ver o Inter Tetracampeão Mundial são as únicas certezas futuras. Não gosto de pensar na morte e nos impostos, cada vez mais altos, impostos por governos cada vez mais baixos.
Um brocardo latino dizia: mors omnia solvit, a morte resolve tudo. Juristas gostam dele, mas acho furado. Os mortos, suas lembranças e problemas estão aí, ao menos até serem lembrados. Guimarães Rosa disse que as pessoas não se vão, ficam encantadas. Sei lá o que acontece ou não no além, e não estou muito curioso. Quando criança, tinha medo do diabo, do inferno e de ser enterrado vivo, como diziam ter acontecido com o jornalista J. Bronquinha e com o ator Sérgio Cardoso.
Tinha medo de adormecer e não acordar. Aos sete ou oito anos, achava que tinha muita coisa para viver no dia seguinte e nos outros. Impressionado com as notícias do jornal e com a catalepsia (síndrome que faz alguém parecer morto), tinha medo de ser enterrado vivo. Nos Estados Unidos, inventaram um túmulo com comida, água e uma cordinha que acionava um sino, do lado de fora, para avisar se estava vivo.
Melhor não pensar na morte, assobiar no escuro, fazer de conta que não existe. Ou pensar só para ter gana de fazer coisas em vida. Melhor não pensar demais nos mortos, se não eles chamam a gente para o andar de cima antes da hora. Os que se foram não foram, deixaram palavras, gestos, afetos, exemplos, emoções, fotografias, razões, piadas, gols e bens materiais. Pessoas só morrem mesmo depois que ninguém lembra mais delas.
Não preciso de Dia de Finados ou datas de aniversário para lembrar os entes. Lembro com frequência de meus avôs, pai, sogros, irmão, tios, primos e amigos que se foram. Não vou muito ao cemitério, nem penso demais nos infindáveis para não lhes tirar a paz. É cedo ainda para o reencontro, se houver. Se não, estão de ótimo tamanho as lembranças e os "reencontros" aqui. Anos atrás, sonhei com meu pai e meu irmão, que se foram cedo. Pareciam mais altos e mais gordinhos do que aqui. Me disseram, com os olhos, que não era a hora da reunião. Por enquanto, reúno as lembranças. Às vezes, quando tenho que resolver algo mais complicado, fico imaginando o que eles fariam. Às vezes, alguma resposta; outras vezes, o silêncio me diz para me virar por aqui. É a vida. É a morte.
No México, o Dia de Finados é festivo, com caveiras e esqueletos coloridos, comidas para os defuntos e humor. Poderia ser assim no mundo todo. Hoje, as pessoas não morrem mais em casa. Morrem nos hospitais ou ruas, em acidentes e assassinatos. Velórios e cerimônias são rápidos, em locais impessoais. Infelizmente não tem mais piadas de velório. A morte, o sentimento de morte e as cerimônias demoradas morreram. Às vezes tem música, comida e bebida para os vivos e maquia-se o infindável, que não se fina tão cedo.

A propósito...

Neste Dia de Finados, do jeito que estamos, é bom lembrar brasileiros infindáveis que nos deixaram legados, obras e exemplos luminosos: Irmã Dulce, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Mario Covas, Leonel Brizola, dom Helder Câmara, Betinho, Tom Jobim, Carmen Miranda, Cauby Peixoto, Ayrton Sena, Garrincha, Pixinguinha, Lupicínio, Noel Rosa, Oswaldo Cruz, Clarice Lispector, Erico Verissimo, Barbosa Lima Sobrinho e Machado de Assis completam a lista. Desculpem-me os muitos não citados. Sintam-se lembrados e vivos, nos governem, mas o imortal em vida Barão de Itararé disse: "os vivos são cada vez mais governados pelos mais vivos". Sempre vivo, querido barão, vovô da imprensa e do humor.