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Política

- Publicada em 12 de Setembro de 2017 às 22:12

Ex-governador Collares comemora 90 anos

De Bagé, Alceu Collares lembra início da militância no PTB da Capital

De Bagé, Alceu Collares lembra início da militância no PTB da Capital


ANA PAULA APRATO/ARQUIVO/JC
O trem da Viação Férrea do Rio Grande do Sul (Vfrgs) atravessa o Estado pela linha Bagé-Rio Grande em 1944. Um jovem negro de 17 anos percorre o trem, recolhendo cartas, valores e remessas para depositá-los no vagão dos Correios. Em Rio Grande, depois de encaminhar a correspondência ao seu destino, o jovem busca alojamento nos arredores da praça Tamandaré, onde deve aguardar até as 11h do dia seguinte para pegar o trem de volta a Bagé. Às vezes, depende da ajuda de um conhecido para tomar um café. Nesta época, o jovem Alceu de Deus Collares ainda não sabia que, no futuro, trilharia uma das carreiras políticas mais bem sucedidas do Rio Grande do Sul.
O trem da Viação Férrea do Rio Grande do Sul (Vfrgs) atravessa o Estado pela linha Bagé-Rio Grande em 1944. Um jovem negro de 17 anos percorre o trem, recolhendo cartas, valores e remessas para depositá-los no vagão dos Correios. Em Rio Grande, depois de encaminhar a correspondência ao seu destino, o jovem busca alojamento nos arredores da praça Tamandaré, onde deve aguardar até as 11h do dia seguinte para pegar o trem de volta a Bagé. Às vezes, depende da ajuda de um conhecido para tomar um café. Nesta época, o jovem Alceu de Deus Collares ainda não sabia que, no futuro, trilharia uma das carreiras políticas mais bem sucedidas do Rio Grande do Sul.
Nesta terça-feira, o jovem que foi carteiro e telegrafista completou 90 anos. No currículo, traz dois mandatos como vereador de Porto Alegre; quatro como deputado federal; além de ser o primeiro negro a governar a prefeitura da Capital (1986-1988) e o estado do Rio Grande do Sul (1991-1994).
A trajetória política de Collares começou em 1956, quando se mudou para Porto Alegre, onde se filiou ao PTB. Na época, participava também do movimento sindical na União Brasileira dos Servidores Postais Telegráficos. Enquanto militava, continuava com dificuldades financeiras.
"Eu estudava de manhã na Ufrgs (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), era telegrafista das 12h às 19h e, à noite, lecionava Língua Portuguesa na Associação Cristã de Moços para complementar o salário", relembra o ex-governador. 
A primeira vez que se elegeu foi em 1964, quando conquistou uma cadeira da Câmara Municipal de Porto Alegre: começou o mandato pelo PTB, mas, em 1966, quando começou a vigorar o bipartidarismo na ditadura militar (1964-1985), passou a exercê-lo pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Reelegeu-se em 1968. 
Durante a vereança, aproximou-se do ex-governador Leonel Brizola (1959-1963). "Conheci o Brizola quando era vereador do PTB, em 1966. Eu era tão brizolista, mas dizia a ele que tinha vergonha de ser 'papagaio de pirata'. Então, assistia às palestras do Brizola por causa do conteúdo. Ele até pedia para não reparar nos erros (de português). No final, sempre aplaudia, mas não tinha o costume de bajular", relatou.  
Nos anos 1970, venceu duas eleições para a Câmara dos Deputados (em 1970 e 1974, pelo MDB). Mais tarde, depois da redemocratização, se elegeu mais duas vezes, só que agora pelo PDT, em 1998 e 2002.
Aliás, foi um dos fundadores do partido no Estado. Inclusive, atendendo a pedido de Brizola, concorreu a governador em 1982, para impulsionar o crescimento da legenda. 
"Em 1982, fui candidato ao Estado. Fiz 800 mil votos, mas passei muito trabalho. Uma vez, terminamos um comício em Santo Ângelo e não tínhamos dinheiro para comprar gasolina para voltar. Aí, o motorista e eu fomos ao Banco do Brasil e dissemos que estávamos na pior. Nos emprestaram algo como R$ 20,00", contou Collares.
Apesar de não vencer o pleito em 1982, não se abateu. Candidatou-se a prefeito de Porto Alegre em 1985, vencendo sua primeira eleição majoritária. Governou a Capital até 1988. Dois anos mais tarde, chegava ao auge da sua carreira, conquistando o governo do Estado (1991-1994).
"Eleito em 1990, apanhei como cachorro, porque estávamos fazendo um reforma educacional. Criamos 94 Cieps (Centro Integrado de Educação Pública) no Estado. Um dia recebi uma manifestação de um pai em Bagé. Ele me disse que estavam mexendo com a cabeça da sua filha no Ciep, porque agora ela dizia a ele para deixar de comprar bebida e comprar papel higiênico. Então, ela começou a aprender que higiene é um direito, assim como a saúde, a educação, a alimentação. Essa é a importância da educação", avaliou Collares, relembrando um dos feitos da sua gestão.
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