Formar lideranças que possam contribuir para um futuro próspero é o desafio e a meta do programa Valores da Educação, coordenado pela ONG Parceiros Voluntários, que comemora 20 anos neste ano. Vinculada ao programa, a ação Tribos na trilha da cidadania tem chancela da Unesco e vem, há 11 anos, transformando realidades e promovendo a consciência social. Na edição deste ano, foram 268 escolas públicas e privadas do Estado envolvidas em projetos sociais voltados à promoção e ao bem-estar da comunidade na qual os jovens estão inseridos.
A fundadora da ONG e presidente voluntária, Maria Elena Johannpeter, lembra que criou a organização após estudar um programa criado pelo sociólogo colombiano Bernardo Toro, sobre mobilização social e criação de lideranças. "Temos vários jovens que hoje estão no mercado de trabalho fazendo a diferença, e acredito que, pela vivência e interação com o outro iniciada no projeto, a maior parte são líderes ligados às humanidades", diz, orgulhosa. Em 20 anos, são mais de 2,3 mil organizações sociais atendidas e 4,5 mil jovens capacitados pela metodologia Tribos da cidadania, que está organizada nos segmentos de meio ambiente, educação para a paz e cultura.
Na edição deste ano do projeto, Maria Elena comemora o envolvimento dos jovens, que tomaram o protagonismo da organização do Fórum das Tribos, evento de encerramento das atividades, que aconteceu na terceira sexta-feira de outubro na Escola Estadual Liberato Salzano Vieira da Cunha. "No início, a Parceiros precisava tomar a frente; hoje, são os jovens", comenta, lembrando que esta era a intenção inicial do projeto para a ação que reúne jovens de cinco a 20 anos.
Os alunos da escola que sediou o evento trabalharam ao longo do ano letivo na trilha da educação para a paz. Eles organizaram visitas mensais à Casa Lar do Cego Idoso, ligada à Associação de Cegos Louis Braille, nas quais preparam o chá da tarde e interagem com os moradores do local. Uma das professoras responsáveis pelos trabalhos, Ana Maria Reinchardt comenta que nota diferença na formação de pensamentos daqueles que acompanham o grupo. "Eles acabam tornando-se cidadãos ativos das mudanças que eles mesmos notam necessárias na comunidade", conta.
Além disso, Maria Elena explica que os estudantes envolvidos recebem anualmente certificado com o número de horas voluntariadas como meio de valorizar seu desempenho. "Isso também é currículo. Muitos jovens vão tentar cursos ou bolsas que cobram o envolvimento com a comunidade", lembra a idealizadora do projeto. Outras habilidades são postas à prova pela ação, diz, como o trabalho em grupo, que também são estimuladas a partir da iniciativa.
Cerca de 80% das escolas participantes são públicas, entre elas, além da Liberato Salzano, está a Escola Estadual de Ensino Fundamental Oscar Schimitt, que atua na área de sustentabilidade ao criar uma horta comunitária, integrada a uma cozinha sustentável. Os próprios alunos participam ativamente da compra de mudas e preparo de alimentos. "Esse foi o jeito que encontramos para melhorar a realidade difícil de nossa escola", comenta, emocionada, a professora Maria Cristina de Oliveira.
Para Maria Elena, mais do que o bem de transformar realidades pontuais, sua intenção com o projeto é também a criação da cultura de voluntariado. Anteriormente ao envolvimento dos jovens na ONG, diz, quem os procurava para participar dos voluntariados eram pessoas de 40 anos. A constatação fez com que surgisse a parceria com escola no sexto ano de atividades da organização. "Hoje, temos voluntários a partir de cinco anos, que são a nossa caderneta de poupança, para que, quando formos procurados aos 40 anos, já tenham o voluntariado como atitude", comenta a presidente da instituição.