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Corrupção

- Publicada em 14 de Setembro de 2017 às 17:52

Bancos não temem calote da JBS com prisões

Joesley foi conduzido por agentes da Polícia Federal para presídio de Brasília no início desta semana

Joesley foi conduzido por agentes da Polícia Federal para presídio de Brasília no início desta semana


/NELSON ALMEIDA/AFP/JC
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou que as prisões dos irmãos Joesley e Wesley Batista nesta semana não impactam o risco da JBS para os bancos. O relacionamento das instituições financeiras, conforme o executivo, é com a empresa e não com as pessoas físicas e, por isso, não se faz necessário, neste momento, o reforço nas provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs. "Os bancos prorrogaram mais de 90% do crédito de curto prazo da empresa."
O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou que as prisões dos irmãos Joesley e Wesley Batista nesta semana não impactam o risco da JBS para os bancos. O relacionamento das instituições financeiras, conforme o executivo, é com a empresa e não com as pessoas físicas e, por isso, não se faz necessário, neste momento, o reforço nas provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs. "Os bancos prorrogaram mais de 90% do crédito de curto prazo da empresa."
Trabuco explicou que as prisões não acimentam o risco da JBS, porque a renegociação de dívidas da empresa foi feita com base em aumento de garantias. Sobre eventual impacto da delação no acordo de leniência fechado pela holding J&F, o executivo disse que não tinha condições de comentar.
Recentemente, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Santander, HSBC, Citi e outros bancos estrangeiros acordaram em empurrar a dívida de R$ 17 bilhões da JBS por 24 meses.
Em troca, essas instituições exigiram que 80% dos recursos obtidos com a venda de ativos da holding J&F fossem destinados para abater os débitos dessas empresas com os bancos. O Itaú Unibanco, com exposição de cerca de R$ 1,5 bilhão, foi o único que ficou de fora do acordão e optou por um acerto individual.
Já o vice-presidente do Banco do Brasil, Alberto Monteiro, afirmou que o acordo de renegociação de dívida da JBS, feito recentemente, está mantido a despeito das prisões dos irmãos Batista. O BB foi um dos bancos que concordou em repactuar R$ 17 bilhões em créditos de curto prazo por 24 meses, entretanto, o executivo não deu mais detalhes sobre se a operação estaria em risco ou se novas provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, poderiam ser feitas, para acomodar uma elevação de risco por parte da empresa.
Sobre o cenário atual, com várias empresas acessando o mercado externo para captar recursos, Monteiro reafirmou que o momento é favorável à operações no exterior, mas que o martelo ainda não foi batido. "O momento está mais adequado para emissões externas e estamos monitorando o mercado. A volta do BB depende de uma janela, a qual estamos olhando", afirmou Monteiro.
O executivo disse ainda que a retomada de desembolsos de créditos novos está em linha com a expectativa do BB para o segundo semestre, que era de melhoria em relação à primeira metade de 2017. "A retomada do crédito está sendo lenta e gradual como prevíamos. Não teremos um pico nos desembolsos, mas já estamos vendo crescimento", acrescentou.
Mesmo confiantes, os bancos credores querem uma troca rápida e definitiva na presidência da JBS, após a prisão de Wesley Batista nesta quarta-feira. Se isso ocorrer, os Batistas poderão deixar o comando do império que construíram. Seria a primeira vez desde a fundação, em 1953, que a família não estaria à frente de decisões estratégicas.
Segundo executivos dos bancos, a presença dos irmãos, que já era vista com restrição, passou a ser interpretada como um risco para um bom desfecho da venda de empresas do grupo, depois que a Polícia Federal prendeu Wesley alegando que o executivo poderia fugir do País.
A venda dos ativos é prioridade para os bancos, porque se tornou a principal garantia de que a JBS vai honrar a renegociação de cerca de R$ 20 bilhões em dívidas feita no mês passado. Até agora a empresa tem pago seus compromissos.
A reestruturação do grupo vinha tranquilizando os credores. Nas últimas semanas, a J&F, holding dos negócios da família, encontrou compradores a bons preços para Alpargatas, Vigor e Eldorado, o que ajudaria a levantar até R$ 14 bilhões nos próximos meses.

Bndes quer trocar conselheiros e influenciar na gestão da empresa

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), Paulo Rabello de Castro, afirmou que o interesse da instituição de fomento no frigorífico JBS é "estabelecer uma governança profissional". Para isso, ele disse que irá trocar dois dos conselheiros da empresa ligados ao banco.
O Bndes tem direito a dois assentos no conselho de administração da companhia e a alteração tem por objetivo ampliar a influência sobre as futuras decisões da empresa. Dentre elas, será o conselho de administração da empresa que tomará a decisão sobre a sucessão do presidente da JBS, Wesley Batista, preso preventivamente na última quarta-feira, depois de o irmão Joesley também ser preso.
"Temos direito a dois assentos no conselho. Neste momento estamos alterando os dois nomes que são nossos. Queremos, sim, influir nos outros dois nomes que constituem os conselheiros independentes, que eventualmente podem ser trocados. Eventualmente, queremos influir indiretamente na escolha da diretoria financeira da empresa", afirmou Rabello, após participar de seminário promovido pela Associação Brasileira de Consultores de Engenharia (ABCE), no Rio.
Após aportes bilionários durante os governos do PT, para apoiar a internacionalização da JBS, o Bndes ficou com uma participação de 21,3% da companhia. Em agosto, o banco pediu uma assembleia de acionistas para tirar a família Batista da administração do frigorífico.

Companhia diz ter diversos nomes para substituir Wesley

Empresário está preso por suspeita de manipular mercado financeiro

Empresário está preso por suspeita de manipular mercado financeiro


/RAFAEL ARBEX/AE/JC
O gerente de Relações com Investidores da JBS, André Menezes, disse que a empresa ainda não tem uma definição sobre a possibilidade de substituição de Wesley Batista na presidência da companhia, após a prisão preventiva do executivo, que comanda a empresa desde 2011, e é investigado sobre manipulação do mercado financeiro.
"A gente no momento está mais aguardando o desenvolvimento dos fatos, o que pode acontecer daqui para frente. Acho que um dos grandes destaques da JBS é que, ao longo desses anos todos, a gente conseguiu montar um time de executivos que lideram os negócios da companhia, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, bastante bom, e o Wesley teve um papel fundamental nisso", disse Menezes.
Questionado sobre os executivos cotados para substituir Wesley, ele não revelou nomes. "Independentemente de quem seja essa pessoa, se é que a gente vai precisar substitui-lo, temos diversas possibilidades, diversos nomes de pessoas, de diretores, de executivos que, como eu falei, lideram os negócios e que têm experiência em grandes empresas de capital aberto e fechado."
Menezes disse, ainda, que, mesmo na reunião de quarta-feira do Conselho da JBS, "não houve definição" sobre o tema. "A reunião foi mais para atualizar todo mundo, colocar todo mundo na mesma página, e aí no futuro a gente vê quem seria essa pessoa", assinalou Menezes.