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Empresas & Negócios

- Publicada em 11 de Outubro de 2017 às 16:58

Pré-sal precisa de novos rumos

 Edson Silva

Edson Silva


CLAITON DORNELLES /JC
Jefferson Klein
Com montadoras como a Volvo, Fiat e BMW migrando para a fabricação de veículos elétricos e outros combustíveis alternativos sendo buscados para substituir os derivados fósseis, os recursos do pré-sal brasileiro podem não ser tão atrativos no futuro. O diretor da consultoria ES-Petro, Edson Silva, frisa que, dentro desse cenário, o País precisa agilizar a exploração do petróleo nessa área. Atuando desde 2016 como consultor do mercado de combustíveis, o economista trabalhou por 12 anos na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) exercendo cargos como superintendente de abastecimento e coordenador do escritório do órgão regulador na região Sul.
Com montadoras como a Volvo, Fiat e BMW migrando para a fabricação de veículos elétricos e outros combustíveis alternativos sendo buscados para substituir os derivados fósseis, os recursos do pré-sal brasileiro podem não ser tão atrativos no futuro. O diretor da consultoria ES-Petro, Edson Silva, frisa que, dentro desse cenário, o País precisa agilizar a exploração do petróleo nessa área. Atuando desde 2016 como consultor do mercado de combustíveis, o economista trabalhou por 12 anos na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) exercendo cargos como superintendente de abastecimento e coordenador do escritório do órgão regulador na região Sul.
JC Empresa & Negócios - O País tem condição de aprimorar o aproveitamento do pré-sal?
Edson Silva - O pré-sal já é uma realidade. Para se ter ideia, a maior produção de petróleo no Brasil hoje é no pré-sal, mais de 50%, e a exploração ainda se dá em uma área relativamente pequena. Deveríamos acelerar a produção do pré-sal pelo simples fato, muito objetivo, de que estamos no limiar do fim da era do petróleo.
Empresa & Negócios - O cavalo pode passar encilhado e o Brasil deixar de montá-lo?
Silva - É, podemos perder o tempo. A mobilidade está mudando rapidamente, já estamos vivendo a era do carro elétrico, do automóvel dirigido sem motorista. Claro que no Brasil isso ainda vai chegar nos próximos anos. Um ministro iraquiano, há uns 15 anos, em uma reunião da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), disse que a era do petróleo não terminaria por falta de petróleo, assim com a era da pedra não terminou por falta de pedra, mas sim pelo avanço da tecnologia. É o que estamos assistindo.
Empresa & Negócios - A introdução de novos combustíveis, como a eletricidade e o hidrogênio, obrigarão a agilizar a exploração do pré-sal?
Silva - Eu acho que sim. Por que do contrário, vamos ficar com a riqueza enterrada. A Petrobras desenvolveu uma tecnologia muito importante na produção do pré-sal, o que faz com que tenhamos um custo de extração de petróleo relativamente baixo. É um elemento muito favorável para o Brasil, porque a extração do petróleo no pré-sal exige uma tecnologia muito sofisticada, o risco é muito maior.
Empresa & Negócios - O mercado brasileiro de combustíveis é, hoje, um segmento que pode ser considerado como estável ou pode haver guinadas repentinas em seu rumo?
Silva - O Brasil, infelizmente, ainda é um país muito instável quanto às políticas públicas. O Estado, no Brasil, tem uma intervenção muito grande na economia. Então, a suspeita, o temor do vai e vem, é muito grande por parte do investidor. Por exemplo, a política que a Petrobras passou a adotar relativa à definição de preços (mais imediata, acompanhando o cenário internacional), é uma coisa nova no Brasil.
Empresa & Negócios - Uma mudança na presidência da República pode alterar a política de preços da Petrobras?
Silva - Eu acho pouco provável que isso venha acontecer, porque, se é verdade que tem eleições e essa cultura intervencionista, é verdade também que a economia vai amadurecendo e vai se impondo, a ponto de criar dificuldades para um governante que queira fazer mudanças tão significativas como, por exemplo, o governo voltar a definir preços de combustíveis. Eu tendo a acreditar que essa mudança feita (na Petrobras) tem mais possibilidade de se afirmar do que regredir.
Empresa & Negócios - Qual a sua avaliação sobre a nova política de preços da Petrobras?
Silva - Eu acho que é um avanço e vai contribuir para esse processo de amadurecimento que o mercado de combustíveis vive no Brasil. Os agentes econômicos ainda estão um pouco perdidos, um pouco atônitos, por conta dessa reorientação de preços e do papel da Petrobras. A empresa já perdeu vários ativos e tem a possibilidade de redefinir o seu papel na BR, que é a principal distribuidora de combustíveis no País. Isso abre uma outra perspectiva, o setor passa a funcionar mais sintonizado com as regras de uma economia de mercado. Embora o saldo até aqui mostre um aumento de preços, acho que é mais positivo ter parâmetros conhecidos, com uma razoável transparência, do que ninguém saber quando o governo vai aumentar os preços, se irá aumentar, se está tentando controlar a inflação ou não está.
Empresa & Negócios - Usar a Petrobras para atingir metas econômicas do País seria um artifício mais maléfico do que benéfico?
Silva - Não tenho a menor dúvida. Não é eficaz e nem eficiente para a empresa. A companhia, ao invés de se orientar por produtividade, por desenvolvimento e geração de riquezas, obedece a outras condicionantes. E na medida em que a Petrobras é uma companhia, inclusive, de capital aberto, evidentemente que esse acionista quer ver a empresa progredir. O acionista não está comprando ações para fortalecer um projeto de governo, ele quer ver a Petrobras progredir, dar lucro. A Petrobras carecia de ser redimensionada como está acontecendo.
Empresa & Negócios - O senhor considera correta a gestão de Pedro Parente no comando da Petrobras?
Silva - Eu acho que sim. Não estou discutindo, como poderia se esperar de uma pessoa com a minha trajetória política (Silva é ligado à história do PCdoB), uma avaliação de viés ideológico. Acredito que a Petrobras precisava diminuir de tamanho, ao contrário do que foi feito até aqui. Precisava ser uma empresa mais orientada à produtividade e menos uma condutora de política econômica do governo.
Empresa & Negócios - O senhor é a favor da privatização da estatal?
Silva - Sou contra a privatização de Petrobras, esse não é o caso. Um País como o nosso, com grandes carências de capital e de tecnologia, precisa ter, para o seu projeto de desenvolvimento, uma petroleira forte. Mas, ter uma empresa petroleira forte não significa dizer que é uma companhia que se propõe a ser dominante no mercado de petróleo e combustíveis. Acho que é apropriado redefinir, como está sendo feito, o papel da Petrobras na economia.
 
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