Após o
anúncio do governador José Ivo Sartori, realizado na manhã desta segunda-feira (25), de que a folha salarial do Estado será paga de forma a priorizar quem ganha menos, os sindicatos que representam os servidores do Rio Grande do Sul anunciaram que podem entrar em greve a partir da próxima semana.
Na sexta-feira (29), os sindicatos realizarão um ato unificado de mobilização no Largo Glênio Peres, no Centro de Porto Alegre. Para a data, várias entidades sindicais convocam assembleias gerais. A sexta-feira será o último dia útil do mês, data em que o Estado deve iniciar o pagamento da folha. De acordo com os valores depositados, os servidores dizem que podem convocar uma greve geral, o que pode afetar diversos setores do serviço público.
Dirigentes sindicais não garantem taxativamente que a paralisação será realizada, mas ponderam que a possibilidade é cogitada. Para o diretor-presidente do Sindicato dos Técnicos-Científicos do Rio Grande do Sul (Sintergs), Nelcir Varnier, o pronunciamento feito pelo governador é uma “chantagem” à população e à Assembleia Legislativa, para a aprovação do pacote de renegociação da dívida com a União.
Segundo ele, a priorização do pagamento dos que ganham menos é uma estratégia do governo para driblar a liminar da Fessergs, que
impede corte de ponto em caso de falta ao trabalho enquanto o servidor não receber seus vencimentos. O Sintergs realizará sua assembleia geral na sexta-feira (29) e deve participar da mobilização prevista para a data. “Está sim em pauta a convocação de uma greve, para paralisar todos os serviços”, adverte.
De acordo com a Ugeirm/Sindicato, que representa os agentes da polícia civil, o anúncio do governo do Estado preocupa, pois não há uma definição de um teto de salários que será integralizado. “Nós sempre defendemos um calendário para a integralização, e o governador poderia ter anunciado quais os salários que serão pagos antes”, declara o presidente Isaac Ortiz.
Sobre a possibilidade de uma grave, Ortiz é enigmático: “Tudo é possível”, declara, justificando o que o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a paralisação dos trabalhadores da segurança. “O Supremo decidiu que o Judiciário deve ser o mediador nesses casos, e estamos dispostos a abrir esse flanco de luta e cobrar uma posição do Judiciário”, diz o presidente, confirmando que a Ugeirm também participará do ato no próximo dia 29.
Já em greve desde o dia 5, o Centro dos Professores do Rio Grande do Sul (Cpers-Sindicato) indica que deve manter a postura. “O governo não esclareceu muita coisa, não definiu quais serão os salários mais baixos. Nossa postura continua igual”, afirma a presidente da entidade, Helenir Aguiar Schürer. Ela também diz que o ato marcado para a próxima sexta-feira (29) pode ser o estopim para uma greve geral. “Diversas categorias vão se mobilizar, e há risco de paralisação dos serviços do Estado”, alerta.
A professora afirma ainda que os próximos movimentos da categoria serão definidos de acordo com os valores depositados aos servidores na sexta-feira. “Se o governo tem intenção de pagar nosso salário integral, já deveria nos chamar para trabalharmos um acordo. Do contrário, mantemos nossa posição”, declara.