A capacidade de tráfego da BR-290 se esgotou. Esse foi o recado dado ontem, no município de Butiá, durante o lançamento da Frente Parlamentar pela Duplicação da BR-290. O movimento, encabeçado pelo deputado Luiz Fernando Mainardi (PT), quer pressionar o governo federal a repassar a verba necessária para a continuação das obras, iniciadas em 2014. O projeto envolve a duplicação de 115,7 quilômetros. Extensa, a BR-290 tem mais de 700 quilômetros e atravessa o Rio Grande do Sul de Leste a Oeste - do Litoral até Uruguaiana. Na via, em condições de receber 11 mil automóveis por dia, passam, atualmente, cerca de 20 mil.
A obra de duplicação, dividida em quatro lotes, abrange o trecho entre o Km 112,3, no entroncamento com a BR-116, em Eldorado do Sul, até o Km 228, em Pantano Grande, e requer um investimento de quase R$ 700 milhões. As obras começaram em outubro de 2014. Logo em seguida, foram paralisadas por um ano e meio, por falta de recursos, sendo retomadas em agosto de 2016, depois da liberação de cerca de R$ 75 milhões. Neste ano, no entanto, não houve novo repasse federal, e os trabalhos estão novamente parados.
Embora a Frente Parlamentar tenha sido instalada por iniciativa de Mainardi, a mobilização é anterior, liderada pela vereadora de Butiá Taila Medeiros (PSB), hoje coordenadora da Frente Regional em Defesa da Duplicação da BR-290. "Nossa preocupação é com os trechos cujos trabalhos já iniciaram. Tudo o que já foi feito vai acabar se deteriorando", argumenta a vereadora. Em outubro, os representantes do movimento serão ouvidos pela bancada federal gaúcha em Brasília. "A obra está parada, as empresas já foram embora e já houve demissões. Estamos em um momento de que tudo o que vier é lucro."
Responsável por liderar a luta em defesa da duplicação em nível federal, o deputado Giovani Cherini (PR) explica que, neste momento, a fase é de discussão de projetos e ideias. "Definiremos as prioridades da bancada no mês que vem. Já priorizamos a retomada das obras da ponte do Guaíba e da BR-116. Agora, acreditamos que é a vez da BR-290", pondera. O deputado federal Henrique Fontana (PT) também argumentou que "não é razoável" que uma obra estrutural tenha recebido, em três anos, financiamento tão baixo. "Precisa ter, no mínimo, R$ 150 milhões para alcançar um ritmo adequado", explica.
Além do tráfego intenso - a BR-290 dá acesso ao Aterro Sanitário de Minas do Leão, que recebe resíduos de mais de 100 cidades, e também à Celulose Rio-Grandense, o que resulta no trânsito de mais de 800 caminhões diariamente -, a via é conhecida pela quantidade de acidentes. Conforme a Polícia Rodoviária Federal, entre 2010 e 2016, foram 2.111, que deixaram 112 mortos e 400 feridos graves.