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Profissão

- Publicada em 14 de Setembro de 2017 às 22:33

Economistas minimizam abaixo-assinado que pede o fim da exigência de diploma

Entre os idealizadores do abaixo-assinado estão Marcos Lisboa, presidente do Insper

Entre os idealizadores do abaixo-assinado estão Marcos Lisboa, presidente do Insper


INSPER/DIVULGAÇÃO/JC
Tratado com certa reserva por economistas do Estado, o abaixo-assinado que circula na internet e nas redes sociais pedindo o fim da exigência de diploma para exercer a atividade de economista parece estar fadado a não prosperar. E também há quem diga que é fruto apenas de uma estratégia para divulgar alguns dos nomes que encabeçam o movimento.
Tratado com certa reserva por economistas do Estado, o abaixo-assinado que circula na internet e nas redes sociais pedindo o fim da exigência de diploma para exercer a atividade de economista parece estar fadado a não prosperar. E também há quem diga que é fruto apenas de uma estratégia para divulgar alguns dos nomes que encabeçam o movimento.
Hoje, além de ter o diploma, para poder se intitular economista e atuar em cargos restritos a profissionais da área é preciso estar credenciado ao Conselho Regional de Economia (Corecon) e pagar taxa anual de cerca de R$ 500,00. Sem a vinculação com os conselhos, o profissional é considerado apenas bacharel em Ciências Econômicas - da mesma forma que um bacharel em Direito só se torna advogado após a aprovação na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Entre os idealizadores do abaixo-assinado estão Marcos Lisboa, presidente do Insper, e o doutor em economia Adolfo Sachsida. O argumento do grupo é, basicamente, que há contradição entre o pensamento econômico e a exigência de diploma e o vínculo aos Corecons. Para o grupo, isso seria equivalente a reserva de mercado - e não livre concorrência. O grupo afirma que a exigência de certificações para exercício da profissão se justifica apenas em casos como de Medicina, Direito e Engenharia, cujos atos errados teriam impacto maior ou até mesmo mortal na vida das pessoas.
Presidente do Corecon-RS, Clovis Meurer usa do mesmo argumento do grupo que assina o manifesto para defender o atual formato legal da profissão de economia, cuja legislação é de 1951. Para ele, guardadas as devidas proporções, assim como um charlatão na área da saúde pode por fim à vida de uma pessoa física, que atuam como economista, sem a devida formação e fiscalização, pode matar pessoas jurídicas. "Cálculos e custos mal feitos e projeções erradas podem levar uma empresa à falência e ao seu fechamento, levando junto ao desemprego de centenas de pessoas. E um plano orçamentário mal feito em um município, por exemplo, tem impacto direto na vida de uma comunidade inteira", pondera.
Para o economista Alfredo Meneghetti Neto, também defensor da exigência do diploma, um profissional sem a devida formação e que venha a atuar como consultor de investimentos, por exemplo, poderá afetar drasticamente o patrimônio de um cliente ao tomar por ações erradas. "Para tomar um série de decisões é que estudamos entre outros temas, macroeconomia e microeconomia. O impacto que pode ter o trabalhado de um consultor financeiro que tomar uma decisão errada sobre o orçamento uma família é uma das razões pelas quais defendo a formação e o diploma de economia", diz Meneghetti.
Presidente do Conselho Federal de Economia, Júlio Miragaya minimiza o movimento e avalia ser um ato isolado de um pequeno grupo para chamar a atenção para si mesmo - mais do que para uma causa concreta. Miragaya diz que a baixa adesão ao movimento é uma boa mostra da pouca representatividade do manifesto. "De 90 mil economistas, há menos de 500 assinaturas no abaixo-assinado, isso é menos de 1% do número de economistas registrados no País. E sem contar que muitos assinam na onda das redes, sem sequer entender muito bem o que está sendo proposto", argumenta presidente do Cofecon.
Miragay, porém, considera positiva uma das propostas do grupo: mestres e doutores em economia, mesmo tendo graduação em outras áreas, também poderiam ser considerados economistas. Mas, nesse caso, diz o presidente do conselho federal, ele tem sido voto vencido nesta mesma proposição.

Trechos do manifesto

"Em meio a grave crise dos últimos anos, crescentemente discute-se a necessidade de rever privilégios e restrições à concorrência. Muitos de nós, economistas, temos enfatizado o papel desempenhado pela outorga de monopólios para a nossa elevada desigualdade, assim como a baixa produtividade e renda por habitante. O exemplo começa em casa e achamos que está mais do que na hora de rever a reserva de mercado que restringe o exercício da nossa profissão." 
"Muitos fizeram outros cursos, como engenharia, e depois estudaram economia na pós-graduação. Outros, como Mario Henrique Simonsen, aprenderam economia por conta própria e realizaram contribuições decisivas para a profissão. Simonsen, por exemplo, foi obrigado a fazer uma faculdade para exercer o ofício, ainda que já tivesse publicado trabalhos importantes na área, inclusive livros-texto para cursos de microeconomia."