Um sentimento de alívio tomou conta do diretório estadual do Partido Progressista (PP) nesta quarta-feira (6). Dois anos e seis meses depois de serem incluídos na lista de investigados da Procuradoria-Geral da República (PGR), no âmbito da Operação Lava-Jato, cinco dos seis parlamentares gaúchos tiveram o inquérito arquivado e não serão denunciados.
Em entrevista coletiva, Afonso Hamm, Renato Molling, Luis Carlos Heinze e Jerônimo Goergen comemoraram o arquivamento do processo e o fim das suspeitas que pairavam sobre eles. “Recebemos a notícia com serenidade, pois sempre confiamos nas instituições”, afirmou Hamm. “Nós sempre sabíamos que não devíamos nada. Agora, estamos de alma lavada e chapéu tapeado”, declarou Heinze, lembrando uma expressão tradicionalista.
Jerônimo Goergen também se disse tranquilo, mesmo com a possibilidade de abertura de um novo inquérito envolvendo seu nome. Neste caso, serão apuradas irregularidades em repasses da construtora Queiroz Galvão ao PP em 2010. A campanha do parlamentar recebeu R$ 20 mil do diretório nacional do partido, porém, segundo ele, não há envolvimento com práticas ilícitas. “Quem recebeu a doação foi o então presidente do PP, Francisco Dorneles, que distribuiu entre os candidatos pelo Brasil. O próprio Paulo Roberto Costa, que articulou o repasse, já disse que não nos conhece”, argumenta Goergen.
Único deputado do PP gaúcho que deve ser denunciado por organização criminosa pela PGR, José Otávio Germano não compareceu à coletiva. De acordo com o presidente estadual da legenda, Celso Bernardi, o tema é “pesaroso e desconfortável”. “Quem comete erros tem que pagar, porém esperamos que o deputado consiga se defender e torcemos pela inocência”, declarou.
O ex-deputado Vilson Covatti também teve o inquérito referente a ele arquivado e, segundo Bernardi, não compareceu à coletiva por estar em Brasília.
Piratini à vista
Durante a coletiva, o presidente estadual também foi questionado sobre a postura do partido nas eleições do ano que vem. Celso Bernardi ressaltou que o partido segue na base do governo Sartori, mas relatou que as bases têm sido consultadas e citou o deputado Luis Carlos Heinze, os prefeitos Guilherme Pasin (Bento Gonçalves) e Telmo Kirst (Santa Cruz do Sul) e os secretários estaduais Ernani Polo (Agricultura) e Pedro Westphalen (Transportes).
Para Bernardi, as diferenças quanto ao atual governo são pontuais, mas o PP "possui uma marca própria de gestão, eficiência e ousadia”. Garantindo que a senadora Ana Amélia deve ser candidata à reeleição, ele apontou ainda que o partido teve candidatos em quase todas as eleições estaduais desde a redemocratização. “Nunca nos faltou coragem, faltaram votos”, ironizou.